1º de junho, quarta-feira – Ontem, quando saímos para jantar, fazia tanto frio que eu nem conseguia controlar o queixo. Entramos no primeiro restaurante que encontramos e dissemos: Vai ser aqui! Comemos bem (e caro: 48,75 euros), mas nos protegemos do frio. Na hora de ir embora,só correndo! Ainda bem que era pertinho!
O dia continuou muito frio, hoje. De manhã, 5ºC. E um vento cortante o tempo todo. Levantamos por volta de 7 h. Às 8 h saímos procurando duas coisas: um lugar com Wi-Fi para postarmos as informações dos dias anteriores e outro para tomarmos café da manhã. Demos sorte: encontramos as duas coisas num lugar só. Enquanto tomávamos café, conseguimos postar o texto anterior, mas ao tentar colocar uma sequência de fotos, a Internet caiu e perdemos todo o trabalho. Aí fiquei sabendo que, sendo uma rede pública, gratuita, ela é derrubada de vez em quando para evitar que se baixem filmes e coisas do gênero. Sem avisos.
Pedalamos,salvo engano, cerca de 75 km hoje. Tudo muito plano, com nenhuma subida forte. A saída de Carrion de los Condes é por uma estrada vicinal asfaltada. Mas, como já falei anteriormente, quase sem trânsito. Depois o Caminho vai-se alternando entre trilhas de terra batida misturada com pedriscos brancos, cercada por plantinhas de pequeno porte, ou às vezes, com uma fileira de árvores plantadas em uma das laterais. Na outra, uma pequena cava recoberta por vegetação bem baixa, separando a trilha de uma estrada asfaltada. Esta última é a que mais ocorre. Há trechos também em que a trilha fica bem rústica, tipo assim, como se fossem dois caminhos de vacas paralelos, com matinho no meio, na esquerda e na direita.
Passagem curiosa de hoje: paramos para comer um lanche em Sahagun. Um senhor chamado Felipe pos-se a conversar conosco, animadamente, falando sem parar. Elogiou nosso “espanhol”, querendo saber até quanto havíamos estudado para falar e entender tão bem assim. Às vezes não entendíamos quase nada, mas conseguíamos sacar alguma coisa, e a conversa foi fluindo. Ele estava bravo com uns holandeses que, segundo ele, não falavam espanhol – “como vêm fazer o caminho e conversar comigo, se não falam uma palavra em espanhol?”, e criticou a situação do país; explicou a crise espanhola, quis saber qual era a moeda do Brasil, e por aí foi... Segundo ele, “todo mundo quer ser igual , quer ter casa, como isso é possível?” Tem 80 anos de idade e caminha diariamente por ali. Uma figura. Enquanto comemos ele ficou conosco, falando. Só foi embora quando nós resolvemos prosseguir.
Vamos dormir hoje em um albergue de Reliegos. Estamos em um quarto grande, com 11 beliches, muitos encostados uns nos outros. Há outro quarto grande como esse, que deve ter o mesmo tanto de beliches. Temos que deixar o calçado sujo da caminhada/pedalada em baixo, numa salinha especial para isso. Os banhos são em chuveiros colocados em compartimentos no térreo, sem separação para homens e mulheres, próximos à lavanderia, onde há tanques à disposição dos peregrinos. O tempo para o banho é limitado; não marquei quanto demora, mas de repente e chuveiro seca automaticamente. Aí, quem não terminou o banho...
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