sexta-feira, 29 de abril de 2022

Estrada Real - Caminho dos Diamantes - 9a. etapa - De Barão de Cocais ao Santuário do Caraça - 29/03/2022

Voltamos em 2022 ao Caminho dos Diamantes, para concluí-lo, uma vez que não pudemos fazê-lo em 2015, em função do desastre de Bento Rodrigues. Naquele ano finalizamos em Catas Altas e por diversas razões, especialmente a pandemia de Covid, não tivemos condições de retornar antes para terminá-lo. A última etapa percorrida naquele ano está registrada neste blog, em 10/01/2016.

Marcamos o reinício a partir de Barão de Cocais porque pretendíamos visitar novamente o Santuário do Caraça, desta vez de bicicleta e porque temos lá um amigo com muito conhecimento sobre a região e que nos ofereceu todo o suporte e orientação para a empreitada.

É o Renato, que em 2015 nos transportou de van ao Santuário do Caraça e a Belo Horizonte, cuja ajuda nos propiciou montar a logística de vir de Ribeirão Preto, onde moramos, a Barão de Cocais, trazendo as bicicletas e, por generosidade sua, deixar nosso carro sob seus cuidados, enquanto pedalávamos. A intenção era emendar o Caminho Velho em sequência e, ao final do percurso, voltaríamos de ônibus a Barão de Cocais, para apanhar o carro, ir buscar as bicicletas em Parati e voltar para casa.

Fomos gentil e calorosamente recebidos pelo Renato e sua família, no dia 28/03/2022. 

Pernoitamos no Hotel Impar Suítes, instalado em um bairro novo da cidade, um quarto bem amplo, limpo, arejado e confortável. Estranhamos alguns comportamentos do pessoal do hotel, tais como não permitir a utilização das mesas do refeitório para consumir o jantar, que é oferecido através de pratos congelados, com micro-ondas à disposição. O motivo é que "as mesas já foram higienizadas para o café da manhã". E informação do tipo: "se saírem à noite, caso o estacionamento esteja lotado, o carro tem que ser deixado na rua". Custo por casal: R$265,00.

A nossa opção, neste retorno à Estrada Real, seria de percorrermos trechos mais curtos, com uma média diária de 30 km, para aproveitarmos ao máximo os atrativos que o caminho oferece, agregar conhecimento observando ao vivo documentos, prédios e locais que vivenciaram a história, sem pressa e registrar cada momento para reavivar a memória sempre que desejássemos.


1º dia: Barão de Cocais ao Santuário do Caraça - 29/03/2022.

Às 8:13 h estávamos prontos para partir e nos despedimos do Renato, esposa Kátia e filha Tainara: 

Saímos do bairro em meio à densa vegetação, através das ruas calçadas com placas sextavadas de concreto, chegando à estrada. Tomamos a direção de Brumal, seguindo pelo acostamento asfaltado da MG-129, com tráfego intenso, inclusive de caminhões pesados, muito perigoso.

Um pouco à frente, encontramos o primeiro marco da Estrada Real, indicando-nos que estávamos no caminho certo: 
Prosseguimos pelo acostamento, o mais afastado possível do leito carroçável, passando às margens do povoado de Barra Feliz, cruzando a ponte do rio Santa Bárbara e seguindo até encontrar a saída para o Santuário do Caraça: 
A estrada para o Caraça é muito boa, porém não tem acostamento. Pedalamos ao largo de Brumal, enfrentando, no primeiro trecho, tráfego de caminhões pesados. Logo fomos alcançados por um "speedeiro" de nome Fabio, que nos acompanhou até à portaria do Santuário. Disse-nos que o tráfego pesado acabaria depois da ponte, o que de fato aconteceu, assim que cruzamos o rio Caraça. Fabio e sua Orbea, de 6 kg de peso, flutuava pelo asfalto liso, enquanto batíamos um papo. Chegando à portaria, retornou, porque teria que pagar para ingressar na área do Santuário. 




Prosseguimos pela impecável estrada, em meio à exuberante vegetação, quase sem trânsito, morro acima. São 12 km de aclive, alguns trechos bem acentuado: 



Já no alto do morro há um mirante onde você avista pela primeira vez a sede do santuário: 
A partir desse topo, então, há uma descida vertiginosa, no final da qual há uma construção chamada "Casa da Ponte" e a ponte propriamente dita, estreita, pela qual pode passar apenas um veículo de cada vez. Chegou? Não! Ainda há 600 penosos metros de aclive até a recepção. E então o Santuário se descortina com todo o seu esplendor diante dos nossos olhos maravilhados: 
Fomos instalados em um quarto da ala localizada à esquerda de quem olha de frente para a igreja, próximo à entrada para o refeitório, que fica no andar superior. É antigo, porém espaçoso e limpo. Teremos 2 dias completos para visitar atrativos locais, que são muitos, tais como cachoeiras, cursos e reservatórios de água, mirantes sobre florestas, igrejas, trilhas ecológicas e coisas do gênero. Como se sabe, trata-se de uma Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN, muito bem conservada, com área de 12.400 hectares, que é visitada frequentemente por grupos de estudiosos naturalistas de várias partes do mundo. E há o detalhe da visita noturna do lobo guará, que vem à procura dos alimentos que diariamente são deixados no átrio da igreja à sua disposição. O Café da manhã é abrilhantado todos os dias pelas visitas de lindos canários e outros passarinhos, atrás das migalhas que sempre sobram. Houve um dia que até um enorme jacu assentou-se na janela de olho nos alimentos. Porém, as funcionárias o espantaram, porque disseram que ele faz muita sujeira. A diária, com pensão completa, para o casal, é de R$546,00. 
Pedal do dia: 28 km.