sábado, 23 de julho de 2022

Estrada Real - Caminho Velho - Carrancas a Cruzília - 18/04/2022 - 11ª etapa

Carrancas/Fazenda Traituba/Vista Alegre/Cruzília

Há um marco da ER em frente à igreja de Carrancas, mas não localizei indicação da direção a tomar. Perguntando a moradores vimos que a saída era pela rua lateral esquerda da igreja, para quem está de frente a ela.
Como a pousada em que passamos a noite não oferece café da manhã, tivemos que procurar uma padaria. Lá encontramos o Bruno, também cicloturista, de Volta Redonda, que havia vindo de bicicleta daquela cidade e ia voltar. 
Depois do café, partimos, subindo pelo calçamento e, logo que terminam as últimas casas da cidade, já começa a estrada de terra. O dia seria parco de atrações e fizemos poucos registros fotográficos. Após 30 minutos de pedal esta foi a primeira foto, com vegetação alta e alguma sombra:
Encontra-se todo tipo de estrada neste trecho: cascalhada com pedras soltas, onduladas, com as famosas costelas de vaca muito acentuadas, chão áspero de terra batida e também trechos bons, lisos, fáceis de pedalar. São relativamente largas em todo o trecho, sem trilhas. Exatamente 30 minutos depois da primeira, fizemos a segunda foto, já com vegetação rasteira e sem sombra:
Alguns mata burros longitudinais e outros transversais muito bons, com os suportes de ferro mais próximos um do outro, bem largos, facilitando a passagem da bicicleta. O fato mais curioso ocorrido neste trecho, foi que, por volta de 10 e meia, ao chegarmos em um mata burro, encontramos boiadeiros que estavam tentando fazer com que o gado entrasse em uma porteira lateral. Estavam tendo dificuldade, porque os animais, ao serem pressionados, tendiam a ir para o mata burro. Pediram-nos que ficássemos parados em frente, para que o gado sentisse que não deveria ir para aquele lado. Meio receosos, ficamos ali, parados, enquanto as vacas nos olhavam desconfiadas. 
No fim, depois de muito trabalho dos condutores, acabou dando certo e elas entraram onde eles queriam. 

O caminho estava monótono e observamos que há muito menos trechos que atravessam ou ladeiam fragmentos de florestas. Pedala-se ao sol, mas, em contra partida, amplia-se a visão lateral, permitindo visualização da paisagem até o horizonte. 

Praticamente todos os dias, sempre encontramos uma "janela do céu": 
Cerca de vinte minutos antes de chegarmos à Fazenda Traituba, passamos por uma propriedade, onde há uma igreja dedicada a Nossa Senhora Aparecida e uma grande imagem representando-a: 
Talvez a maior atração deste trecho seja a Fazenda Traituba que, no entanto, está em reforma e fechada à visitação. Foi construída magnificamente, por volta de 1830, com elegantes pórticos nas duas laterais e na parte frontal do muro que circunda a área da entrada principal. Diz-se que a sede da fazenda foi construída para hospedar D. Pedro I, que visitaria a região, o que acabou não acontecendo. A principal produção da fazenda foi, durante muito tempo, o cavalo manga larga marchador, que tem origem na região. Cruzília abriga, inclusive, um Museu Nacional do Cavalo Manga Larga Marchador.
Não se consegue atualmente nem ao menos se aproximar para fotografar, tudo trancado e amarrado com arame. Assim, por não ter onde comer ou dormir, o viajante da ER é obrigado a percorrer os mais de 60 km que separam Carrancas de Cruzília, distância que praticamente inviabiliza o percurso a pé. 
Causa desapontamento e é lamentável que não parece haver nenhum esforço dos responsáveis pelo caminho, no sentido de conseguir viabilizar um local para pouso e alimentação do viajante.
Entretanto, há um restaurante em Vista Alegre, mais à frente, bem simples, que serve prato feito a R$20,00 por pessoa. O site da ER diz que se pode dormir lá. Não verificamos. 
De Traituba a Cruzília, há muitos trechos planos e três subidas mais íngremes e longas. O restante é formado por aqueles sobes e desces de pequenas elevações. 
São sempre bonitas de se ver as plantações, para nós que moramos na cidade e geralmente conhecemos apenas o produto final. Esta é de abóbora: 
Uma gigantesca carvoaria, com 80 fornos, ajuda a entender a grande quantidade de eucaliptais que se encontra hoje em dia pelo interior a fora: 
A multiplicidade de estradas na região exigiu a colocação de uma grande quantidade de totens pela ER. Não tivemos problemas de orientação. Na foto os marcos 1066 e 1067: 
A parte final do trecho tem cerca de 3 km de asfalto. Nossos odômetros assinalaram hoje distância total percorrida de 68,2 km. 
Passamos a noite no Hotel Central, localizado, como diz o próprio nome, no centro da cidade, ao lado da igreja matriz. Muito bom atendimento, quarto limpo e café bem simples. Endereço: Praça Capitão Maciel, nº 20. Telefone: 35-3346-1257. Diária por casal de R$ 140,00.

