domingo, 4 de dezembro de 2016

Blugrama - Navegantes (SC) a Gramado (RS) - 15ª e última etapa - De São Francisco de Paula (RS) a Gramado (RS)

Há muita coisa bonita para se ver em São Francisco de Paula, entre elas dois parques: um conhecido como "da Cachoeira" e outro como "das 8 Cachoeiras", além do Lago São Bernardo, este praticamente dentro da cidade.
Como não tínhamos muito tempo disponível, tivemos que escolher uma delas e optamos por visitar o lago. 
É um local muito bonito e agradável, circundado em toda sua extensão por uma via pública, com calçada para os pedestres e atrações variadas para os visitantes:



















A cidade tem uma avenida principal, em cujo canteiro central foi construído um calçamento para pedestres e ciclistas, além da arborização, tendo sido reservado espaço também para monumentos como estes:




Aqui vemos, no detalhe, outro daqueles dispositivos que fornecem água bem quente (a 80°C) para o chimarrão:
Na hora de começar o pedal, um pneu furado atrasou a partida. Enquanto esperávamos o conserto, a rosa da casa vizinha à bicicletaria esbanjava formosura:
Pneu consertado, às 09:42 h iniciamos a jornada. Neste dia combinamos assim: eu iria pedalando, minha esposa iria com o carro para Gramado, levando sua bicicleta e, de lá, viria ao meu encontro, de onde terminaríamos o percurso juntos.
 

A saída é pelo asfalto, seguindo a estrada na direção de Porto Alegre. Logo, porém, saímos do asfalto por um desvio à direita e aí, a primeira surpresa do dia: trata-se de uma ruela, muito mal ajambrada, em aclive acentuado onde, além de muitas pedras, água escorrendo, havia até degraus. Até tentei pedalar, mas alguns trechos tive mesmo que empurrar:


Felizmente o trecho é relativamente curto e logo chegamos a uma estrada melhor:

Mas, isso não durou muito, também.  Logo, numa região de chácaras, tivemos que virar à esquerda, para descer uma ruela ou estradinha, repleta de pés de hortênsias, dos dois lados. Imaginei que, se fosse o período da florada, isto aqui estaria maravilhoso:

Mas a coisa começou a se complicar. Uma série de fatores como piso dificílimo, cheio de pedras grandes e soltas, aliado à umidade com água escorrendo, muitos buracos provocados por enxurrada, chão escorregadio e em declive acentuado, fazia do pedal uma atitude temerária:




Prudentemente, desci da bicicleta e fui segurando-a ladeira abaixo, aos solavancos, neste trecho que se estendia por uns 4 km. Ia descendo e "xingando" o Cavalari e o Jessie por me induzirem, indiretamente, a entrar nessa fria. Pensava que, provavelmente, quando eles passaram por aqui, o caminho não devia estar tão ruim. Uma hortênsia solitária amenizou minha "ira":
Mas, como não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe, chequei numa estrada pedalável que, verificando depois, vi tratar-se da RS-020: 
 Prosseguimos passando por fazendas e pequenas comunidades rurais:

Cruzamos também com um grupo de trabalhadores que fazia extração de madeira, utilizando tratores e caminhões peso pesados:
Parei, num certo momento, para fotografar um arbusto florido e tive mais uma surpresa, desta vez, muito agradável: encontrei uma grande quantidade de fragaias, frutinha silvestre, espalhadas entre a vegetação à beira da estrada:




Foi uma festa! Fiquei por ali durante um bom tempo, colhendo e me maravilhando com as deliciosas frutinhas. Praticamente almocei fragaias, estavam bem maduras e docinhas! 
O caminho prosseguia, com muitas pedras, que faziam a bicicleta saltitar no piso áspero:




Passagem por uma casa de madeira com aspecto sombrio:
Então cheguei a uma fazenda, completamente abandonada. Diversas construções às moscas, sugerindo que o local deve ter conhecido dias melhores:



Havia uma plaquinha, que aparecia de vez em quando, à beira da estrada mas, de passagem, eu não conseguia ler a quê se referia. Então, ao novamente avistar uma delas, fui tirar a limpo:
Na estrada havia ainda algum barro e poças de água da chuva do dia anterior:
Um trecho bom do caminho e um lugar bonito:

