sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Caminho da Luz - Tombos a Pedra Dourada - 1ª etapa - 22/06/2022

Tombos/Catuné/Água Santa/Pedra Dourada

Este caminho tem uma forma diferente de funcionamento. Mantido pela ABRALUZ - Associação Brasileira dos Amigos do Caminho da Luz, que credenciou a Operadora de Turismo Rastro de Luz para este mister. A Rastro de Luz organiza anualmente, sempre em julho, uma caminhada e uma pedalada coletivas. Você encontra todas as informações sobre esse roteiro de ciclo turismo no site oficial, no endereço www.caminhodaluz.org.br.  

Você pode certamente percorrer o caminho de forma independente, se quiser, efetuando suas próprias reservas para pernoite. Mas há lugares, como Catuné, por exemplo, que não tem onde se hospedar. Então, você pode contratar a Rastro de Luz para organizar as estadias. Ela lhe apresentará o custo, você paga diretamente a ela e só tem que se encaminhar aos pontos de pernoite designados. Em Catuné, a operadora obtém pousada em residências particulares. Para ter a credencial do caminho, você paga R$ 180,00 por pessoa, como taxa de manutenção. O site explica que essa credencial propicia ao viajante passar pelas propriedades particulares cortadas pelo caminho e, devidamente preenchida com os carimbos colhidos durante o percurso, obter o certificado de participação ao final. A taxa é paga em dinheiro vivo, no Hotel Serpa, em Tombos. Em troca você recebe uma camiseta, a credencial e um guia impresso do caminho.

Percorremos o caminho de bicicleta, entre os dias 22 e 25/06/2022. 

Em Tombos, caso o time de futebol local esteja na cidade, não se consegue vaga no único hotel existente. o Hotel Serpa hospeda a delegação do Tombense F. C., que o lota completamente. Por isso tivemos que dormir em Carangola, a 27 km de distância. 

No dia 22/06/2022, pela manhã, após o café, dirigimo-nos a Tombos para o início do percurso. Contratamos com a Rastro de Luz um motorista para levar nosso carro a Alto Caparaó, destino final do roteiro. Havíamos acabado de chegar ao Hotel Serpa, para a inscrição, quando o motorista também apareceu. Retiramos as bicicletas, deixamos no carro roupas e bagagem que não íamos utilizar, montamos nossos alforjes e bolsas de guidão e ele foi embora. Concluímos os trâmites com o hotel e também partimos, bem atrasados por conta de toda essa movimentação. Tínhamos que pedalar em sentido contrário ao destino do dia, para chegar ao ponto inicial do caminho, a famosa Cachoeira de Tombos, onde está localizada uma usina hidroelétrica. Já eram 09:40 h.



Escultura de Afonso Barros representando uma família indígena



Segundo o guia do caminho, os índios iniciavam nesta cachoeira as peregrinações que faziam à sua montanha sagrada, que é o Pico da Bandeira.

Partimos então do marco zero do caminho para o início da nossa empreitada, retornando a Tombos pelo asfalto, passando pela antiga estação ferroviária, onde existe um museu da história da cidade. Tentamos sacar um pouco de dinheiro na casa lotérica, para despesas eventuais, mas alegaram que não havia. Seguimos em frente e na saída da cidade passamos por esta praça: 

O trecho inicial tem quase 9 km de asfalto: 
À beira do caminho, uma igreja abandonada: 
Estávamos atentos às informações do guia e à sinalização. Assim, bem ao final do curral da Fazenda Oliveira, viramos à esquerda. Soubemos que era ali por causa da marca do Caminho da Luz, porque não conseguimos ver identificação da fazenda. Uma estradinha bem rústica, em ascensão, atravessando um trecho de mata. Depois, estradinha boa para o pedal: 
Conforme o guia, após 12 km chegaríamos à chamada Mata do Banco:
Trata-se de um fragmento de Mata Atlântica muito agradável aos olhos e ao olfato: 
Com 13,3 km do percurso, passaríamos pela casa da Dona Francisca, de acordo com o guia. Vimos algumas casas mas não foi possível saber qual seria a dita cuja, mesmo porque a quilometragem de nossos odômetros não batia com a do guia. Às 11:28 h, ou seja, quase 2 horas depois do início, estávamos em um trecho com pouquíssima vegetação e muito sol: 
Mais uma hora de pedal, atravessando fazendas, às vezes junto ao gado, enfrentando algumas subidas íngremes mas não longas, ou planos bons de pedalar. Estradas boas praticamente todo o tempo. Mas, sem descidas, por enquanto. Pelo mapa de altimetria só iríamos descer uns 2 km após o km 33 e outros 2 km após o km 41. 
Às 12:47 h chegamos à árvore que marca física e literalmente uma bifurcação do caminho. Pedestres vão para um lado e ciclistas e cavaleiros vão para outro. Os peregrinos vão à esquerda, seguindo uma antiga trilha chamada "Caminho da Romaria", que os leva à gruta da Pedra Santa, antes de chegar a Catuné. Ciclistas seguem à direita, em ascensão, diretamente para a cidade. De lá, podem ir à gruta seguindo a marcação do caminho.  


