domingo, 29 de maio de 2011

Caminho de Santiago - Fotos das primeiras etapas

Hoje vou postar apenas algumas fotos. Já são 11:50 h da noite e não foi possível preparar o texto sobre os 5º e 6º dias do Caminho. Tentarei fazer isso amanhã, em Burgos, quando vamos ter que dar uma parada para trocar o pneu traseiro de minha bicicleta. Tivemos hoje o primeiro furo no pneu e ao verificar, observamos que o pneu sofreu um duro desgaste, provavelmente por causa de alguma pedra. Substituímos a câmara de ar e tentamos proteger a nova, com um pedaço de plástico. Conseguimos chegar até Atapuerca, um pequeno povoado e amanhã, em Burgos, que é uma cidade maior, vamos trocar o pneu.
A foto abaixo é da Rue de la Citadelle, em Saint Jean Pied de Port, vendo-se ao fundo o arco que marca o início do Caminho francês. Nesta rua, localizada na parte antiga da cidade, não é permitido o trânsito de veículos e é onde está localizada a Associação de Assitência aos Peregrinos, onde, quem não fez credencial em seu país de origem, pode fazê-lo, e também onde se localiza a maioria dos albergues da cidade.
A rua é toda de predinhos assobradados, no estilo europeu, com flores enfeitando as janelas e portas, sempre muito bem cuidadas e lindas.
Na verdade, o Caminho é uma fonte de renda para a União Européia e há uma estrutura imensa dando suporte aos peregrinos e ao Caminho propriamente dito, com cuidados especiais com a manutenção, alimentação do preregrino no percurso e estadia. Eu diria que 95% do Caminho, ao menos do que eu vi até agora, é muito bem cuidado e oferece totais condições ao peregrino, Há também trechos ruins e até meio abandonados, mas são muito poucos.
Vejam, na foto a seguir, como é o Caminho no início, ao sair de Saint Jean Pied de Port: asfaltado, com trânsito de veículos, embora o movimento seja pequeno. É bem íngreme e é o início da subida dos Pirineus. Nós levamos azar na nossa subida, porque pegamos as montanhas totalmente nubladas, como vocês podem ver na foto seguinte. Na véspera, segundo depoimento de brasileiros que encontramos depois, o dia estava ensolarado e eles puderam ver todas as paisagens maravilhosas proprocionadas pela vista do alto das montanhas. A foto seguinte é de um tablado montado em frente ao Albergue Orisson, a oito quilômetros de Saint Jean.
Este trecho inicial são aproximadamente 20 km de subida. Depois que você atinge o topo, logicamente começa a descida. E aí você passa pela trilha que segue margeando uma floresta, passa por ponto  no qual há uma construção destinada á proteção e descanso do peregrino em caso de intempéries. A primeira descida despenca morro abaixo, num frenesi alucinante, passando, numa parte dela, entre um bosque de árvores bem grandes. Ao tentar parar para tirar a foto abaixo, a bicicleta chegou a deslisar de lado, com as duas rodas. Tenho certeza de que o Henrique ia gostar disso.
  
Já na Espanha, a primeira cidade que passamos é Roncesvalles. Aliás, chamar de cidade é dar cartaz demais pro lugarejo. É um povoado, com um albergue gigantesco, porque muita gente inicia o Caminho a partir dali e que contém alguns sítios históricos, como a construção acima, do século XII, que pertenceu a Carlos Magno.
  Gente, vou ter que continuar outro dia, porque a bateria do micro está acabando e ainda não consegui encontrar um adaptador para conectá-lo à rede elétrica, para recarga. Até o próximo.


sexta-feira, 27 de maio de 2011

4º dia do Caminho de Santiago: de Estella a Logroño

Nesta época do ano o sol se põe muito tarde na Espanha: por volta de 9 horas da noite. Acho que por isso mesmo, o espanhol em geral, levanta tarde. Às 9 horas da manhã, o comércio ainda está todo fechado. Se quiser comprar alguma coisa, tem que esperar até 9 e meia. Hoje, para comprar um cartão de memória adicional para a câmera fotográfica (já que não consigo baixar as fotos, quando o cartão que está em uso encher, troco por outro), não teve jeito. Tive que esperar em Estella até 9 h 30 min para a loja abrir. E ainda abriu com atraso.

