Andermatt é uma pequena e encantadora cidade dos alpes suíços, com menos de 1.500 habitantes regulares. É uma estação de esqui muito frequentada no inverno por conta das montanhas propícias à prática.
Levantamo-nos, preparamos nossas coisas e fomos tomar café. Não havia ninguém na cozinha, mas estava tudo devidamente preparado para o nosso desjejum. Como éramos os únicos hóspedes, ficamos à vontade. Foi um bom "frühstück", com pães deliciosos, sucos, iogurtes, chá, café, leite, manteiga, geleias...
Hoje é o dia do Oberalp Pass, uma subida montanha acima de 12 km, naquelas estradas encantadoras que vão fazendo zigue-zagues, tais como a nossa Serra do Rio do Rastro. Havia a opção de subir de trem, mas, como cicloturistas convictos que somos, nós preferimos ir pedalando. Aliás, tentamos nunca fugir da raia. Alternativa ao pedal somente se as condições atmosféricas forem insuportáveis.
O destino de hoje é Ilanz (Glion em romanche, a 4ª língua oficial da Suíça, falada neste cantão de Uri, além do alemão, italiano e francês).
A visão de Andermatt a 1 km de distância:
A subida não é penosa e no princípio há uma faixa delimitada para o ciclista:
Um pouco mais acima, já era possível ver a cidade pelo alto:
Sem pressa íamos subindo e nos aproximando cada vez mais da neve:
Ultrapassado o primeiro túnel, a visão da cidade era encantadora:
Já não havia mais a faixa amarela reservando espaço, mas os intrépidos ciclistas (auto elogio é bom, né?) prosseguiam morro acima, curtindo muito cada montanha, cada paisagem. A cidade, agora, já era um aglomerado distante:
Íamos nos aproximando cada vez mais dos belos picos nevados, quando fomos ultrapassados por uma incrível "procissão" de 11 carros Jaguar. A Suíça é assim, carrões o tempo todo. Dá a impressão que mais da metade dos carros que rodam aqui são de luxo para os nossos padrões.
A esta altura, já com a neve do nosso lado, o branco predominava na paisagem:
E, finalmente, a realização de um sonho: Sentir a neve na pele! Mesmo que aqui fossem apenas flocos congelados:
Observem as proteções que são colocadas nas montanhas, acredito que para minimizar, ou quem sabe evitar, efeitos de deslizamentos e rolamentos de pedras:
A neve, a esta altura, dominava completamente a paisagem e a estrada era apenas um risco no meio do gelo, quando chegamos a uma estação de esqui e um restaurante:
Chegamos, então, às 13:20 h, ao ponto mais alto do caminho: 2046 m de altitude em relação ao nível do mar.
Há, no local, até um farol para orientação dos alpinistas em dias muito nublados:
Tomamos aqui nosso lanche, que havíamos preparado em um mercado de Andermatt. Sentados no banco em frente a este outro restaurante, que se encontrava fechado. Trouxemos lanche porque achamos que não ia ter um lugar para almoçar no Oberalp Pass.
Em conversa com um senhor que estava em uma das mesas do restaurante, soubemos que não seria possível conhecer o lago Toma, considerado a nascente do rio Reno, conforme havíamos planejado. Quando ele soube do nosso intento, riu e disse: "O lago está congelado. Para ir lá, só de esqui. A neve está assim!" e fez um gesto com a mão, simulando mais de um metro de altura.
Paciência. Se não dava, não dava. Vamos seguir em frente.
Saciada a fome, era enfrentar agora, com mais prazer, é lógico, a descida que se avizinhava:
O rosto penetrando o ar fresquinho causava uma sensação deliciosa. Era só controlar a velocidade para não exagerar e correr riscos desnecessários e curtir o longo declive.
Passamos, depois, sempre descendo, por alguns quilômetros já sem neve e com vegetação à beira da estrada, quando começaram a surgir várias pequenas cidades em sequência:
A paisagem ratificava as fotos dos cartões postais:
A parte final do dia, um trecho de 12 km de estradas de terra, em meio à vegetação, foi fantástico:
Chegamos às 17:30 h. O odômetro acumulava 191,21 km, ou seja, 65,59 km hoje.
Pernoitamos no Hotel Rätia, em Ilanz/Glion. Um quarto bem espaçoso, ótimo banheiro. Jantamos no próprio hotel, a la carte, que também estava bom.
Conhecemos aqui outra moça de Portugal, que trabalhava no hotel. Disse-nos que emprego em sua terra estava muito difícil e mal remunerado, por isso muita gente de lá vem trabalhar aqui. Mas na Suíça a vida é árdua, feita de muito trabalho e ela, por exemplo, tinha que atender o restaurante, o hotel e, nos intervalos, fazer arrumação. Dureza, né?
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