Na chegada a Catuné, paramos em um bar e restaurante à direita, em frente ao Mercadinho Areal e anexo a uma pequena praça com banheiros públicos mantidos pela municipalidade. Catuné é distrito do município de Tombos. Apesar do horário, conseguimos uma comida simples para o almoço. Porém, como não tínhamos dinheiro para o pagamento, tentamos fazer um pix mas havia grande dificuldade com o sinal do telefone. Depois de muita luta, enfim, obtivemos sinal e o dono do bar ainda nos contemplou com um troco de R$ 200,00 em dinheiro vivo, resolvendo nosso problema de grana. 
Eram cerca de 14:30 h quando conseguimos concluir a transação e partir para a Gruta da Pedra Santa, que representava um pedal em sentido contrário ao que teríamos que seguir para ir em direção a Pedra Dourada. Porém o caminho é curto e tem menos de 2 km. 
Segundo consta, há um mistério científico que envolve esta gruta. Ela teria uma área de 150 m² há pouco mais de 100 anos e hoje tem uma altura de 35 m e 1.200 m² de área. 





Voltamos, atravessamos a pequena comunidade de Catuné e, 350 m depois, já estávamos na estrada de terra. Meia hora de pedal e chegávamos ao Balneário da Comunidade da Igrejinha, com sua laje de pedra: 



Menos de 10 minutos adiante, começamos a enfrentar o temível "Lombo do Burro", uma subida forte e de razoável distância: 

Ainda na subida, depois de um certo tempo, visualizamos o "Vale do Silêncio". Naquele trecho, do lado esquerdo era floresta e do lado direito um grande vale com fazendas em suas partes mais baixas, as quais iam-se cobrindo de sombras, porque o sol já atingia apenas as partes mais altas das montanhas. Se ficássemos quietos, nada se ouvia. Naquela hora nem os pássaros cantavam, o silêncio era total. Dava vontade de ficar ouvindo o silêncio... Mas a vida tem que continuar e às 16:45 h chegávamos a Água Santa: 

Pouco nos detivemos em Água Santa, pois urgia chegar ao destino antes que escurecesse. Nosso esforço, entretanto, não foi suficiente e, aos poucos, a luz do dia foi sumindo e as sombras da noite tomaram todos os espaços. Fizemos a descida para Pedra Dourada já escuridão quase total (não temos farol), com muito cuidado. Chegamos à cidade e ainda tivemos que enfrentar um perrengue. Como a Rastro de Luz lamentavelmente não nos havia comunicado onde iríamos ficar e não conseguíamos falar com a responsável, perguntamos na cidade onde havia hospedagem. Indicaram-nos a Pensão da Dona Ana que, entretanto, estava lotada e não tinha reserva para nós. A responsável nos disse que usualmente a Rastro de Luz fazia as reservas para peregrinos lá, mas que desta vez estava recebendo funcionários de uma empresa de mineração e não tinha vagas. Gentilmente, porém, fez contato com o Dourada Parque Hotel, outro local de hospedagem na cidade e nossa reserva havia sido feita lá. Fotos da praça em frente à pensão: 

Chegamos facilmente ao hotel, seguindo a orientação recebida. No caminho passamos em frente a uma pizzaria e já encomendamos uma pizza para o jantar. O Dourada Parque Hotel é uma maravilha, tudo muito limpo, local muito lindo: fica em frente ao parque da cidade, com lago, árvores e trilhas para passeios. 
Quilometragem do dia: 51,1 km. Altimetria, 1.459 m. 

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