Carangola/Caiana/Espera Feliz
A saída de Carangola segue pelo asfalto até a passagem por uma ponte bem estreita, com espaço para apenas um veículo. Depois dela, uma placa sinalizava a direção. Ao fundo uma árvore enorme enobrece a paisagem:
Ali já começa a estrada de terra, que segue entre fazendas de gado: Em aclive, a inclinação vai ficando cada vez mais acentuada e, no trecho final, até empurrar a bicicleta fica difícil:
Então chegamos a um dos trechos mais memoráveis deste caminho. Uma estação de trem de uma linha desativada da antiga Estrada de Ferro Leopoldina, constituída apenas por uma plataforma e a respectiva cobertura, chamada Parada General permanece erguida e em bom estado de conservação:
Ao lado da estação, a caixa d'água que abastecia o trem também continua lá:
Imagine pedalar por esta larga trilha no alto da montanha, quase plana, com a inclinação máxima de 12%, que era exigida pelas "marias-fumaças" para subir sem problemas, tendo de um lado a montanha e de outro um precipício. É o que este trecho nos propicia. No íntimo, uma sensação de felicidade. Um prazer inigualável que, sem pieguice, toca a alma. Embora seja impossível esquecer histórias não dignas de apreço, segundo as quais, na construção desta estrada de ferro, teria havido soterramento acidental de operários.
Manifestações de religiosidade do povo estão à mostra. A segunda foto não tem efeitos especiais: O lugar é realmente espetacular: Pedras e água dificultam um pouco em algumas passagens, mas nada que tire a magia e o encantamento do lugar.
Como já disse antes, de um lado a encosta, a montanha: E do outro, o despenhadeiro, os vales:
Ruínas de casas de trabalhadores da ferrovia ainda resistem no local, apesar da ação de vândalos:
Mais à frente surgiu o que seria a grande surpresa do trecho: um arco de pedra sob o qual passava a ferrovia. Um lugar impressionante! Fico imaginando a maria fumaça resfolegante, puxando penosamente os vagões de passageiros morro acima, quase tocando as paredes de pedra ao atravessar o portal, mas, sem esmorecimento, entregando cada sonho e cada realidade em seus respectivos destinos:
Moitas de bambu são encontradas em diferentes partes do trajeto:
A estrada atravessava muitas fazendas. Hoje, algumas porteiras definem divisas: O caminho continua fantástico. Registros efetuados praticamente a cada 5 minutos expõem toda a beleza natural da trilha:
Por volta de meio dia e meia, 17 km percorridos desde a saída de Carangola, chegamos a outra estação. Trata-se de Ernestina, que foi restaurada e representa mais um surpreendente aspecto deste trecho, uma bela construção isolada em meio à floresta: De surpresa em surpresa, vamos avançando, porque elas não acabaram ali. Menos de 15 minutos depois chegamos a um recorte na montanha, com altos paredões de pedra, terra e vegetação dos dois lados da trilha, com samambaias e avencas crescendo entre as rochas, alimentadas pela umidade provocada pela água que brota e escorre, formando um pequeno curso d'água sobre o solo:
Depois disso a estrada fica plana e mais reta, atravessando plantações e fazendas, com a vegetação ao redor mudando radicalmente de floresta para cafezais e eucaliptos:
Passamos por Caiana, que estava enfeitada para a festa de São João e exposição agropecuária: Uma estrada rural mais larga e movimentada une Caiana a Espera Feliz. Naquele dia, muitos passarinhos faziam festa em meio à vegetação e pedalamos ao som de maritacas, pardais, pássaros pretos e outros tão ruidosos quanto. O trecho é curto e chegamos rapidamente:
Quilometragem do dia: 32,5 km. Embora fosse praticamente uma subida constante, a altimetria do trecho não é muito elevada: 738 m.