Este quarto dia foi meio diferente, esteve totalmente nublado o tempo todo, embora a chuva prá valer ainda não nos tenha alcançado. Ontem, no final da tarde, a gente olhava para trás e via aquele tempo escuro, ocupando todo o horizonte, indicando que estava chovendo forte bem nos locais onde havíamos passado. Quando estávamos em Pamplona, à noite, na hora de dormir, trovejou bastante e até caíram alguns “chuviscos gordos”, mas acabou parando e a chuva não vingou.

Pela primeira vez apareceram trechos do Caminho que aproveitam estradas rurais, só que não percebemos praticamente nenhum movimento de veículos. A paisagem mudou um pouco: atravessamos ainda grandes plantações de cereais e muitas parreiras, mas diminuiu bastante a incidência de árvores sombreando o Caminho.

Há muitas coisas curiosas aqui.

Por exemplo: os espanhóis, como os mexicanos, não prescindem da “siesta”. Por volta de 13:30 h tudo fecha e só reabre em torno de 15:30/16:00 h. Neste intervalo de tempo, nos pequenos povoados que você cruza, não se viva alma. Parecem cidades fantasmas. E até nas cidades grandes por onde passamos, a siesta é sagrada. Para comprar alguma coisa, tem que esperar reabrir.

Num trecho do Caminho, localizado antes do “poblado” de Mañeru, por uns 100 metros, a trilha acompanha a “carretera”. Há um alambrado separando-as. Nessa tela, o pessoal que faz o Caminho, começou a montar pequenas cruzes de gravetos. Então, rapidamente a tela se encheu de cruzes. É uma imagem um tanto bizarra.

Na entrada da cidade de Logroño, uma cegonha construiu seu ninho sobre uma torre de transmissão de energia elétrica. Pessoas e carros passando ali por baixo e ela nem aí. Permanecia lá tranquilamente.

Uns 200 metros à frente, atravessamos uma grande ponte, construída sobre o rio que atravessa a cidade e que foi represado para geração de energia. Nas grades de ferro desta ponte, os moradores locais trancam cadeados de todos os tamanhos, nos quais estão escritos nomes de pessoas, alguns com um, outros com dois Acho que a turma faz “simpatia” para “prender” a pessoa amada e joga a chave fora...

Passamos, na saída de Estella, por uma vinícola chamada Irache. Em frente à indústria há uma fonte de vinho. Há duas torneiras: uma verte água, a outra, vinho. E já ficam lá dois copos, para quem quiser utilizar. Há câmeras instaladas que filmam as pessoas que se servem ali as quais podem ser vistos, depois, salvo engano, em www.irache.com.es. Experimentei o vinho. É do bom.

Pela primeira vez, desde que iniciamos o Caminho, conseguimos colocar 3ª. marcha na bicicleta. Houve condições por que encontramos trechos de terrenos mais planos e longos, em um grande vale de plantações.

Vou elogiar aqui, mais uma vez, a graciosidade das pequenas cidades do Caminho. São muito antigas e conservam aquela configuração de ruas muito estreitas e irregulares, sem casas térreas, só com predinhos de três, quatro andares. São tão irregulares que hoje, ao atravessarmos Cirauqui, num determinado momento, a rua acabou e a seta amarela indicativa do Caminho apontava para dentro de uma casa. Pensei: poxa, deve ser um albergue, mas onde está a indicação de continuação do Caminho? Só quando chegamos bem em frente é que vimos que havia uma passagem bem no meio da casa e o Caminho seguia por ali.

Curiosamente, também, a gente encontra pessoas em sentido contrário, no Caminho, vindos dos lados de Santiago em direção ao início. Tanto a pé, quando de bicicleta.