quinta-feira, 21 de julho de 2022

Estrada Real - Caminho Velho - Caquende a Carrancas - 17/04/2022 - 10ª etapa

Caquende/Capela do Saco/Carrancas

Registros da bela pousada "Rancho do Arrudão". Trata-se de um lugar lindo, limpo, bem arrumado, preparado pelo Arrudão e esposa para os viajantes da ER, aos quais o proprietário oferece todo o suporte eventualmente necessário: 



Na foto a seguir, o casal junto com nosso grupo: 
Nessa ocasião a pousada não ofereceu café da manhã. Os proprietários justificaram com compromissos assumidos anteriormente e haviam-nos avisado antecipadamente. Por isso, na véspera, havíamos comprado pão, queijo, presunto, suco e frutas no comércio local. Preparamos lanches para levar no caminho, tomamos o nosso café e nos preparamos para a partida. O Arrudão, gentilmente, nos levaria à outra margem da represa, em Capela do Saco, uma vez que o serviço de balsas no local estava suspenso pela Marinha do Brasil, em razão de não haver condutor oficialmente habilitado. A saída foi efetuada pelos fundos da pousada, que se estende até o lago. Partimos após serem ajeitadas as quatro bicicletas e todos tomarmos assento no barco: 


O vídeo de nossa passagem por Caquende, gravado pelo Arrudão, pode ser visto no You Tube no endereço abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=XQz4c5Ert2k

O belíssimo lago que atravessamos é uma ponta da represa de Camargos, da Cemig, construída sobre o Rio Grande, em Itutinga-MG. Após aportarmos do outro lado, em Capela do Saco, subimos pela rua principal do povoado e registramos a igreja principal, que estava em reforma: 

Após sairmos da cidade, já na estrada de terra, que prosseguia em aclive, fotografamos um eucaliptal através do qual se podia ver o azul da represa: 

Dez minutos depois pedalávamos numa boa estrada através de um milharal exuberante: 
As estradas lisas, geralmente cascalhadas, largas, boas para pedalar foram a tônica do dia: 
Não haviam árvores sombreando a estrada, então os totens estavam sempre bem visíveis: 

Quase não havia tráfego de veículos, por isso seguíamos com tranquilidade, desfrutando o pedal, mesmo enfrentando o intenso sol matinal: 


Por volta de 10 e meia da manhã paramos defronte umas edificações, identificadas no Google como Centro Comunitário de Verrugas, para comer nosso lanche à sombra de uma árvore. O local estava vazio e com aspecto de abandono: 
A estrada, à frente, era margeada por uma vegetação mais consistente, embora ainda não oferecesse sombra. O que chamava a atenção eram os vários pés de quaresmeira, embora a poeira tirasse um pouco o brilho das belas flores: 
 
Por um efêmero momento, usufruímos da sombra de um eucaliptal, para logo  depois continuar sob o sol inclemente: 
 
Um click perfeito, providencialmente efetuado no momento exato em que a silhueta da bicicleta se recorta completamente sobre o azul do céu: 
Meio dia e meia, parada estratégica para hidratação. Um rego de água, canalizado sob a estrada, nos oferecia uma revigorante água fresca, vinda de uma das muitas nascentes que a generosa serra disponibiliza: 
Vinte minutos mais tarde, ainda estávamos subindo a serra de Carrancas com sua vegetação característica: 
 
Um som suave de água caindo sobre água chegava aos nossos ouvidos, mas não avistávamos o quê o estava provocando. Adentrei o mato à direita e bem pertinho encontrei um pequeno riacho, que escorria entre as pedras, formando pocinhos que eram um convite à refrescância: 



O espigão da serra estava ali, bem ao nosso lado: 

Assim, olhando para frente, continuávamos subindo: 
Por volta de 13:30 h chegamos ao alto da serra e uma espécie de mirante nos oferecia ampla visão da paisagem: 


Como tudo que sobe, em algum momento desce, no marco 1023 da ER começa o declive: 
Consta a existência de uma cachoeira neste trecho da ER, chamada "da Fábrica", porém não a encontramos, nem mesmo sinalização dela. 
O último registro antes de chegarmos a Carrancas, mostra ainda uma estrada muito boa para o pedal: 
Finalizamos às 14:55 h. Foram 28,5 km de muito sol, parte dos quais subindo a íngreme Serra de Carrancas. Tudo compensado, entretanto, pelas belas paisagens e visões muito peculiares daquele atrativo interior mineiro. 
O carimbo no passaporte é obtido no CAT (Centro de Atendimento ao Turista), à rua Padre Toledo Taques, nº 235, Centro - telefone 35-3327-1107. 
Hospedamo-nos na Pousada da Inês, que fica no final de uma rua sem saída, existente defronte ao Bar Recanto, localizado à Avenida Coronel Rozendo, nº 55, Centro. Há, no início da rua da pousada, uma placa que indica "Bar da Bel". O custo foi de R$ 120,00, incluindo roupa lavada, sem café da manhã, entretanto.
O jantar foi no Restaurante Ratatuille, na praça central, onde desfrutamos de deliciosos arroz, feijão, farofa, macarrão, salada, carne de panela e costelinha de porco, ao preço de R$ 25,00 por pessoa. O papo no local, após o jantar, com os outros frequentadores e o dono, foi uma das coisas mais gratificantes de todo o caminho. Uma conversa muito alegre, agradável, resultando em muitas gargalhadas e diversão. Como diz aquela propaganda, não há dinheiro que pague...