quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Circuito Serras de Ibitipoca - Volta das Transições - 3ª Etapa

3º dia - De Santa Rita de Jacutinga ao Vale do Funil - 10/09/2017

Nossa 3ª etapa equivale à 1ª descrita no site da Volta das Transições. 

Vamos levar boas lembranças da Márcia, proprietária da Pousada Portal de Minas, onde passamos a noite, pelo carinho e cuidado com que fomos tratados. O café da manhã foi muito bom e logo depois estávamos na rua, para começar o dia:

Foi um dia especial, pois fomos presenteados pela natureza com a visualização de belos exemplares de aves: canários e pavões!


Logo após a primeira subida do caminho, na saída de Santa Rita de Jacutinga, deparamo-nos com uma cena inusitada: um cavalo treinado que leva o leite retirado na propriedade de seu dono até o entreposto de recolhimento na cidade e volta para casa com os latões vazios. Com um detalhe: sozinho, sem ninguém lhe dizendo o que fazer: 
Em um pequeno trecho do caminho a rua foi calçada:

A mineirice do dia estava numa placa próxima a uma pousada:
O dia de hoje foi difícil, com muitas subidas. A partir do km 10, o caminho começa a margear o rio Preto, por cerca de 26 quilômetros. Do lado que estamos, à esquerda do rio, sentido jusante, é Minas Gerais, estrada de terra. Do lado oposto está o estado do Rio de Janeiro, município de Valença e uma estrada asfaltada.

Passamos por uma plantação de palmeiras da espécie juçara, da qual se extrai o palmito: 

Avistamos, num certo momento, à nossa esquerda, um grupo de pessoas que se divertia numa pequena praia, em um afluente do rio Preto: 
Algumas árvores ou arbustos despertaram nossa atenção pela beleza do porte: um ipê de flores amarelas, uma outra que é conhecida na região como "árvore de óleo" ou copaíba e uma primavera carregada de flores:


As paisagens mineiras do dia, sempre maravilhosas:








A ponte a seguir une MG e RJ. A primeira foto mostra a vista de quem sai da ponte, chegando em Minas Gerais:

Então chegamos à Fazenda Santa Clara, no km 17 do caminho. Era uma grande propriedade escravagista, segundo o nosso guia, a última a abandonar a reprodução de escravos, que continuou fazendo, mesmo depois da abolição. É um patrimônio histórico fantástico que, infelizmente, está em franca degradação. Para se aquilatar a ideia com que foi concebida, basta dizer que ela tinha originalmente 365 janelas, 52 quartos e 12 salas. É possível visitá-la, acompanhado de um guia, mediante uma taxa, podendo-se ver razoavelmente conservadas partes da casa, móveis, igreja interna, utensílios tais como malas de viagem da época, peças de cozinha e objetos de tortura e castigo dos escravos. 
Não vamos mostrar aqui estes últimos, pois são deprimentes. 
FACHADA DA FAZENDA
A senzala não tinha janelas. Vejam nas duas fotos seguintes, a parte interna, sem janelas e a parte externa, que simula a existência delas:

Na entrada, há diversos objetos de uso daquela época, tais como plantadeira, arreio, pedra de moinho, carro de boi, etc. Vamos mostrar apenas um carroça, para não ficar maçante: 
Por baixo do piso de pedras, as quais continham furos de uns 5 cm de diâmetro, na entrada da casa, passava um curso d'água, com objetivo de promover a refrigeração do ambiente. A entrada do senhorio e sua família era distinta da utilizada pelos serviçais e escravos. Os escravos "bons" ou mais chegados, podiam assistir os ofícios religiosos por trás de uma parede furada, existente em um canto da igreja. 
RÁDIO E CRISTALEIRA
Sala de namoro. Detalhe: a ordem para sentar era, da esquerda para a direita: o pretendente, a vó da moça, os pais  e, finalmente, a moça:

TANQUE
TACHO PARA COZINHAR A COMIDA DA FAMÍLIA

Lugar onde se jogavam os pés, as orelhas, os beiços e o rabo dos porcos abatidos, que acabavam se tornando a feijoada dos serviçais e escravos:

E chegamos, em seguida à cidade de Rio Preto. É o ponto mais baixo do circuito no dia de hoje, com 400 m acima do nível do mar. 
Daí para a frente, são 18 km de subida, chegando-se, ao final, a cerca de 1.100 m acima do nível do mar. Mas, para prosseguir, tivemos que pedir gentilmente: - Por favor, dona vaca, pode deixar a gente passar?
Observei, na chegada à Vila do Funil, o que parecia ser um caminho para subir a montanha: 
Isto vai ser devidamente esclarecido na próxima postagem. Chegamos logo após as 17 h e 30 min: 
No quarto, à noite, na hora de dormir, tinha um visitante inesperado, que queria dividir o espaço conosco. Deu muito trabalho para fazer com que ele desistisse... 
Não anotamos a quilometragem do dia, mas ficou por volta dos 60 km.
A Vila do Funil, onde passamos a noite, tem esse nome em razão de que o rio, em local próximo à vila, torna-se subterrâneo por cerca de 300 m, até reaparecer na superfície. É um lugar de difícil acesso, por isso não temos registro. 

4 comentários:

  1. Muito interessante a casa grande e a senzala.

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  2. É algo para ser visto, Ecedir. Verdadeira aula de história...

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  3. Caramba, que riqueza em história. Obrigada querido amigo, por compartilhar com seus fãs!

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  4. Eu é que agradeço a leitura, Claudia! Fico lisonjeado! Sobre a grande fazenda de escravos, há muitas e tristes histórias, que optamos por não incluir no blog. Quando estiver no circuito, faça uma visita guiada pela fazenda. Você vai saber tudo sobre a vida dos escravos e dos senhorios daquela época! Recomendo!

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