terça-feira, 18 de agosto de 2015

Circuito de Analândia - Posto Castelo (São Carlos)/Analândia/Posto Castelo - 16/08/2015

Domingo, 16 de agosto de 2015.
Levantamos, tomamos café e partimos para São Carlos.
As bicicletas já estavam arrumadas na caçamba da camionete, de véspera.
Nós tínhamos jogado fora nossas caramanholas velhas, porque já estavam manchadas e não tinham mais um bom aspecto. E nos esquecemos de comprar novas. Teríamos que levar água nas garrafinhas plásticas em que são vendidas, carregadas nos bolsos das blusas. Três cada um, para garantir que não ia faltar.
Quando chegamos ao Posto Castelo, nossos companheiros de pedal já estavam lá nos esperando.
Descarregamos as bicicletas, fizemos os últimos ajustes, fomos ao banheiro, compramos água e partimos.
As informações passadas pelo Marcelo Piveta davam conta que a saída era do outro lado da estrada, bem em frente ao Posto Castelo. Assim, atravessamos a pista e íamos começar pela estradinha que se inicia bem na frente do posto, mas como havia um casal ali, pela força do hábito, perguntamos:
- É a estrada para Analândia?
E a resposta veio rápida:
- Não, não é esta, é aquela lá!
E apontou para outra estrada que começava logo adiante. Puxa! Ainda bem que perguntamos! Agradecemos, movemo-nos para lá e antes de sair, batemos as primeiras fotos, para assinalar que a saída é em frente ao Motel Maxim's e não em frente ao Posto Castelo:

Lamentavelmente o ponto de saída fica em meio ao lixo. Normalmente eu não postaria estas fotos, mas não havia como isolar os resíduos para não aparecerem e ainda assim mostrar o caminho. Vai aí deste jeito, até como forma de protesto, pelo descaso de nosso povo com as boas regras da educação.
A estrada começa plana, mas não se enganem. Os primeiros cinco quilômetros são de subidas. E os três seguintes, continuamos subindo, embora com menores declividades. E depois o caminho continua alternando trechos planos com descidas e subidas, mas não nos livramos delas, por enquanto.
A foto mostra o terreno, é a antiga estrada que liga São Carlos a Analândia: terra batida com pedras e cascalhos e em muitos trechos, com aquelas ondulações formadas pelo escorrimento da água das chuvas, conhecidas como "costelas". A gente termina o dia mais chacoalhado que bebê, quando não quer dormir. A casinha do João-de-Barro é um detalhe para enfeitar a pose:
Nas sombras de dois grandes fícus, a primeira paradinha para hidratação:
E logo surge a primeira visão do famoso "Cuscuzeiro", um dos dois morros que fazem o sucesso do lugar. Mas nossa companheira de viagem alerta:
- Podem esperar que nós vamos passar bem pertinho dele.
Mesmo assim, registramos. Uma foto com as bicicletas e outra por cima da cerca:

