quarta-feira, 11 de maio de 2022

Estrada Real - Caminho dos Diamantes - 14ª etapa - De Mariana a Ouro Preto - 05/04/2022

Mariana a Ouro Preto - 05/04/2022

Saímos do hotel logo após as 9 horas da manhã, cruzamos a ponte sobre o Rio do Carmo, seguimos pela Rua do Catete e seu prolongamento, a Avenida Nossa Senhora do Carmo. Despedimo-nos de Mariana iniciando a subida pela Rodovia dos Inconfidentes. 

O trecho hoje seria de aclive constante até Ouro Preto e a intenção era visitar a Mina de Ouro da Passagem com tempo e tranquilidade. Trata-se, segundo consta, de uma das maiores minas do mundo possíveis de serem visitadas.

O custo do ingresso é de R$180,00 por pessoa e a visita é guiada. Maiores de 60 anos pagam meia entrada ou R$90,00. As bicicletas deixamos na área onde se encontra o motor que traciona o trolley ou carrinho assentado sobre trilhos usado para descer ao interior da mina: 


Os locais para sentar são apertadíssimos, de madeira e ferro, muito incômodos. Pelo valor que cobram a visita, poderiam colocar bancos mais confortáveis...
Na área da entrada da mina ainda há um pequeno museu, loja de artesanato e estrutura para mergulho: 


Ao lado está um grande vale recoberto por densa floresta: 
E lá vamos nós montanha abaixo: 

A descida se estende por 315 metros: 
Termina quando se chega ao nível do lençol freático, que inundou toda a área daquele ponto para baixo. A profundidade nesse local é de 120 metros. A mina possui 9 níveis sobrepostos. Atualmente, apenas 3 deles estão acima da água, que inundou os 6 níveis mais baixos. Amplos salões entremeados por grossas colunas que sustentam o teto se espalham por todos os lados. 
 



O nome da mina faz referência à extensão de túneis subterrâneos, que chegam a 15 km na direção de Mariana. O início da prospecção se deu em 1719 e pertencia ao governo português. Em 1827 foi transferida para a Inglaterra em pagamento de dívidas e explorada por um século. A partir de 1927 uma família brasileira foi proprietária. Os trabalhadores da mina tinham vida curta. Os escravos chegavam no máximo a 15 anos de vida e os empregados remunerados aos 20 anos. Eles tinham que descer toda aquela extensão que percorremos no carrinho, enveredar pelos túneis e tinham cota de 200 gramas de ouro por dia. Não podiam voltar se não atingissem a cota. E o carrinho só era utilizado para transportar o minério, as pessoas tinham que subir e descer a pé. Crianças eram utilizadas para se chegar a locais onde corpos de adultos não conseguiriam entrar e só eram retiradas ao atingir a cota. 

Rejeitos da mineração às vezes eram empilhados, ao invés de serem levados para fora. Quem fazia isso eram os doentes do pulmão, que não tinham condição física para escavar. Diziam que era descanso. Daí a expressão "enquanto descansam, carregam pedras": 

Nos corredores o minério era transportado em carrinhos sobre trilhos, mas não tinham tração. Eram empurrados manualmente até aquela rampa principal por onde entramos. A iluminação era feita por tochas embebidas em óleo de baleia ou carbureto. Os turnos de trabalho eram de 6 horas e 1450 pessoas por turno. Pássaros eram levados para o interior da mina para indicar se o nível de oxigênio estava bom. Quando estes começavam a morrer era porque o oxigênio estava acabando no local ou havia disseminação de gás, então os trabalhadores tinham que sair correndo para tentar salvar as próprias vidas. Em 1976 consta o único registro de acidente na mina, quando uma tromba d'água inundou galerias e matou 18 pessoas. A mina funcionou para extração até 1985, quando se decidiu mantê-la apenas para visitação.

Com a inundação pelo lençol freático, lindíssimos lagos de águas límpidas se formaram e são utilizados para mergulho, autorizados somente a pessoas treinadas e mediante agendamento: 








Finda a visita, de volta ao carrinho para a subida: 

Nossa guia Larissa, muito gentil e atenciosa, que nos deu todas as informações acima: 
A visita é inesquecível, seja pelo mergulho ao interior da terra, com toda aquela imensidão escavada durante quase dois séculos, seja pelo número inimaginável de vidas perdidas, trocadas por 35 toneladas de ouro. Hora de partir: 
Pedalando devagar em ascensão, uma hora depois de sairmos da mina, estávamos chegando a Ouro Preto. Passamos pelo Chafariz das Águas Férreas e, depois, já bem no alto, visualizamos e registramos parte da bela cidade:

Foi bem difícil achar o nosso local de hospedagem. Seguir a orientação do Google Maps é sempre problemático e acabamos sendo direcionados para ladeiras muito íngremes, que não teríamos que percorrer se conhecêssemos a cidade. Numa dessas, encontramos o Vitório, o "Tôemcasa_Amelinha", que também fazia a Estrada Real na sua kombi preparada: 
Ele está percorrendo a Estrada Real de uma forma bem singular: faz paradas em todas as localidades, fica alguns dias e publica muitas fotos no Instagram. Depois de um bom papo, quando o deixamos, passamos pela igreja de São Francisco de Paula: 

Nós aproveitamos a tarde para passear a pé por Ouro Preto. Visitamos o Museu da Inconfidência: 

Passeamos pela praça principal com seus prédios históricos: 



Passamos pela Cruz da Ponte dos Contos e pela Casa dos Contos, que chegou a ser prisão de inconfidentes: 

Ruas do centro, com seu casario estiloso, tombado pelo patrimônio histórico: 

Pernoitamos no Hostel Varanda, a R$154,80 o casal, com direito ao café da manhã. Nossas bicicletas ficaram na sala de café e, como o hostel fica no 1º andar, tiveram que ser carregadas escada acima. Endereço: rua São José, 183 - telefone: 31-3551-1562. Contato: Lilian. Construção antiga, janela ampla no quarto espaçoso, com armários e banheiro apertadinho, compartilhado. Colchão pouco firme, resiste de forma desigual ao corpo. 
Distância percorrida no dia: 13,2 km. 

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