Com 21,4 km percorridos, mais uma surpresa: uma pedra estourou a câmara do pneu traseiro da bicicleta. Levei um susto, parecia o som de um tiro! Beleza! Até tinha câmeras reservas na bolsinha, porém não havia pego o adaptador para o bico fino na hora de encher o pneu. No meio do nada, resolvi prosseguir a pé, empurrando a magrela. E assim foi. Pelo roteiro do caminho, faltavam 30 km. A esperança era encontrar minha esposa que deveria estar vindo ao meu encontro...
Passagem por um local que parece ser um pequeno clube, completamente sem ninguém:
E fomos seguindo a estrada e fotografando o que nos parecia interessante, como esta florzinha silvestre:
Estava indo tranquilamente pelo caminho, quando o Wikiloc apitou: caminho errado. Fui conferir e vi que deveria ter virado à esquerda. Estranhei, porque não havia visto nenhuma saída para aquele lado,nem para o outro. Voltei e comecei a olhar mais atentamente, descobrindo que parecia existir uma estradinha, ao lado de uma casa, na qual o mato havia crescido e apagado os sinais de quaisquer passagens por lá. Mas não restava dúvidas, era por lá mesmo, assim que comecei a caminhar por ali o Wikiloc sinalizou caminho certo. Era mais uma descida, cheia de pedras e obstáculos, tal qual aquela primeira das hortênsias:




Mais uns 4 km assim, até chegar novamente em uma estrada melhor. Este caminho, entre São Francisco de Paula e Gramado é cheio de bifurcações, entroncamentos, cruzamentos, estradas que acabam em outras, com duas direções a optar. Se não tiver um indicativo bem claro da direção a seguir, a possibilidade de erro é muito grande. Ainda bem que seguíamos o Wikiloc, o qual revelou-se mais uma vez uma ferramenta poderosa de orientação ao ciclo turista:

Um pequeno e curioso cemitério à beira da estrada:
Rios em meio à floresta:

Cruzamos o rio Paranhana, por uma grande ponte de concreto. Neste rio, logo abaixo, está localizado o Parque das Laranjeiras, onde se pratica em larga escala o rafting, pois as corredeiras existentes no local favorecem e trazem muita emoção à prática. Há ali também uma pousada, assim como tirolesa, rapel e outras atividades de lazer.
Logo depois de passar a ponte, avistamos uma placa onde estava escrito: "Canela 10 km". Pensei: Oba! E comecei a subir imediatamente naquela direção, mas o Wikiloc chiou de novo. Então vi que a minha direção era para o outro lado e por ali seriam mais 21 km! Mas, eu tinha que seguir na direção certa, senão desencontraria com minha esposa, que estava vindo em sentido contrário, ao meu encontro. E lá fomos nós, como diz a musiquinha infantil, "pela estrada afora"...

Bastante tempo depois, já bem cansado, comecei a visualizar sinais de proximidade da cidade. Casas, chácaras, etc. Um morador local teve o capricho de indicar o número de sua casa de forma bem original:
Seguíamos, contornando os morros:


Uma casa nova na montanha, provavelmente uma propriedade de lazer:
Finalmente, quando faltavam cerca de 6 km para chegar a Gramado e já caminhávamos pela "Linha 28", como é conhecida a estrada nesse local, em razão do ônibus que circula por ali, minha esposa apareceu: que alegria! Com água, comida e o carro, para levar a bicicleta! Exausto, ouvi-a dizer que tinha vindo de bicicleta ao meu encontro, mas que acabara errando o caminho e quando percebeu estava em Canela, vizinha de Gramado. Então, pegou o carro e veio me buscar.
Já próximo à cidade, uma cerca viva chamou-me a atenção:

E a última foto do caminho, já tendo chegado ao asfalto, da Igreja de São Valentim:
Resumo do dia: 21 km de pedal, 24 km a pé e 6 de carro de apoio. Uma verdadeira aventura!
Em Gramado, a mais européia das cidades brasileiras, dessa vez nem saímos à noite. As fotos abaixo são da passagem de junho/2016 por aqui: 
Uma das ruas centrais principais

Rua coberta
Museu do Festival de Cinema

Calçada da fama

Igreja de São Pedro, construída com 72 mil pedras de basalto

Lago Negro

Lago Negro

Lago Negro
Estadia no Gramado Hostel, como em junho. Final da viagem. Agora vamos pensar na próxima...