Trecho bem diferente do dia anterior. Acabaram os pés de mexerica e as pequenas propriedades. Agora só se vê grandes fazendas, bem espaçadas um das outras. A frequência com que se vê uma diminuiu muitíssimo.
O dia se inicia mais uma vez com neblina, poças de água da chuva do dia anterior e uma estrada razoável, que cruza e percorre a margem, uma parte do tempo, do rio Canoas.
Passamos por paisagens bucólicas como a dessa fazenda: construção em tábuas de madeira, próxima à estrada, quintal com galinhas, horta, o riacho tranquilo, enquanto a árvore de flores brancas se debruça graciosa sobre as águas:
A vegetação é quase toda à base de araucárias que vão aparecendo cada vez em maior número e plantações de pinus. Não admira que o pinhão seja utilizado em larga escala na alimentação das pessoas da região.
Pinus, que levam 30 anos para estar na melhor condição de corte |
Com o passar do tempo, o céu foi-se abrindo e brilhou o sol, permitindo visualizar as montanhas das proximidades:
A
estrada alternava trechos bons com outros nem tanto, cheios de pedras
pontiagudas afundadas na terra, parecendo que jogaram caminhões e caminhões de
pedras sobre a terra e depois passaram um rolo compressor que, no entanto, não
havia conseguido afundá-las completamente.
Muitas poças de água e por conseguinte, lama, deixaram sujas nossas magrelas e nossos
corpos e roupas cheios de respingos de barro. Em alguns momentos haviam
nascentes que brotavam das montanhas e propiciavam-nos a chance de abastecer
nossas reservas de água. Havia uma delas com uma bica para facilitar a coleta,
porém com as pedras, onde tínhamos que pisar para pegar a água, extremamente
escorregadias e perigosas:
Num certo
momento, quando nossa água acabou, paramos em uma residência que ficava
relativamente próxima à estrada e fomos atendidos pelo dono do lugar, o sr.
Sebastião. Foi muito atencioso, conversou um certo tempo conosco e abasteceu
nossas caramanholas. Falou da cachoeira de Urupema (SC), que havia ficado
congelada e que ele havia visitado, sugerindo que fôssemos lá para ver.
Lamentamos não poder ir, porque tínhamos a viagem toda planejada. Em geral, as
pessoas não são muito expansivas por aqui, porém quando abordadas mostram-se
muito gentis e hospitaleiras.
No
distrito de Canoas, paramos em um local que parecia ser um restaurante, para
tentar comer alguma coisa, pois estávamos varados de fome. A proprietária,
porém, foi taxativa: "Não, não temos nada aqui para comer. Mas vocês estão
perto de Rio Rufino, lá tem a Lanchonete e Restaurante Fratelli, onde vocês
certamente encontrarão o que comer".
Os
últimos 5 km são asfaltados e quando chegamos, às 15:30 h, a Fratelli estava
fechada. O jeito foi matar a fome mais uma vez em uma panificadora, a Cantinho
Doce. Na entrada da cidade, o monumento que homenageia Rufino Pereira,
agricultor da região no início do século passado:
À noite,
depois do banho, fomos verificar se a Fratelli estava aberta. Felizmente, sim.
Não havia opções e só o que conseguimos foi arroz, salada, farofa de
pinhão e trutas em postas. Jantamos e fomos dormir, porque o frio estava de
rachar...
Distância
percorrida no dia: 51 km.
Hotel em
Rio Rufino: Lurian, R$ 120,00 reais com café da manhã.