Como na Europa, em geral, pratica-se muito o ciclismo, o Caminho também é utilizado pelos adeptos para treinamento.

Ao Alexandre: fotografei hoje um gatão prá você. Pena que não consigo baixar as fotos!

Pessoal, desculpem eventuais erros. Hoje vou postar sem revisar, já é tarde e eu tenho que me levantar cedo amanhã. Abraços aos marmanjos e beijos às donzelas.

3ª dia do Caminho de Santiago: de Pamplona a Estella

Dia maravilhoso hoje. Finalmente eu encontrei um lugar onde pude almoçar algo bem parecido com o que estamos acostumados a comer no Brasil: uma maionese com batatas, ervilhas, cenoura e azeitonas, deliciosa; verduras, legumes e um belo tomate fresco; atum; berinjela à parmegiana com pimentão; macarrão e sopa de espinafre. Tudo isso era o prato de entrada. Ah!  Nem consegui pedir o prato principal (entre as opções, costela assada de cordeiro)!  Desisti até da sobremesa.  Auto-serviço, à vontade, mais vinho e água, por 11 euros. Acham pouco?

Ontem passamos toda a tarde e noite em Pamplona. Conhecemos todo o centro da cidade, inclusive a área onde fazem anualmente aquela festa tradicional, quando soltam os touros pelas ruas e o povo vai correndo na frente e no meio dos touros. Uma loucura! O prédio da Prefeitura ou “Ayntamiento” é uma obra clássica de arquitetura maravilhosa. Quando pudermos mostrar as fotos, vocês verão.

Saímos às 10 h da manhã, porque o comércio só abre às 09:30 h e precisávamos comprar um adaptador elétrico para conseguir conectar o computador, carregar sua bateria e da máquina fotográfica.  Estamos na Província de Navarra, na região basca da Espanha. Aliás, desde Saint Jean Pied Port que estamos no país basco. Tudo aqui é escrito em duas línguas, castelhano e basco: nomes das cidades, povoados, ruas. Eles podem ter desistido da luta armada, mas mantém as tradições e o desejo de criação de um país autônomo.

No trecho de hoje, houve uma alteração radical nas paisagens. Há muito menos árvores no Caminho e apareceram as plantações de uva, oliveiras, trigo e outros cereais.  As trilhas, no entanto, continuam as mesmas. Muitos trechos cheios de pedras, descidas vertiginosas em que até tínhamos que desmontar para poder continuar. Numa dessas, quase levei um tombo feio. Havia uma rampa, muito íngreme, em declive. Subi na bicicleta e deixei-a descer. Mas quando fui tentar sentar no selim, a calça enroscou. Com as pedras, a mão direita soltou-se do guidão. Acionei o freio com a mão esquerda, instintivamente, e brecou a roda da frente. A bicicleta empinou, erguendo a roda traseira. No que percebi que ia capotar espetacularmente, soltei o freio, a bicicleta voltou a descer rápido, os pés tinham ido para o chão para tentar controlar a magrela. No arranque morro abaixo, o cano da bicicleta atingiu-me entre as pernas, com força. Ao tentar mudar o passo, acionei de novo o freio. Nova empinada, a bicicleta virou em direção ao mato e eu fui freando e soltando e tentando andar, até conseguir Pará-la. Felizmente, sem maiores danos, fora o susto.

Algo que gostei muito aqui é da limpeza e da beleza, principalmente dos povoados que cruzamos no Caminho. Todos com ruas estreitas e calçamento de pedras, prédios assobradados e muitas flores nas janelas, muros de grades  e jardins. Há rosas maravilhosas, enormes, de muitas cores, muito maiores do que as que conhecemos no Brasil. A maioria do povo é muito simpática, acolhedora e prestativa. Tivemos ajuda, quando necessitamos, de todas as pessoas a quem nos dirigimos, sempre solícitos. Um deles, de nome Miguel, nos colocou de novo no Caminho quando havíamos errado a direção, guiando-nos, em sua bicicleta, até o ponto correto. Dispôs-se, espontaneamente, a utilizar seu telefone celular para fazer uma ligação de nosso interesse, que acabou infrutífera porque o telefone de destino estava ocupado. Mais tarde, quando o destinatário retornou a ligação, por ter visto o número to telefone que o chamou, ele nos procurou pela cidade e nos encontrou para dar o recado. Excepcional, não acham? Nosso muito obrigado ao Miguel.

