Bem, como já disse, a Pousada do Peregrino, em Águas da Prata, não serve café da manhã. O jeito é procurar uma padaria ou uma lanchonete, para a primeira refeição do dia. É, porque o dia não vai ser nada fácil... É muito importante tomar um café reforçado, com frutas e cereais, se for possível. E para aqueles que vão pedalar todo o dia e não desejam perder tempo com o almoço, é bom mandar preparar uns sanduíches para ir comendo pelo caminho conforme vai dando fome.
A saída se faz cruzando a linha de ferro e pegando a via que contorna a montanha. Antigamente não era assim. Faziam a gente subir aquele morro ali para descer do outro lado. E a subida, através do bosque, até que era agradável no início. Vejam, na foto 1, a cidade ficando para trás. E depois, na foto 2, como era íngreme e complicada a subida: pedras, tantas pedras, que às vezes era até difícil empurrar a bicicleta. E a descida, do outro lado da montanha, não tinha caminho, nem trilha, nada. Era só um pasto, com grandes pedras e muito capim. E quando chegava ao pé da montanha, tinha que passar a bicicleta por cima da cerca de arame farpado. Mas, isso é coisa do passado. Hoje você contorna a montanha e logo encontra trechos agradáveis, como os das fotos 3 e 4.
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E pouco mais de uma hora depois,
chegamos à cascata Ponta da Pedra (foto 5).
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Daí você passa pela base da montanha, utilizada pelos praticantes de paraglider. Daí para a frente, até chegar à Pousada Pico do Gavião, costuma haver um trânsito relativamente intenso, por causa do pessoal que se movimenta entre a pousada, onde se hospedam, e o local dos saltos e vice-versa. E eles são “velozes e furiosos”. Tome cuidado!
Logo, logo, vamos chegar a divisa São Paulo/Minas. É outro lugar encantador, embora às vezes nossa ousadia em querer cruzar o riacho através da água (foto 7), às vezes nos custa um banho inesperado (foto 8). Há uma passagem através de uma pequena ponte ou pinguela, mas que tem largura suficiente até atravessar pedalando (foto 9).
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E agora? Como vamos passar por ele?
No local a estrada havia sido recortada em meio à pastagem e seu leito apresentava uma profundidade de pouco mais de um metro. Sugeri que colocássemos as bicicletas sobre o barranco e contornássemos o touro, procurando evitar que ele nos visse. E foi o que fizemos. Devagar, abaixando-nos e empurrando as bicicletas, tentando fazer o mínimo de barulho, passamos. Logo à frente, voltamos para a estrada e continuamos, deixando o touro para trás. Mas se fosse um local entre árvores de uma floresta, como o que vem logo em seguida (foto 10), não sei o que faríamos. Talvez tivéssemos que esperar até o touro ir embora, ou voltar... Mas isso não estava no programa!
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Aqui o Caminho sofreu outra mudança. Anteriormente, a gente retornava uns 600 metros pela mesma estrada que chegamos e virávamos à esquerda, cruzando uma floresta bem densa, onde já chegamos a ver um bando de macacos saltando pelas copas das árvores, e descendo por 10 km até Andradas. Hoje, a gente sai da Pousada e continua, na mesma direção que vinha, rumo à estrada asfaltada. Confesso a vocês que ainda não passei pelo novo trecho. A última vez que passei por ali, já estava anoitecendo e tivemos que seguir pelo asfalto, para tentar chegar à cidade ainda com a claridade do sol.
Andradas (foto 14) é uma cidade simpática e você pode carimbar a credencial em dois hotéis especificados no Guia do Caminho. A gente sempre para no Grande Hotel, pela facilidade de estar onde temos que passar.
A saída de Andradas, depois de cruzar a cidade, já começa com subida. E aí, vão-se alternando descidas, subidas íngremes e pequenos planos. Após o km 278, inicia-se um trecho de dois quilômetros de um aclive bem forte. A partir daí são cerca de três quilômetros de trecho plano com pequenas subidas, passando pela pequena localidade conhecida como “Serra dos Limas” (foto 15), prosseguindo até chegar á Pousada da Dona Natalina, depois do km 273.
Dona Natalina é pura simpatia: faz tudo para agradar. Desde seu simples, porém delicioso jantar até o generoso cuidado com o peregrino e a preocupação de que todos fiquem bem e possam descansar para reiniciar a jornada na manhã seguinte. Nós somos testemunhas desse cuidado: desde a primeira vez que viemos, ela já melhorou muito as instalações que oferece aos peregrinos: ampliou a casa, construiu dois banheiros, colocou portas nos quartos, instalou TV na salinha de estar, entre outras coisas.
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Em uma das vezes que passamos a noite ali, naquela gostosa conversa com outros peregrinos, um deles contou uma história muito engraçada. Quando ele resolveu fazer o Caminho, contou com o apoio de sua esposa, que carinhosamente preparou a mochila dele para a viagem. E preparou mesmo uma “mala de viagem”, com tudo o que ela achou que ele necessitaria: pijamas, moletom, calçado extra, etc. A mochila dele ficou tão pesada que ele tinha a maior dificuldade para se locomover. Sua mochila estava pesando uns 15 quilos! E em conversa com outros ciclistas, estes lhe disseram que não precisaria nada daquilo, bastariam os apetrechos básicos, com o mínimo de peso possível. Havia um pessoal com um jipe, que se prontificou a despachar seu excesso de bagagem pelo correio, de volta à sua casa. Bem humorado, ele separou o que havia em excesso para mandar de volta e ele mesmo fez muitas brincadeiras com sua condição, provocando boas gargalhadas na turma, antes de dormir...
FOTO 15 |