quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Por que este blog? (O Caminho da Fé - 1º e 2º dias)

Por que este blog?
Vou pedalar, juntamente com minha esposa, pelo Caminho Francês de Santiago da Compostela, na Espanha e, seguindo uma sugestão de colegas de trabalho, pretendo fazer um relato diário, ilustrado, das etapas que for percorrendo.
Ao invés de ficar telefonando para a família, os filhos e outras pessoas que quiserem, poderão acompanhar-nos diariamente pelo blog. Além disso, pretendo que seja um retrato bem fiel do caminho e que poderá servir de orientação para outros bicigrinos.
Enquanto não chega o dia, vou colocando aqui relatos de trilhas que fizemos e que colaboraram eficazmente para a inserção do ciclo turismo em nossas veias e que nos fazem querer ir cada vez mais longe, literalmente.
Uma dessas trilhas foi o Caminho da Fé. Para quem nunca ouviu falar, une diversas cidades do estado de São Paulo a Aparecida do Norte, através de fazendas, estradas rurais, trilhas e até trechos por asfalto, através da serra da Mantiqueira, no sul de Minas Gerais.  Já o percorremos completo duas vezes. A primeira, em 10 vigorosos dias e a segunda, curtindo muito, em 13.
Vamos falar hoje da primeira viagem em julho de 2008. Foram 597,26 km, contando com os erros que cometemos. Veja a prova:
Saímos de Ribeirão Preto, no 1º dia, fugindo de um pretenso ladrão de bicicletas, que nos seguiu passando informações pelo celular. Desviamos, saindo da Avenida Francisco Junqueira e cruzando por ruas internas na Ribeirânia, passando inclusive pelo estacionamento do Wal-Mart e saindo já diretamente na Anhanguera, ao invés de seguir pela Celso Charuri. Conseguimos despistá-lo, pois não o vimos mais. Seguimos na estrada até Cravinhos, onde pegamos as credenciais e fomos, com justo orgulho, os primeiros ciclistas a iniciar o caminho naquela cidade. Nossas credencias eram as de números 01 e 02! Aqui o caminho segue à margem da estrada, circundando ou se esgueirando por canaviais e estradas de terra, até a entrada de São Simão. Cruzamos a estrada, pegamos a de São Simão e poucos metros adiante, saímos dela para entrar na marginal, atravessando a cerca de arame em um passador, sob pinheiros que formam uma bela e prazerosa alameda. Vejam as fotos:


O caminho continua por carreadores de cana, neste trecho com muita areia, o que dificulta muitíssimo a pedalada. Passamos por uma fazenda, onde há uma porteira de madeira que, na ocasião, estava trancada com cadeado, fazendo com que passássemos as bicicletas por cima dela. Após uma subida, ainda por uma estradinha rural muito boa, chegamos a São Simão, mais precisamente no Hotel São Simão, onde nos instalamos. Jantamos numa pizzaria, tomando um delicioso vinho da casa. No 2ª dia, fomos até Tambaú, passando antes por Santa Rosa de Viterbo. Esta etapa, no início, é pelo acostamento de uma estrada asfaltada, em aclive. Daí entramos à esquerda, margeando um eucaliptal, trecho esplêndido, onde se respira um ar puríssimo e revigorante (3ª foto). Seguimos depois por um canavial, também com muita areia. A seguir, uma estradinha em declive, com perigosos buracos de enxurrada. Desembocamos numa ponte de madeira, sobre um belo riacho, subindo, em seguida, passando ao lado de uma engarrafadora de água (que, quando começou a funcionar aquele ramal do caminho, oferecia água potável gratuitamente. Agora, não mais). Depois de alguns quilômetros, chegamos a Santa Rosa, que tem uma bela ciclovia na entrada. Carimbamos a credencial em um dos hotéis conveniados, tomamos um lanche e seguimos adiante. A estrada de terra, muito boa no início, passa por um pequeno povoado, chamado Nhumirim. Viramos à esquerda, margeando mais um canavial. E seguimos, subindo e descendo, cruzando um longo eucaliptal, em aclive, e percorrendo “deliciosas” estradinhas de chão batido, muito lisas e boas de pedalar. Passa-se por laranjais que, se for à época da florada, nos premiam o olfato com um perfume maravilhoso. Até Tambaú é tudo por estradas de terra. Veja mais uma foto do local:
  
Chega-se a Tambaú em mais uma subidinha até o asfalto. Daí, uma descida até a parte central da cidade. Dormimos no Hotel Eliana, da Dona Tereza. No dia seguinte iríamos ao escritório da Secretaria de Turismo de Tambaú, para o carimbo das credenciais.
Mas, falaremos do 3º dia na próxima inserção. Até lá, um abraço para todos.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Uma trilha fantástica: De Divinolândia a São Roque da Fartura