Neste ponto, já estávamos na fase descendente do caminho. Aí era só soltar o freio e deixar descer...
Logo adiante uma bela visão do segundo morro, chamado "Camelo". Olhando para esta foto, daria até para dizer a frase famosa atribuída à esfinge, dirigida ao tebano Édipo: "decifra-me ou devoro-te"! Mas nós não precisamos lutar para preservar a vida, como Édipo, apenas curtimos a maravilhosa imagem que a natureza generosamente nos legou:
Mais quatro minutinhos adiante e já pudemos colher a imagem dos dois morros juntos, realmente encantadora, aparecendo lá no fundo parte da cidade de Analândia:
Era minha primeira vez neste caminho e vi que há muito movimento de ciclistas. Nós nos encontramos com muitos outros percorrendo o "circuito". Que eu me lembre, foram pelo menos quatro grupos distintos, dois deles com 10 ou mais componentes. Vi também duas pessoas escalando o morro do "Camelo" e então me passaram pela cabeça as seguintes ideias:
Por que não proteger esses morros, avaliando-se por meio de pessoas abalizadas a possibilidade de acesso, para evitar que sejam depredados ou que a presença humana possa causar distúrbios ao meio e se corra o risco de ver destruídos estes dois ícones naturais. Se for o caso, que se cerque os morros para que sejam preservados e utilizados como atrações turísticas que são.
Ora, os ciclistas são amantes da natureza e para incrementar o caminho, a Prefeitura, que já recebe verbas extras do Estado por conta de ser uma das 12 cidades paulistas consideradas Estância Climática, poderia melhorar o leito carroçável da estrada, mantendo-o sempre liso e livre de areia e propagar nos meios de comunicação a existência da "ciclovia", oferecendo como atração a visão destas duas formações, tão especiais e sem similares. Com o incremento do turismo, mais pessoas visitando a região, haveriam inegáveis benefícios tais como aumento do consumo no comércio local e estabelecimento de serviços para dar suporte ao caminho, com geração de empregos e progresso. Quem sabe até, "montar" um circuito a exemplo de tantos outros que existem Brasil afora, passando por todas as atrações que a região prodigamente oferece, como cachoeiras, restaurantes rurais, natureza pródiga e outros a se pensar. Há bem próxima a cidade de Brotas e outras que já têm um turismo arraigado e os prefeitos poderiam se unir e estudar a ideia. Fica como sugestão.
Descendo mais um pouco, damos de frente com o morro do "Camelo", ficando em segundo plano o "Cuscuzeiro". Mas é impressionante como a primeira parte do "Camelo" lembra realmente uma efígie, com duas sobrancelhas, dois olhos, nariz, boca e queixo. Parece até que foi trabalhada à mão!
Continuamos descendo e encontramos mais uma atração do local: um acampamento que oferece vários tipos de atividades ligadas à natureza, contando também com restaurante. (Mais um motivo a acrescentar na ideia do circuito...)
No meu odômetro, com 24,5 km chegamos à entrada da cidade de Analândia. Mas nosso objetivo era ir até a cachoeira do Escorrega, onde tivemos informação de que há um bom almoço, além dos atrativos naturais do lugar e que fica a pouco mais de quatro quilômetros de distância. Assim, seguindo a sinalização bem clara nas placas, dobramos à direita e continuamos em direção ao nosso alvo.
Mais subidas, embora menos íngremes e muita areia depois, passamos pela antiga estação de trens, onde pode-se ver um dos nomes que a cidade já teve: Annapolis, nome derivado de Sant'Ana, a padroeira do município:


Curiosamente, ainda antes de chegar à cachoeira do Escorrega, passamos por uma casa abandonada, na frente da qual há um caprichoso muro:
Tendo contornado completamente os morros famosos, a visão que temos deles a partir daqui é totalmente diferente:
E chegamos ao nosso destino:
O local, conforme descrito na placa, apresenta o restaurante, área de lazer, uma pequena cachoeira e a corredeira que dá nome ao lugar:

Do alto do "escorrega" a visão é esta:
Depois do almoço, pedal de volta, enfrentando o "areal" do caminho. 
Na saída da cachoeira do Escorrega, viramos à direita, em direção à Washington Luiz. 

Pouco mais de quatro quilômetros depois, viramos novamente à direita, em frente a uma guarita que tem trepadeiras nas paredes, passando, mais adiante, pela frente da entrada da Fazenda Bocaina. Chega-se ao asfalto a menos de três quilômetros do Posto Castelo, onde "apeamos" por fim, 50 km depois, bem a tempo de flagrar um resquício do por de sol:
Pedal vigoroso, mas perfeitamente praticável. Recomendamos. Mesmo porque a visão dos morros do Cuscuzeiro e do Camelo é inesquecível...



sábado, 8 de agosto de 2015

Via Claudia Augusta - 14º dia - Spresiano (Treviso) a Veneza - Itália - 25/06/2015

Estadia em Spresiano (Treviso) - Hotel Liberty - Via Nazionale, 107/113 - tel. +39-0422-722933 - Custo de 70 euros com café da manhã.
Hotel relativamente simples, mas com pessoal extremamente simpático. Atendimento pelos proprietários. Fomos recebidos por mãe e filha, com um excelente serviço. Café da manhã de boa qualidade.

Hoje é o 14º e último dia na Via Claudia Augusta.
Na saída do hotel foi fácil encontrar o caminho. Seguindo o mapa encontramos a sinalização da VCA rapidamente. Mas isto foi uma ilusão, porque depois não vimos mais nada. A gente seguia em busca das cidades pelas quais teríamos que passar, mas placas da Via Claudia não existiam.
O trecho de hoje é plano, ligeiramente inclinado para baixo, porque acompanhamos durante um certo tempo o rio em direção à sua foz.







