Santo Antônio do Leite/Engenheiro Correia/Miguel Burnier/Lobo Leite/Congonhas
Uma chuva muito forte de manhã, na hora de sair, retardou nossa partida, que acabou ocorrendo somente às 11 horas, quando a precipitação parou.
Não tínhamos pedalado nem 100 metros quando, com a rua de terra encharcada pela água, que ainda escorria em pequenas doses nas partes mais baixas, o pneu dianteiro derrapou numa ondulação longitudinal, a bicicleta tombou para a esquerda e a queda foi inevitável. Resultado: canela e joelho da perna direita sangrando pela pancada no pedal e no chão, respectivamente, e cotovelo esquerdo dolorido pelo impacto no solo. Sem contar o barro na roupa e alforje. Menos mal que não caí completamente, soltei a bicicleta na queda e consegui me levantar sem que o corpo todo atingisse a lama. Os ferimentos na perna não foram graves, doíam e ardiam um pouco mas, fazendo a limpeza do barro, foi possível prosseguir. Decidimos procurar uma farmácia para passar um Merthiolate e desinfetar os ferimentos mas, pasmem, no distrito não há farmácia. Pelo menos foi o que alguns moradores nos disseram.
A igreja católica do distrito, pintada em azul e branco, é, como sempre, um monumento que se destaca em qualquer aglomeramento urbano:
Tem seu charme a avenida principal da cidade: O trecho inicial, após o aclive asfaltado na saída de Santo Antônio do Leite, é agradável, a estrada teve a poeira assentada pela chuva e o piso é razoavelmente liso: Coisas curiosas do caminho: um portão diferente, o marco da Estrada Real e uma cruz isolada.As marcas da chuva também estão presentes na cor barrenta dos cursos d'água:
A poeira que se erguia da estrada antes da chuva e acabava se fixando nas folhas das plantas não desaparece, mesmo após o aguaceiro. Aliás, acho até que a água fixa o pó:
Neste trecho, visualizando-se a boa qualidade do leito carroçável da estrada, atravessamos sob uma das inúmeras estradas de ferro das mineradoras do quadrilátero ferrífero de Minas: Então chegamos a Miguel Burnier, mais um dos 12 distritos que constituem o município de Ouro Preto. A pequena cidade, com construções históricas, originou-se de fazendas mineradoras de ouro. Ao lado do campo de futebol, desenrolava-se o que parecia ser uma festa familiar: A estação ferroviária fundada em 1887 e restaurada em 2012, abriga hoje uma sala de troféus do antigo time de futebol da cidade, uma sala para ensaios musicais e uma biblioteca, se destaca logo em seguida:
Algumas mineradoras exploraram a região, inclusive a Vale e a Gerdau, esta atualmente ainda operando. Mas a mineração que fez com que o distrito se tornasse o maior contribuinte de royalties para o município de Ouro Preto e chegou a ter 5 mil moradores, conta atualmente com apenas 75 habitantes, sem receber qualquer benefício em retorno ao montante recolhido aos cofres municipais, lutando duramente para resistir à destruição provocada pelo abandono do poder público. Consta que uma barragem de rejeitos no distrito se rompeu em 2011, sem que houvesse divulgação pela imprensa (fonte: "O Retrato Esquecido de Miguel Burnier", documentário de Guilherme de Oliveira). A história do distrito é fascinante e até gostaria de continuar falando, mas nosso objetivo são as viagens de bicicleta. Assim, seguimos em frente:Um grande lago de água de rejeitos de mineração, reciclada em quase 100%, segundo a Gerdau, que administra a área, apesar da origem incômoda, embeleza a paisagem, tendo ao fundo a Serra do Ouro Branco: A estrada de ferro na região de Ouro Branco (MG), administrada pela empresa MRS Logística (de trens de carga) e utilizada também pela Açominas (da Gerdau) e Vale, tem um movimento gigante:
Nenhum comentário:
Postar um comentário