quarta-feira, 20 de julho de 2022

Estrada Real - Caminho Velho - Tiradentes a Caquende - 15 e 16/04/2022 - 9ª etapa

 Tiradentes/Santa Cruz de Minas/São João Del Rei/Rio das Mortes/Goiabeiras/São Sebastião da Vitória/Caquende

Resolvemos permanecer um dia a mais em Tiradentes, para conhecer melhor a famosa cidade turística. Passear por suas ruas calçadas por grandes pedras, admirar o casario colonial muito bem preservado e quase sempre com pintura impecável. O farto registro na Internet instigava nossa curiosidade. A Hospedaria Estrada Real não tinha vaga para mais um dia, por isso precisamos nos mudar e, por indicação deles mesmo, conseguimos vaga pelo mesmo preço (R$ 200,00/casal) na Pousada Aconchego de Minas, bem pertinho dali: rua Frei Veloso, 799, Pacu - telefone 21-3900-8783. 

Perambulamos por mais de 3 horas pelas calçadas estreitas e ruas irregulares, com seu característico calçamento implantado na década de 1950: 




A primeira foto acima é da ladeira que direciona para a Igreja Matriz de Santo Antônio, que se afirma ser a segunda do Brasil entre as que mais têm ouro nos adornos e objetos que a compõem. 



O chão estava forrado de folhas aromáticas, que exalavam um agradabilíssimo perfume no ar: 
Uma das atrações da cidade para os turistas são as carroças de passeio: 
Como se vê, são veículos grandes, puxados por apenas um animal. Assistimos a uma cena de maltrato ao cavalo, em que o condutor exigia que o pobre animal puxasse a carroça lotada e este, malgrado todo seu esforço, não conseguia. O homem desceu e instou insistentemente o cavalo a prosseguir, sem agredi-lo, entretanto, e assim que o bicho conseguiu sair andando, saltou de volta para o seu lugar. E lá foi o coitado que, a esta altura, considerou que seria melhor mover-se. O incidente me lembrou uma passagem literária, cujo autor não consigo me lembrar, mas que dizia mais ou menos o seguinte: um burro que puxava uma carroça empacou. O carroceiro mandava o burro seguir, mas ele não saía do lugar. Irritado, chicoteou o animal. O burro reagiu imediatamente e deu um par de coices na carroça. O carroceiro repetiu a chicotada e o burro repetiu o coice. Isso se repetiu várias vezes, até que o burro parou e resolveu andar. A conclusão que o autor chegou é que o mais inteligente parou primeiro. 
Outra atração, esta para as crianças, também estava a postos: 
Pretendíamos, se possível, efetuar o passeio da Maria Fumaça entre Tiradentes e São João del Rei, que ainda é mantido para fins turísticos. Porém, não o fizemos porque são apenas 2 horários por dia, um de manhã, outro à tarde. Já tínhamos perdido o primeiro e não poderíamos pernoitar em São João. As 
viagens são feitas sempre às sextas, sábados e domingos.
A Serra de São José, à qual pode-se fazer caminhadas por trilhas de várias extensões e graus de dificuldades, com visitas a cachoeiras e pontos de atração ecológicos, vista da Igreja de Santo Antônio: 
Cemitério antigo existente ao lado do templo: 
Belíssima fachada barroca da Matriz: 
Átrio repleto de turistas: 
Curiosa loja de fuscas e kombi para aluguel, que também não deixa de ser uma atração à parte: 

                   
Trata-se, podemos concluir, realmente de uma cidade lindíssima, com ampla infra estrutura turística, dotada de bons restaurantes, rede hoteleira, comércio variado, lojas de artesanatos diversos, agências de passeios, cultura artística e religiosa, museus, enfim. Não tem preços exorbitantes, entretanto, sendo acessível a cidadãos de todas as classes sociais. Há produtos e serviços exóticos e caros, tanto quanto coisas mais simples e populares, como alimentação de auto serviço, a quilo, a preço justo.