 


Foram 79 km hoje, totalizando na viagem toda 1.074,26 km, que poderiam chegar a 1.150 km se tivéssemos pedalado o trecho Levico Terme a Feltre. Saímos às 9 h e 40 min e chegamos às 17 horas ao hotel, com toda a dificuldade para obter informações.
O local onde ficamos é um acampamento enorme, com traillers climatizados, com banheiro e chuveiro, além de outras acomodações.
Chama-se Camping Village Jolly, custou-nos 75 euros/dia, incluído o excelente café da manhã. Há quartos coletivos, com banheiro em separado, a preços menores. Há barracas. Enfim, uma gama variada de acomodações. Tem restaurante, supermercado, uma piscina grande e um movimento incrível. Estava superlotado naquele período, vimos gente chegar sem reserva e ser recusado, pela falta de lugares.
Final da aventura, com saldo altamente positivo, sem considerarmos o stress da ausência de sinalização a partir da entrada na Itália que fala italiano, pois na parte norte, onde se fala alemão, a sinalização seguia o padrão nórdico. A conclusão é que, sem internet ou GPS fica muito difícil e minha promessa é de, nestas condições, nunca mais voltar. Foi muito sofrimento e perdíamos muito tempo para encontrar o caminho certo, com prejuízo da observação da belíssima natureza e de toda a história viva que permanece nos edifícios e monumentos desta parte do velho mundo.
E Veneza, com muitos de seus edifícios que parecem estar caindo aos pedaços, é singular e inigualável. Tem mais de 400 pontes e mais de 100 igrejas (o gondoleiro bem que falou quantas eram, mas não anotei e esqueci...)


















No passeio de gôndola passamos nos fundos do Teatro La Fenice, onde foram vistas pela primeira vez muitas das óperas de Verdi:
O tráfego de gôndolas é intenso nos canais, obrigando os gondoleiros a mostrar toda a sua destreza na condução:
O passeio de gôndola é feito pelos canais menores da cidade. Nesta passagem avistamos a casa onde morou Mozart, quando ele tinha 15 anos de idade:
Este é o Palácio dos Doges, que eram os governantes de Veneza nas épocas áureas:
A Basílica de Santa Maria Della Salute é uma das obras mais lindas da cidade e foi erguida em pagamento de promessa pelo fim da peste que matou 80000 venezianos. Foi iniciada em 1631 e concluída em 1687:
A praça de São Marcos é a área mais visitada da cidade e possui em toda a sua orla lojas de variadas espécies, muitas delas mantendo expostas e à venda, maravilhosas peças fabricadas em vidro na ilha vizinha de Murano. Há restaurantes com música clássica italiana ao vivo, executada por violinistas, pianistas e outros instrumentistas. Em um barzinho das proximidades, o bar do Harry, foi inventado o famoso drinque Bellini e fazem, segundo um amigo meu, o melhor carpaccio do mundo:
Em frente à praça, a Basília de São Marcos passava por reforma e não pudemos ver nem registrar toda a beleza e grandiosidade de sua parte frontal:
Fomos almoçar no Lido, cuja avenida central é permeada por restaurantes e comércio de todo tipo. Na ida, utilizamos o vaporetto, o ônibus aquático que serve a cidade. Na entrada fica uma catraca, à qual deve ser exibido o código de barras da passagem, para ser liberada. Atrapalhamo-nos um pouco para passar e uma senhora italiana muito "educada", pronunciou alguns impropérios e se meteu na nossa frente, com tanta "delicadeza" que arrancou uma exclamação de espanto da própria filha: "Mama!"
Atravessamos Lido de ponta a ponta e chegamos do outro lado na praia, que tem uma organização impecável, inimaginável no Brasil:
E retornamos, às 9 horas da noite para o hotel, tendo tempo ainda de flagrar este pôr-de-sol, de dentro do ônibus, na ponte da Liberdade:
No outro dia, fizemos o check-out e saímos para procurar uma loja de bicicletas, onde iríamos comprar as caixas para embalar as magrelas. Perguntando aqui e ali descobrimos a primeira loja, mas o proprietário nos disse que só tinha uma caixa. Mas nos indicou outra loja. Nesta outra havia as caixas, que custariam 3 euros cada uma, mas o dono não queria desmontar as bicicletas. Quando decidi eu mesmo desmontá-las, descobrimos que não haveria como levá-las ao aeroporto, pois, segundo nos informaram, não havia táxi que as transportasse. Perguntamos por vans e eles na loja tentaram falar com outras pessoas, tudo em vão. Eu não me desesperava porque tínhamos bastante tempo e era inimaginável para mim não haver quem transportasse bicicletas em Veneza Mestre (estávamos no continente, não na ilha). E não é que o próprio dono da loja tinha uma Fiorino? E, mesmo frisando que não era uma transportadora, decidiu levar-nos ao aeroporto. Antes de desmontar as bicicletas. Assim, tive que fazer isso no aeroporto, depois que ele nos deixou lá com as bicicletas, as caixas e um rolo de fita adesiva. Cobrou-nos 30 euros + alguns pela fita, que não me lembro agora quanto foi.
Assim, termina nossa aventura. Mas, sabe de uma coisa? Já estamos pensando na próxima! Tchau, pessoal! Obrigado por acompanhar!