sexta-feira, 30 de maio de 2014

Caminho das Missões - 4º dia - 1ª parte - de São Luiz Gonzaga a São Lourenço Mártir

Temos muitas fotos no quarto dia, por isso vou dividir a narrativa em duas partes, porque fica inviável tudo de uma vez. 
O percurso completo do dia perfaz 70 km, começa em São Luiz Gonzaga e termina em São Miguel Arcanjo. Nesta primeira parte, chegaremos até o sítio arqueológico de São Lourenço Mártir.
O dia começou nublado, mas a neblina nâo tinha a intensidade de dois atrás:
Já de luvas novas, embora sem a qualidade das que perdi (tivemos que comprá-las em São Luiz e não foi fácil encontrá-las): 
Pedras, pedras...
As sombras da manhã, com o sol ainda não muito alto, se prolongavam no solo:
E o caminho, que na maior parte do tempo é cheio de pedras, algumas vezes se apresentava liso e a bicicleta deslisava sem muitos solavancos:
E até, numa das raras vezes que isso aconteceu, foi possível pedalar à sombra:
Nesta foto, focamos mais na estrada, para mostrar o piso como é na maior parte do tempo:
Dona Nara, apoiadora do Caminho e que disse que os peregrinos alegram a sua vida, pois trabalha com o marido no sítio e quase não tem oportunidade de sair de casa. Tentou nos ajudar, ligando do seu telefone para pessoas à frente, onde poderiam nos servir almoço. Infelizmente, sem sucesso!
O roteiro do caminho diz para perguntarmos sobre as lendas locais. Mas D. Nara disse que quem conta as histórias é o sr. Olinto, seu pai. Mas ele não mora ali e só vem quando é informado que há grupo de peregrinos. O Caminho não informou, nós não sabíamos que funcionava assim e ficamos sem as histórias... 
Um pouco à frente da casa de D. Nara, há esta cruz, que indica o local onde ocorreu uma grande batalha da Revolução Federalista:
E chegamos ao sítio arqueológico de São Lourenço. Graças ao roteiro do Caminho, porque não há sinalização na estrada. Aliás, falamos disso ao vigilante que disse que, de fato, está faltando placas de indicação e orientação ao turista. 
Aqui, a área está cercada, há vigilância e uma preocupação maior com as ruínas. Esta é a fachada do local e o hospitaleiro vigilante:
Há uma pequena sala na entrada, onde estão peças recuperadas nas escavações. Vejam a riqueza de detalhes da cerâmica:
As próximas três fotos mostram distintos locais das ruínas:



Vejam nesta foto o detalhe do corte reto no pórtico, para se ter uma ideia de quão avançadas eram as técnicas de trabalho nas pedras utilizadas pelos índios guaranis: 
Mais alguns aspectos das ruínas:



Aqui, uma visão mais ampliada, podendo ser observado o muro que circundava a área do cemitério:
Mostra dos túmulos, podendo-se notar alguns bem antigos. Este cemitério ainda é utilizado pela comunidade e os mortos da cidade são enterrados aqui:
Detalhe de túmulo muito antigo:
 Parede de pedras:
 Paredes recuperadas (ver detalhes da numeração nas pedras):
O mesmo local, fotografado de um ponto mais distante:
Detalhe de uma placa de pedra existente no local:
E para encerrar esta primeira parte do dia, vejam no painel como teria sido a Redução de São Lourenço. 
Um detalhe interessante é que era reservada uma ala da cidade, onde eram isoladas todas as viúvas, que não continuavam morando com as famílias, quando o marido falecia. 
Haviam oficinas, igreja, colégio, habitações, praça central, armazéns, casa dos padres, cemitério, pomar grande, horta, tudo cercado por muros:
Na próxima postagem, o sítio menos destruído existente no Brasil: o de São Miguel Arcanjo.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Caminho das Missões - 3º dia - de São Nicolau a São Luiz Gonzaga