Partimos na manhã do dia seguinte, com tranquilidade, porém bem cedo para os nossos padrões, em direção a São João del Rei. Todo o trecho a gente segue aos pés da Serra de São José. O caminho é, do início ao fim, calçado com pedras no estilo "pé de moleque", ao qual já me referi várias vezes anteriormente. Portanto, pedal lento, pois carregamos nossa bagagem, e não muito agradável, pelos contínuos solavancos. Às 07:45 h atravessamos o portal da primeira cidade do dia, Santa Cruz de Minas: 
Mais cinco minutos de pedal e um espetáculo gigante da natureza se oferece ao viajante: a cachoeira Bom Despacho: 
Logo depois chegamos a Santa Cruz de Minas: cidade simples, limpa e bonita: 
Menos de meia hora e estávamos em São João del Rei. Demos uma pequena circulada pela progressista cidade, terra natal do famoso político Tancredo Neves: 

Representação de São José

Igreja de N. Sª. do Carmo

Ponte do Rosário sobre o Córrego do Lenheiro

Santuário São João Bosco

Ponte dos Suspiros

Teatro Municipal
Mas, como o pedal do dia seria longo, não nos demoramos muito em São João. Seguimos em frente pela estrada de asfalto, sem acostamento, intensamente movimentada, perigosíssima, passando sufoco com o tráfego. Não é que não tinha acostamento, tinha. Mas o mato estava tão alto, a maior parte do tempo, que não havia como pedalar por ele, com exceção de alguns pequenos trechos onde se formava um simulacro de trilha, geralmente esburacada e sem continuidade. Nesse dia passei um dos maiores sustos da minha vida. Estava pedalando numa subida, portanto lentamente, quando ouvi vários bi-bi-bi vindos de trás, que eu supus ser algum motociclista, muitos deles nos cumprimentam quando nos encontram ou passam por nós. Porém, era um caminhão imenso, que não se afastou da margem da estrada, mesmo não havendo veículos em sentido contrário e passou quase que se esfregando em meu braço esquerdo. Minha esposa que vinha mais atrás, gritou, assistindo a cena, pois imaginou o pior e eu tive que dar uma parada para o coração se acalmar. O cuidado com o tráfego teve que ser intensificado e gastamos, para chegar a Rio das Mortes, cidade onde nasceu Nhá Chica, o mesmo tempo que um corredor que treinava no local, fazendo o mesmo percurso: 40 minutos. 


Felizmente, saímos da estrada a partir daí, seguindo as indicações da ER, agora por caminhos de terra e, às vezes, de água:

E para enfrentar os mata burros longitudinais, só descendo e empurrando, não dá para arriscar...

Chegamos em São Sebastião da Vitória após as 13 horas. Paramos num posto para comer alguma coisa e prosseguir viagem: 
A cidade tem suas curiosidades: 
Era o último aglomerado urbano antes de chegar ao nosso destino. Igreja principal da cidade: 
Paróquia de São Sebastião
Depois de atravessar a cidade, seguimos por estradas largas e boas. Atravessamos fazendas, uma delas por dentro do curral, onde havia um tanque com água corrente para dessedentação dos animais. Algumas paisagens ficariam bem em cartões postais: 


Brincando com a sombra:

Já eram quase 17 horas quando nos aproximamos da represa de Camargos, às margens da qual está Caquende: 


Não havia vaga no Rancho do Arrudão, único local para estadia em Caquende. Não ficamos ao relento graças ao novos amigos da ER, Amanda e Rodrigo, os quais havíamos conhecido na Pousada da Dona Madalena, em Casa Grande, que nos permitiram pernoitar no quarto deles, onde havia uma cama extra.
O rancho é uma pousada, cujo proprietário tem uma história interessante. Carioca, percorreu a ER de moto e, quando passou por Caquende, encantou-se com o lugar. Prometeu voltar e, quando o fez, foi para ficar em definitivo. Comprou o imóvel, imiscuiu-se na cultura local, cujo povo é constituído de famílias aparentadas e atualmente confunde-se com a gente nativa. Sua participação nos eventos locais é total e, como era sábado de aleluia, carregava o judas na festa da malhação: 
Após o banho, saímos para jantar e fomos saborear a famosa comida do Bar e Restaurante Casa Mineira, cujas especialidades são macarrão na chapa e caldos. Uma delícia! O curioso é que a Internet não funciona no local, daí não podíamos pagar a conta com cartão de crédito. Sem problemas, disse o proprietário. Quando chegarem na pousada, vocês fazem um pix... A história se repete! Que maravilha que é esse Brasil! 
Na marcação do Relive foram 59,1 km: 

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