Saímos, minha esposa e eu, de Ribeirão Preto para Divinolândia às 06h40min da manhã de 13/11/2010, no ônibus da Viação Santa Cruz, cujo destino final é Poços de Caldas. Havíamos feito reserva no Hotel Lunayma. As bicicletas, dentro das malas-bike, viajaram como bagagem, sem acréscimo no preço da passagem (R$ 30,11). Outro casal saiu de São Paulo, um pouco mais tarde, de carro, com o mesmo destino.
Chegamos, alojamo-nos, almoçamos num restaurante próximo e iniciamos a pedalada.
Pela Internet víramos que lá havia uma cachoeira, a 20 km da cidade, chamada Marcilio Grespan. Seguimos o roteiro: a 4 km da cidade, na estrada de Poços de Caldas, entramos à esquerda e seguimos pela estradinha de terra. A certa altura o tempo fechou e o céu escureceu, anunciando uma tempestade que se afigurava torrencial. Veja a foto:

Hesitamos: seguimos ou voltamos? Mas fomos em frente e, afinal, acabou não chovendo nada.
Depois de muitas subidas e descidas, avistamos a cachoeira, da estrada onde estávamos. É maravilhosa, enorme, a água despenca pedras abaixo, de uma altura aproximada de 20 metros, em meio a um arvoredo.
Vejam a imagem:
Mas, já era muito tarde e, como tínhamos que voltar para Divinolândia, não chegamos a ir até o pé da queda d’água e retornamos.
Chegamos por volta de 19h00min, quando já começava a escurecer.
No dia seguinte, após uma noite mal dormida, por causa de uns baladeiros que se alojaram no hotel (havia uma festa na cidade) e batiam portas e falavam alto durante o que nos pareceu toda a noite, levantamos e, após o café da manhã, partimos em direção a São Roque da Fartura. Trata-se de mais um ramal do “Caminho da Fé”, recém-inaugurado, o qual percorreríamos pela primeira vez.
Novamente, após muitas subidas fortes e descidas equivalentes (veja uma das fotos à esquerda), cinco horas depois e 34 km de pedal, seguindo as características marcas das setas amarelas, chegamos à Pousada da Dona Cida, ou da Cachoeira, em São Roque. Foi um caminho fantástico, com boas estradinhas de terra e raríssimos veículos trafegando. Pedalamos por encostas arborizadas, plantações de café, passamos por casas de moradores gentis, os quais nos cederam água para as caramanholas. Veja a foto de um papo pelo caminho:
Foi duro. Mas chegamos.
Note que somos cicloturistas e não bikers. Foram 34 km em 5 horas. Quase que dava para fazer a pé o mesmo percurso! Costumamos andar com calma, tirando muitas fotografias e curtindo a paisagem.
Almoçamos, jantamos, dormimos e tomamos café da manhã na Dona Cida, gastando, para isso, R$80,00 por casal. Voltamos na segunda-feira, dia 15. Desta vez gastamos 4 horas, porque paramos e conversamos menos com o pessoal do caminho. Embalamos novamente as bicicletas nas malas-bike, pegamos o ônibus para Ribeirão na rodoviária, às 15h20min, enquanto minha filha e o marido seguiam no seu carro para São Paulo. Chegamos às 19h30min.
Foi um passeio inesquecível, que recomendamos aos amantes da natureza e do ciclismo amador e que dá para fazer, excluindo a ida à cachoeira, num fim de semana normal. Veja uma foto da chegada, em frente à igreja:
Custos individuais:
1) R$  60,00
2) R$  40,00
3) R$  30,00
4) R$  21,00
5) R$ 151,00

Legenda:
1) Ônibus - ida e volta;
2) Pousada em Sâo Roque - pensão completa;
3) Hotel em Divinolândia, com café da manhã;
4) Almoços em Divinolândia, no sábado e na segunda-feira; e
5) Valor total por pessoa.

Não acha que é uma curtição?

domingo, 9 de janeiro de 2011

Ciclovias para Ribeirão Preto, já!

Desafio: escrever sobre bicicletas e trilhas, trazer para a telinha sensações e aventuras tais como a de descer por uma estradinha de terra, como a da foto do perfil, sentindo no rosto o vento forte e a adrenalina a todo vapor.
Este é o primeiro texto e, como tal, a partir da proposta acima, que procurarei seguir inabalavelmente, já vamos entrar diretamente no assunto.
Ribeirão Preto, com 583.842 habitantes, de acordo com o censo de 2010 do IBGE, não tem sequer uma pista para ciclismo. A bicicleta é ignorada, como meio de transporte ou de lazer, embora o relevo permita a pedalada com tranqüilidade por dezenas de quilômetros, quiçá por praticamente toda a cidade.
Recentemente a prefeita implantou, mas funcionando apenas aos domingos pela manhã, uma ciclovia provisória, utilizando faixas de ruas e avenidas.
Um dos trechos está localizado na Avenida Francisco Junqueira e na sua continuação, a Avenida Maurílio Biagi. Ora, bem perto dali, ainda na sequência destas avenidas, na saída para São Paulo, zona sul, há um local privilegiado que se presta extraordinariamente para a implantação de uma ciclovia: o canteiro central da Avenida Celso Charuri. Vejam na imagem abaixo, um trecho:
É muito arborizado, largo, ideal para uma pista de bicicleta. Sem destruir nenhuma árvore. Já se imaginou, pedalando entre os troncos, à sombra, num terreno plano? Pois é... Fica aí a sugestão.
Já sei: está pensando na segurança. Eu também. Se não houver vigilância prá valer, é ir para lá e ser roubado. Mas este é um assunto para outro dia, está bem?