Outra situação que demonstra isto: enquanto estávamos sentados em uma praça, olhando folhetos, um senhor se aproximou e nos perguntou o que estávamos tentando encontrar. Como ele não conhecia o local, ficou parando pessoas que passavam até encontrar alguém que nos desse a localização certa de onde queríamos ir. Gente muito boa...

Vamos passar a noite em Estella e amanhã prosseguiremos. Não vou conseguir postar isto aqui hoje, 26/5, porque o hostal em que estamos não tem Internet, muito menos Wi-Fi. Postarei amanhã, se for possível, mas não vou alterar nada do que está aqui. Prepararei outro texto do que ocorrer amanhã...

Ao Itamar: dá prá fazer tranquilamente 50 km por dia. Vocês, que são feras, poderão fazer até mais do que isso. Mas cuidado com o avião: a Ibéria detonou nossas bicicletas.

Até o próximo!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Caminho de Santiago - Epopeia inicial

É, acho que podemos chamar assim. Como diria aquele personagem da televisão, “coisa horrorosa!”
Saímos de Ribeirão Preto para São Paulo, no vôo das 06:35 h de domingo, dia 22/05. Chegamos ao Aeroporto de Guarulhos 40 minutos depois e tome chá de cadeira, pois nosso vôo para Madri era só às 15:30 h... Fizemos o check-in por volta de 12:30 h, comemos alguma coisa, entramos para a ala de embarque internacional (que chic!) e fomos ver os preços do free shop. Saímos no horário, em um big avião da Ibéria, daqueles grandões. Acho que havia mais de 300 passageiros e a maioria era de brasileiros.  
Nove horas depois descíamos em Madri (hora local 6 da manhã) e como nossa conexão para Pamplona só saía as 12:35 h, foram mais de seis horas de banco de aeroporto, de novo... Fomos tratados meio assim com casca e tudo, em Madri, mas tudo bem. Embarcamos para Pamplona no horário, pouco mais de uma hora depois, chegamos. Um táxi, pré-contratado ainda no Brasil, nos esperava. Ali mesmo conhecemos uma brasileira que mora atualmente na Suíça, ela também ia fazer o Caminho de Santiago e precisava condução até Saint Jean. Partilhou o táxi conosco. Carregamos as bicicletas e partimos para Saint Jean Pied Port, na França. Viagenzinha terrível: estrada cheiíssima de curvas e todos os três passamos mal. Ninguém chegou às vias de fato, porque pedimos para desligar o ar condicionado e abrir as janelas da van. Senão, não sei, não...
Chegamos a Saint Jean por volta de 15:30 h e quando fomos montar as bicicletas, decepção: uma delas estava com o câmbio traseiro dependurado, totalmente quebrado e as duas tiveram os eixos da roda traseira entortados. E agora? 
Outra coisa: Como achamos que o taxista saberia onde era o Albergue que havíamos reservado, não tínhamos anotado o endereço e ele não o conhecia! Tinha uma outra corrida marcada, deixou-nos na entrada da Rue de La Citadelle, onde fica a maioria dos albergues da cidade, na qual não é permitida a entrada de carros e se mandou. Descemos a rua empurrando as bicicletas e à busca de informação sobre uma oficina de consertos. Por sorte, obtivemos a informação no Centro de Atendimento ao Peregrino, que não só nos indiciou uma bicicletaria, como deu-nos um mapa, assinalando o local. Quando chegamos ao presumido local, não avistamos nenhuma oficina de bicicletas. Dirigimo-nos a um “garçon” local: “s'il vous plaît”! O garoto virou-se: “Oui?” E aí, usando nosso parco conhecimento de francês, tentamos