O caminho percorrido no terceiro dia foi mais curto e desprovido de maiores novidades ou acontecimentos que mereçam registro, como vamos mostrar a seguir. Foram "apenas" 50 quilômetros e enveredamos por uma região onde predominam as plantações, por isso há pouca vegetação e grandes áreas de terra arada, o que não representa atrativo visual, especialmente porque estamos na entressafra e o que se vê são muitas terras nuas.
Assim, para preencher qualitativamente o espaço, vamos contar resumidamente a história dos Sete Povos das Missões.
O dia amanheceu claro, ao contrário do dia anterior:
Encontramos, hoje, uma das poucas placas indicativas do caminho:
Mesmo havendo menos matas nesta parte do caminho, os pássaros continuam nos fazendo companhia: desta vez eram pássaros pretos de peito amarelo:
Ao menos certos trechos do caminho não tinham pedras:
E como também não há serras, tudo se constituía em subir e descer as pequenas variações de altitude, pedalando quase o tempo todo: 
Chegamos à casa de D. Irene Roth, apoiadora do caminho, que nos recebeu com alegria e quitutes muito gostosos. Enquanto estávamos lá, chegaram mais pessoas da família. Então registramos as quatro gerações presentes: D. Irene, sua mãe, sua filha e sua neta:

O azar foi que eu tirei as luvas na casa da D. Irene e deixei-as sobre o alforje. Quando saímos, esqueci de calçá-las e saí pedalando. Logicamente, eu as perdi:
Nesta região do Estado, em que as cidades são relativamente distantes umas das outras, as comunidades possuem seus próprios cemitérios, que ficam assim, às vezes fechados apenas por cercas de arames:
E o Rio Grande é uma imensa planície...
Uma característica dos habitantes desta região é que todos, praticamente sem exceção, possuem pomares em suas casas rurais e em todas a gente sempre via pés carregados daquela mexerica enredeira, como a conhecemos aqui ou bergamota como a conhecem lá e eu estava já com muita vontade de saborear algumas, porém não tinha coragem de pedir. Obviamente, nem de pegá-las sem autorização. 
Chegamos, por volta de meio dia, à casa de D. Antônia e seu marido Ronil. E fomos tão bem recebidos que acabei pedindo-as a ela, que prontamente encheu uma pequena bacia com as frutas colhidas diretamente no pé e nos ofereceu. Matei minha vontade!
Perguntamos se havia condições de preparar almoço para nós e ela disse que poderia fazer alguma coisa.
Um pouco mais tarde, almoçamos com ela e havia, na mesa, um prato que continha uma coisa amarelada, ligeiramente dura, picadinha, que não conseguíamos identificar o que era, mesmo comendo e achando bom.
Quando perguntada o que era, D. Antônia só ria.
- Fígado de frango? ... Rim de boi? 
E D. Antônia só dava boas risadas. 
- Podem comer, não é afrodisíaco...
O Sr. Ronil dizia que era uma coisa ou que era outra, sem firmeza.
Estava desconfiado, ainda mais quando ela disse:
- Depois do almoço eu conto! 
E ria a mais não poder.
Eu olhava para aquela coisa no meu prato, já tendo os pensamentos mais obscuros sobre a tal comida:
- Moela?
E tome risadas...
Não aguentei e perguntei: 
-É saco de boi?
E era, admitiram, caindo na gargalhada e confirmando a minha desconfiança. Agora já era. Já tinha comido e tinha que comer o restante que estava no meu prato, para não dar vexame...
Depois explicaram: quando os bois são castrados, os órgãos de reprodução são retirados e cozidos e é uma comida muito apreciada pelos gaúchos.
Que figuras, D. Antônia e o sr. Ronil:
Despedimo-nos e prosseguimos. Esta ponte, com seta indicativa do caminho, é sobre o rio Piraju:
 Logo chegamos a São Luiz Gonzaga, onde pernoitaríamos em um hotel:
Logo na entrada da cidade há uma gruta:
E como falei no início, para compensar a rara presença de belas fotos neste dia, eis um resumo da história missioneira:
Os jesuítas, de origem espanhola, fundaram na América do Sul um grande número de cidades, onde muitos índios guaranis, atraídos pelos padres, passaram a viver e trabalhar. No Rio Grande do Sul, como já falei, haviam sete delas, que pertenciam à Espanha, segundo as fronteiras estabelecidas pelo Tratado de Tordesilhas. A parte que pertencia a Portugal, começava, no sul, por Cananeia. 
Porém, Portugal tinha pretensões de expansão e o rei mandou construir uma colônia na foz do rio da Prata, do lado oposto a Buenos Aires, onde atualmente é o Uruguai.
Em 1679, o governador do Rio de Janeiro, atendendo à ordem real portuguesa, fundou a Colônia de Sacramento no estuário do Prata.
A colônia, nesse local, propiciava o contrabando pelos comerciantes portugueses e ingleses, de gêneros produzidos no Brasil, tais como açúcar, tabaco e algodão, para o lado argentino, em detrimento da ordem espanhola de proibir o comércio, por estar em litígio com Portugal. Além de que os ingleses, aliados dos portugueses, constituíam uma ameaça à passagem da prata, trazida pelos espanhóis do Peru. 
Então, para a Espanha, era uma questão de vida ou morte ter o domínio total do estuário.
Assim, com esta intenção, foi firmado o Tratado de Madri, em 1750, através do qual Portugal cedia a Colônia de Sacramento à Espanha e em troca recebia o Rio Grande do Sul, parte de Santa Catarina e do Paraná, além de todas as terras desabitadas ao norte do rio Paraguai, onde é hoje o Mato Grosso e a Amazônia, passando o rio Uruguai a constituir-se na fronteira natural entre as possessões dos dois países na América do Sul: a oeste, Espanha, a Leste, Portugal. 
E por estarem nestas áreas do Rio Grande do Sul, os Sete Povos das Missões passaram, pelo tratado, a ser de Portugal.
Só que Portugal exigiu a saída dos índios e dos jesuítas, para oeste do rio Uruguai, onde já existiam muitas outras reduções, ou para a colônia de Sacramento. Mas, os índios não quiseram se mudar, no que foram apoiados pelos jesuítas, que sofriam com o assédio dos bandeirantes, à caça de escravos.
Ninguém pensou na mudança de 30 mil índios e 700 mil cabeças de gado. Ou os consultou sobre isso.
Então, Portugal e Espanha se uniram para fazer valer o tratado, mandaram exércitos que se juntaram e atacaram os índios, tudo terminando em 1754, com a batalha final na região de São Miguel Arcanjo, culminando com a morte de mais de 1.500 índios. O chefe deles, Sepé Tiaraju, havia sido morto 3 dias antes. 
E os jesuítas que não foram também mortos nesta que ficou conhecida como Guerra Guaranítica, acabaram expulsos do Brasil e proibidos de entrar na colônia portuguesa.
Hoje, tristemente, vemos as ruínas do que restou destas magníficas cidades e imaginamos o que poderiam ser atualmente, não fosse a ganância e os interesses escusos das potências da época...



