Após o bom café da manhã do Hotel Excelsior, partimos para mais um dia de jornada, rumo ao Mar do Norte, no litoral da Holanda.
A saída se faz por muito bem cuidadas ciclovias urbanas e ruas, atravessando às vezes, túneis de pedestres de 120 m de comprimento.
Chamamos de túnel de pedestres, mas na verdade, eles se destinam também aos ciclistas, pois têm uma linha tracejada no solo, demarcando um lado para quem está a pé e outro para as bicicletas, havendo também placas de sinalização orientando sobre o lado de cada um.
Quando já havíamos pedalado mais de um quilômetro em direção à cidade seguinte, Opau e estávamos tirando uma foto em frente a uma fonte, a Rose percebeu que havia esquecido as luvas no hotel.
Depois que a Rose e o Fernando voltaram, após ter encontrado as luvas sobre o balcão do hotel, no mesmo lugar onde haviam esquecido, continuamos nosso caminho.
Encontramos o pessoal da prefeitura podando árvores, tudo "igualzinho" aqui: as podas já são devidamente picadas em uma máquina e armazenadas para destinação adequada, sem ficarem aqueles montes de galhos sobre as calçadas ad aeternum, como estamos acostumados a ver no Brasil.
Já imaginou uma empresa onde o estacionamento não é cheio de carros, mas de bicicletas, desse jeito?
Passamos diariamente por trechos entre florestas, sempre extremamente agradáveis. Hoje não foi diferente:
A gente procura seguir a sinalização, mas às vezes esta não traz informações sobre o Eurovelo 15. Porém, como as cidades que estão nas placas estão no caminho, a gente vai seguindo...
A sinalização insuficiente nos fazia errar muitas vezes. Houve ocasião em que chegamos, por exemplo, em uma trifurcação, sem que houvesse indicação do caminho a seguir. Isso resultou em aproximadamente 24 km de pedal a mais do que deveríamos andar no dia. Eram previstos 71,40 km e acabamos pedalando 95,77 km.
Passagem sob uma ponte clássica:
Nosso percurso, muitas vezes, nos afastava do Reno, mas isto não durava muito e logo estávamos ao lado dele de novo, admirando sua beleza e curtindo o suave deslizar de suas límpidas águas:
Uma surpresa muito agradável: dois cervos que se alimentavam nas proximidades do caminho e que se afastaram rapidamente quando nos aproximamos:
Hoje foi dia de passarmos por Worms, uma cidade histórica alemã. Ler sobre Worms é mergulhar na história. Aqui Martinho Lutero teve que responder à igreja católica sobre suas pregações e escritos, o que acabou resultando talvez na maior cisão religiosa da era cristã.
E você já ouviu falar de Siegfried? Pois é, para quem não sabe, é o herói da mitologia nórdica, cujo povo era formado por anões e também personagem de uma ópera de Wagner, a terceira da tetralogia O Anel do Nibelungo.
E aqui em Worms encontramos, na parte reconstituída que restou das antigas muralhas da cidade, construídas a partir de 900 d.C., o Museu dos Nibelungos:
Falo diariamente sobre a qualidade de tudo aqui na Europa e mesmo o caminho de terra recebe os devidos cuidados:
E começaram a aparecer os primeiros vinhedos do caminho, sempre enfeitados por belas roseiras:
Momento de tensão: Sentei-me em um banco, à beira do rio, para aguardar os outros três membros do grupo, que haviam ficado para trás. Logo chegou o Fernando, que sentou-se comigo. Perguntei das meninas e ele disse que elas vinham vindo, deveriam estar tirando fotos. Passados alguns instantes, falei: elas não costumam demorar tanto, vou atrás. O Fernando respondeu: não precisa, elas estão vindo! Mais uns dois tensos minutos e nada! Vou atrás, eu disse, peguei a bicicleta e comecei a voltar pelo mesmo caminho que tinha percorrido. O Fernando ficou sentado. Procurando por todos os lados, ia tentando ver todas as possibilidades, mas não as encontrava. Cheguei até o ponto onde estivemos juntos pela última vez e nenhum sinal delas! Percorri algumas vias alternativas nas proximidades e nada! Resolvi voltar e avisar o Fernando. Encontrei-o no caminho. Conversamos, tornamos a ir até o ponto onde havíamos feito, os quatro, uma parada de re-hidratação, mas não havia sinal delas.
Muitas coisas passam pela cabeça da gente nessa hora, mas eu acreditava no melhor: que elas tivessem pego um caminho alternativo, pelo interior, ao invés de seguir na beira do rio.
Vendo que havia placas de sinalização que indicavam Laubenheim por duas direções diferentes, sendo uma delas a que estávamos seguindo, resolvemos seguir pela outra e pedalamos o mais rápido que pudemos, imaginando alcançá-las. Havíamos perdido muito tempo, porém e não víamos sinal delas.
O destino de hoje era a Zwei Raben Pension, em Laubenheim, onde ficaríamos por dois dias, pois havíamos planejado um dia de descanso no dia seguinte.
Quando chegamos lá não as vimos e não havia nenhuma pessoa da pensão para perguntarmos se elas haviam chegado. Era uma hospedaria sem portaria, o contato era por interfone. Então, a Eros apareceu... Ela e a Rose já haviam feito o check-in e já haviam subido para os respectivos quartos.
Então nos contaram: quando não nos viram mais, resolveram seguir sozinhas, pois não tínhamos contato por telefone. Só que pegaram o caminho alternativo ao que estávamos. Quando chegaram na cidade, pediram ajuda. Eros: "I lost my husband!" E um rapaz resolveu conduzí-las até a pensão. Felizmente!
As bicicletas ficaram do lado de fora, em uma cavidade utilizada para a entrada lateral da pensão. A senhora recepcionista havia dito que o local era monitorado por câmeras.
Quilometragem acumulada: 974,44 km.
Tivemos algum problema com a água quente no chuveiro, que funcionava intermitentemente. Demoramos um pouco para descobrir um jeito de fazer a coisa funcionar razoavelmente e os banhos não foram à vontade, tivemos que concluir do jeito que deu...
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