perguntar se ele sabia onde havia uma oficina de bicicletas por ali. Ele achou que quiséssemos consertar o pneu... Mais mímica e gestos até que ele compreendeu e nos pediu para seguí-lo, mostrando-nos gentilmente onde era a oficina. Um cidadão chamado Jean nos atendeu e conseguimos também explicar nosso drama. Ele compreendeu e prometeu consertar as magrelas, marcando a devolução para as 18:45 h. Enquanto aguardávamos mais uma vez, fomos comer alguma coisa e aproveitamos para ver o endereço do albergue. Pasmem, era na própria rue de La Citadelle... Comemos uma pizza que não fez juz à fama de bons cozinheiros dos franceses, nem um pouco  saborosa.
Bom, as bicicletas ficaram prontas, ficamos fâs do Jean por causa de sua atenção e competência. O mais curioso é que ele, sendo mecânico da oficina que, aliás, faz parte de uma grande loja tipo Arco e Flecha do Brasil, foi embora dirigindo um Audi...
Localizamos o albergue, chamado Ultreya e fomos extremamente bem atendidos pelo Bernard, que fala bastante coisa em português.
No dia seguinte, depois do ótimo café da manhã e após sessão de fotos da bela Rue de La Citadelle, partimos para o primeiro dia de pedal. Como já era esperado, trecho muito duro no início, na subida dos Pirineus. Depois de 8 km, chegamos ao Albergue Orisson, sob intensa neblina que não nos deixava enxergar nada além de uns cinco metros de distância. Ou seja, não vimos nada da beleza das famosas montanhas. Mas como tudo que sobe tem que descer, percorremos também trechos de acentuados declives, muito perigosos por causa da grande quantidade de pedras soltas ou fixas, de todos os tamanhos, em tal quantidade que às vezes nem era possível pedalar e a bicicleta tinha que ser empurrada.
No mais, o primeiro trecho percorrido, especialmente na Espanha, é formado por trilhas, muitas vezes entre florestas, formando maravilhosos corredores entre árvores de todo porte, tornando o percurso muito agradável e reconfortante. A partir de Roncesvalles, a trilha segue por um bom período ao lado da “carretera”, mas foi recortada entre as árvores, de tal forma que você permanece a poucos metros da rodovia, mas sem correr riscos com o movimento de veículos. Um barato. Outros trechos, depois de Zubiri, são tão estreitos (não chegam a ter em muitas partes um metro de largura), tendo a montanha do seu lado direito e um precipício do lado esquerdo. Nesses locais, o intenso tráfego de peregrinos, atrapalha o desenvolvimento do ciclista, se é que podemos dizer assim. Os pedestres não nos ouvem e temos que ficar pedalando bem devagar atrás deles até que notem nossa presença e nos dêem passagem. Sugeriram uma campainha na bicicleta e essa talvez seja a solução ideal.
Muitos brasileiros no Caminho, das mais diversas partes do país. Lembro-me de um casal de Florianópolis, um outro de Curitiba, com quem jantamos em Zubiri, duas garotas de São Paulo, três senhores do Mato Grosso, entre outros. Quando os encontramos, é sempre uma festa...
Este texto vai ficar sem fotos. Confesso minha incompetência em conseguir baixá-las da câmara para o micro. Já tentei tudo que estava ao meu alcance, sem sucesso. As fotos estão na máquina fotográfica, mas o sistema do computador não reconhece e diz que o arquivo está vazio. Aliás, se alguém tiver alguma sugestão, pode deixar o recado, eu agradeço...
E então: É ou não é uma epopéia?