segunda-feira, 26 de maio de 2014

Caminho das Missões - 2º dia - da Fazenda Ibrisch a São Nicolau

O segundo dia amanheceu completamente nublado. E o que íamos perceber depois é que aquilo ia durar até o meio dia. 
Tomamos o café da manhã na fazenda Ibrisch e nos despedimos da Fernanda, pegando novamente a estradinha. Estava fresquinho, mas não chegava a fazer frio. A distância prevista para o dia era de 69 km e iríamos conhecer nosso primeiro sítio arqueológico, em São Nicolau.
O registro a seguir foi feito numa barragem:
As marcas das chuvas da semana anterior permaneciam em todos os lugares. Eu só esperava é que não encontrássemos mais enchentes ou poças para atravessar...
Uma das coisas mais agradáveis dos trechos com vegetação é a companhia dos pássaros, constante. Neste aqui, um bando de pica-paus...
Cruzamos neste trecho com um caminhão branco. Eu estava à frente, passei por ele e continuei. Mas, o motorista falou com a Eros e ela parou. Era o mesmo caminhão que estava parado naquele trecho de enchente que comentei ontem. Eles esperaram a água baixar e conseguiram atravessar o alagamento por volta de 1 hora da tarde. Como trabalhavam na região, perguntamos se conheciam D. Preta, uma senhora que é citada no roteiro do Caminho como "pessoa atenciosa, que gosta de conversar com os peregrinos". Mas nos disseram que ela não estava em casa. Agradecemos, despedimo-nos e prosseguimos.
A umidade da neblina era tanta, que produzia gotículas nos pelos dos braços:
O pneu traseiro de minha bicicleta estava um pouco murcho e eu tinha preocupação com as pedras que poderiam, numa passagem mais forte, furar a câmara de ar, ao pressioná-la contra o aro. Procurava um lugar onde pudesse enchê-lo e encontramos finalmente na Comunidade de São José Velho, 18 km depois. No posto de gasolina, tentamos encher o pneu, mas quem disse que o adaptador do bico se abria? A água do dia anterior havia iniciado um processo de ferrugem e o adaptador metálico do bico fino estava travado. Mesmo com toda a força de minhas mãos, não conseguia abri-lo. Precisávamos de um alicate e eu não o tinha entre minhas ferramentas. Próximo do local havia uma oficina e ali, com a preciosa ajuda do proprietário, conseguimos soltá-lo e encher o pneu, felizmente. E colocar um óleo para evitar que voltasse a emperrar. 
Não havia no roteiro do dia indicação de local para almoço, por isso procuramos saber se ali poderíamos comprar alguma coisa para comer mais tarde. A única coisa que tinham eram pastéis. Nada de sanduíches ou refeições. Então, compramos dois, dos grandes, reabastecemos as garrafas de água e prosseguimos:
Para nossa agradável surpresa, logo a seguir passamos por um trecho de estrada completamente sem pedras. Que bom se continuasse assim:
Quando deu fome, paramos para comer. Na beira da estrada mesmo. Depois do pastel, uma maçã de sobremesa...
Prosseguimos em direção a um local conhecido como Barreiro, nome dado por causa do barro cujas propriedades são tidas como medicinais. Chegamos então a uma mata:
No meio da mata, com as marcas da última enchente bem nítidas nas árvores, local conhecido como Pontilhão do Barreiro:
E as surpresas continuam. Com esta visão aí, parei a bicicleta e fiz a Eros parar também. Tranquilamente a cobra tomava sol e nem se mexeu com a nossa presença. Ficamos com receio de passar do lado, afinal, que reação poderia ter o bicho? Tentei espantá-la jogando pedacinhos de terra, mas não esboçou a menor reação. Então, decidimos passar com cuidado e foi isso que fizemos. Mais uma vez, felizmente, nenhuma reação!
Uns 3 km à frente chegamos à propriedade do Sr. Chico, onde o roteiro do caminho sugere ser "um bom lugar para descansar e tomar banho no rio Uruguai ou fazer um passeio de barco". Tomar banho nesse riachinho aí? Huh, tô fora! Descansar e andar de barco, não teríamos tempo. Acabamos nem parando!
A partir daí o caminho envereda pelo campo. Atravessamos uma porteira de arame e madeira e seguimos. Este trecho a Eros diz que é para reencontrar e falar com os duendes: 