sábado, 14 de maio de 2011

Caminho de Santiago - Expectativa

Falta só uma semana! Vivemos o grande momento de estar chegando a hora. Quase tudo está preparado. Faltam apenas detalhes que só podiam ser resolvidos nos últimos dias antes de partir. Como a credencial, por exemplo. Vamos levar daqui a credencial pronta, fornecida pela Acacs-SP (Associação dos Confrades e Amigos do Caminho de Santiago da Compostela). Eles só a emitem a partir da apresentação das passagens aéreas e estas só nos foram entregues ontem, 13/05.
Aliás, as passagens são um capítulo à parte. Há que ter muito cuidado com a questão de horários e datas, pois as companhias aéreas são catedráticas em alterar estes itens de última hora, causando transtornos imensos aos usuários. Assim é que nossa passagem de volta São Paulo/Ribeirão, por exemplo, que havia sido adquirida aproveitando uma promoção, não vai poder ser aproveitada, porque o horário e dia de retorno da Europa foram alterados unilateralmente pela companhia aérea, de tal forma que não vamos conseguir chegar a tempo do voo programado. O bilhete promocional, para ser remarcado, só com o pagamento da tarifa cheia. As alterações da companhia aérea vão fazer com que tenhamos que ficar um dia a mais no Velho Continente. Não que isso seja ruim, mas pode ser um problema sério se a sua volta estivesse programada de tal forma que você tivesse que trabalhar no dia seguinte...
Voltemos ao Caminho. Planejamos as etapas levando em consideração nossa condição física e emocional, de tal forma que não sejam muito longas e duras, mas que também não sejam muito curtas, prolongando demais a estadia no Caminho. Como só temos 30 dias de férias e é a primeira vez que vamos à Europa, queríamos um tempinho extra para conhecer outros lugares e aproveitar melhor a viagem. O que não significa que vamos cumprir rigidamente este planejamento, pois sabemos que muita coisa pode acontecer e pode provocar alterações. Estamos preparados para isso também, deixamos um tempo adicional de dois dias para suprir estas eventuais necessidades.
No planejamento, analisamos muitas informações postadas por outros peregrinos, especialmente sobre os albergues. Assim é que procuraremos parar em locais que sempre foram apenas elogiados e nunca criticados durante estadias nos últimos 18 meses. Escolhemos pontos que não são os mais citados como de finais de etapas nos diversos sites que falam do Caminho, para tentar evitar encontrar casas cheias e ter que mudar por excesso de lotação. Porque vocês sabem que o “bicigrino” é preterido em benefício do peregrino a pé, por considerarem, com razão, que, de bicicleta, você chega com menor dificuldade até o ponto de parada seguinte, ou anterior.
Vejam, a seguir, o nosso roteiro. Consta a data em que estaremos no local, o albergue em que pretendemos ficar, com algumas informações disponíveis, tais como número de telefone, endereço eletrônico, nome do responsável, etc., a quilometragem a ser percorrida no dia e a sequência diária.
ROTEIRO DO CAMINHO

DATA
LOCAL
HOSTAL/ALBERGUE
KM
SEQ. DIA
23/05/2011
SAINT JEAN PIED PORT
ALBERGUE ULTREIA - RESERVADO
-
0
24/05/2011
ZUBIRI
EL PALO DE AVELLANO - RESERVADO
47,2
25/05/2011
CIRAUQUI
ALBERGUE MARALOTX – (678 635 208 – AINHOA)
52,2
26/05/2011
VIANA
ALBERGUE PARROQUIAL (948 64 50 37 / 646 666 738 – DOM JOSE MARIA)
53,7
27/05/2011
CIRIÑUELA
ALBERGUE PRIVADO VIRGEN DE LAS CANDELAS (941 343 290 – RUBÉN/ILKA - kevindb@hotmail.es)
54,1
28/05/2011
VILLAFRANCA MONTES DE OCA
ALBERGUE PRIVADO SAN ANTÓN ABAD - (947 58 21 50 -  hotelsanantonabad@gmail.com)
40,4
29/05/2011
HONTANAS
ALBERGUE SANTA BRÍGIDA (609 16 46 97 / 628 927 317 – FÉLIX RODRIGO)-1 QTO DUPLO/NÃO RESERVA
OU
MESÓN ALBERGUE EL PUNTIDO (947 37 85 97 – MARI CARMEN)-2 QUARTOS DUPLOS-ACEITA RESERVA
69,8
30/05/2011
CARRIÓN DE LOS CONDES
HOSTAL LA CORTE - 979 880 138 – 45 Euros – qt. Duplo – tem restaurante
53,1
31/05/2011
BERCIANOS DEL REAL CAMINO
ALBERGUE BERCIANOS - 987 78 40 08 – TINA – NÃO RESERVA – CEIA E CAFÉ DA MANHÃ COMUNITÁRIOS
49,6
01/06/2011
VALVERDE DE LA VIRGEN
·         LA CASA DEL CAMINO - 987 30 34 14 / 659 17 80 87
56,9
02/06/2011
SANTA CATALINA DE SOMOZA
·         ALBERGUE Y CENTRO DE TURISMO RURAL EL CAMINANTE - 987 69 10 98/OFELIA – QT. DUPLO NA CASA RURAL (VER PREÇO P/TELEFONE)
47,2
10º
03/06/2011
CACABELOS
OU
PIEROS
·         ALBERGUE MUNICIPAL - 987 54 71 67 (QT.DP-Ñ RESERVA)
·         OU
·         ALBERGUE EL SERBAL Y LA LUNA - 639 888 924/MAR VALBUENA - alberguedepieros@gmail.com (NOVO-S/INF)
60,5

62,4
11º
04/06/2011
TRIACASTELA
·         ALBERGUE COMPLEXO XACOBEO - 982 548 037 / 690 613 388/ÁNGEL LÓPEZ - info@complexoxacobeo.com – ACEITA RESERVA
57,0

55,1
12º
05/06/2011
PORTOMARIN
·         ALBERGUE PORTO-SANTIAGO - 618 82 65 15/BELÉN TORRES - info@portosantiago.com – PENSION C/QT.DP
40,7
13º
06/06/2011
SAN XULIÁN DO CAMINO
·         ALBERGUE O ABRIGADOIRO – 982 374 117/676 596 975/CARMEN/MIGUEL ÁNGEL - medeagomez@yahoo.es
49,5
14º
07/06/2011
SANTA IRENE
·         ALBERGUE PRIVADO DE SANTA IRENE - 981 51 10 00 / CRISTINA Y DOLORES – ACEITA RESERVAS
43,0
15º
08/06/2011
SANTIAGO DE COMPOSTELA
·         ALBERGUE PRIVADO SANTO SANTIAGO - 657 402 403 / ALFREDO - elsantosantiago@gmail.com
22,8
16º


·         TOTAL DE QUILÔMETROS/DIAS
797,7
16


Estamos levando em um pen-drive informações sobre todas as passagens do Caminho, para o caso de não haver, em algum dos lugares que ficarmos, forma de acessar a Internet. E um netbook, para baixarmos as fotos e preparar o blog diário que pretendemos disponibilizar.
Nas informações do pen-drive estão locais alternativos de estadia, caso tenhamos algum problema em qualquer dos albergues escolhidos.
As roupas, mochilas, passagens, sacos de dormir, alforjes, etc., já estão todos prontos.
As bicicletas ficam prontas hoje: lavadas, lubrificadas, verificadas mecanicamente. Algumas peças foram trocadas, em razão do desgaste que já apresentavam. Amanhã as testaremos aqui mesmo na cidade, para não sujá-las antes da viagem. Depois serão embaladas nas malas-bikes e seguirão como bagagem. Em Pamplona, já temos contactado um taxista que nos ajudará a montar as bicicletas e despachará as malas para Santiago de Compostela, levando-nos (e às magrelas) até Saint Jean Pied Port. Aí é descansar, dormir e, no dia seguinte, INICIAR O CAMINHO! De pedal vamos chegar lá!