 Prosseguimos pela trilha, cada vez mais rústica, desviando das poças: 
Então, nos deparamos, maravilhados, com este trecho onde se espalhavam singelamente em grande quantidade pequenas flores amarelas e cor de rosa:
O local, muito bonito, precisava ficar registrado:
Um pouco mais à frente, mais um campo colorido, desta vez, totalmente cor de rosa:
Os trechos bonitos do caminho a gente ia gravando:
Tivemos uma pequena confusão, quando um mata burro citado no roteiro não foi encontrado. Trata-se de um trecho que antecede a chegada à casa do Sr. Ramão, que dá apoio ao caminho. Por não encontrarmos o mata burro na distância citada pelo roteiro e por visualizarmos outro, uns 500 metros à frente, passamos direto pela casa, que fica afastada da estrada, à direita. Só víamos uma outra casa, à esquerda, depois do outro mata burro. Só resolvemos o problema depois de bater e perguntar na segunda casa. Uma senhora gentilmente nos mostrou onde era a casa do Sr. Ramão e então pudemos perceber a causa de tudo: o tal mata burro do roteiro não existe mais. 
De volta ao caminho certo, continuávamos registrando os trechos mais bonitos:
Muitas vezes são citados trechos muito curtos no roteiro e não dava para ficar parando o tempo todo para marcar os já percorridos. Então, quando parávamos, várias vezes não sabíamos exatamente onde estávamos. Assim, certas coisas citadas no roteiro a gente nem localizava. Mas, era impossível não identificar a "barca dos crentes", quando chegamos nela. Ela é utilizada, pelo custo de R$5,00, para atravessar o rio Piratini. Sem motores, sem ninguém puxando, o que move a balsa é a força da correnteza. Vejam na foto: a parte de trás da balsa é deixada mais afastada do cabo de aço guia e a parte da frente fica mais próxima. A água, batendo no costado da balsa, a impulsiona para a frente, enquanto o condutor, tranquilamente, só observa. Para voltar, ele reduz a distância onde era mais larga e alarga onde era estreita. A balsa fica em posição obliqua, ao contrário da que mostra a foto, com a parte voltada para a margem oposta pertinho do cabo guia e a outra parte mais afastada. Bem simples, ecológico e eficiente, não é?  
Chegamos em São Nicolau por volta de 5 horas da tarde e por estarmos com muita fome, fomos direto ao Restaurante do Dito, citado no roteiro. Fomos recebidos por Dona Cleida, que nos disse que não esperava ninguém, pois não tinha sido avisada de nossa chegada. Perguntamos se ela tinha alguma coisa para comermos, afinal não havíamos almoçado. Ela disse que poderia nos fazer cachorros quentes, o que concordamos rapidamente. Para o jantar, mais tarde, ela disse que só poderia preparar pizza, pois, por não ter sido avisada, não tinha outras coisas para cozinhar. Sem alternativa, concordamos também e marcamos para as 8 horas da noite. 
Depois de comer os sanduíches, fomos para a Pousada dos Jesuítas, onde o caminho havia reservado nosso pernoite. Fizemos o check in, tomamos banho e saímos para conhecer a cidade. 
Já havia anoitecido e então acabamos chegando a um pequeno museu, que estava aberto e iluminado, contrastando com a luz pouco eficiente das ruas. Ali conhecemos Ana Paula, Secretária Municipal de Turismo do município, que foi extremamente gentil e nos contou muito sobre a história missioneira:
Disse que estava nos esperando, por isso permanecera com o local aberto. Então ela foi nos mostrando o local e explicando que os índios guaranis já trabalhavam a madeira e a pedra, mas nas reduções jesuíticas tornaram-se exímios entalhadores. 
O arenito, uma pedra que existe abundantemente na região, era usada na estrutura das construções e nela eram entalhados os nichos, relevos, estátuas e balaustradas que decoravam as construções. 
Também esculpiam peças tais como pias batismais, lavatórios, pias de água benta, relógios solares e fontes, muitas vezes cheios de motivos barrocos.
Na concepção de um artista, a Redução de São Nicolau deveria ter sido assim:

Infelizmente, as ruínas em São Nicolau foram saqueadas e as pedras e utensílios tiveram várias destinações, inclusive foram usadas por moradores da cidade atual para construir casas. Quando se começou a falar em preservação,  cobriram as paredes com reboque para encobrir as pedras. Sabe-se disso pela grossura das paredes, não porque alguém tenha admitido. 
Esta era uma pia em formato semi-circular, decorada interna e externamente com motivos de ramos, folhas e flores e que possui, na base, encaixe para pedestal:
Nesta foto, pedras que utilizavam em baladeiras e tipos de piso que fabricavam e usavam em suas construções:
Alguns formatos de pisos que produziam:
Eram também ótimos artesãos na tecelagem de algodão e lã, além da elaboração de objetos de argila, madeira e metal:
Conforme combinado, jantamos aquela noite no Restaurante do Dito, degustando a pizza preparada por Dona Cleida e com a companhia da Ana Paula:
No dia seguinte, de manhãzinha, antes de sair para o pedal, visitamos, em companhia da Ana Paula, o que sobrou das ruínas da Redução de São Nicolau:
Vejam que curioso. encontramos neste e em outros sítios esta situação. Uma árvore cresce e "engole" uma parede de pedra:
Em São Nicolau, muito pouca coisa sobrou do que era a Redução Jesuítica e está localizada bem na praça central da cidade:
A única coisa que restou sem destruição foi a adega dos padres (próximas duas fotos):
A prefeitura protegeu o local que permanece tal como era:
Na igreja da cidade estão três imagens que foram salvas. Vejam a riqueza dos detalhes e as expressões dos rostos, obras de verdadeiros artistas...