A saída de Estiva (para quem estiver na Pousada do Poca) é à direita, descendo pela avenida. Algumas quadras abaixo viramos à esquerda, passamos ao lado da Rodoviária e seguimos em frente, contornando a curva à direita. Prosseguimos pelo asfalto até chegar à Rodovia Fernão Dias.
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Foto 01 |
Atravessamos pela passarela (foto 01) e continuamos do outro lado, por uma estradinha de terra, que é onde a gente se sente verdadeiramente bem. Quando estamos ali, não há problemas, não há contas a pagar, não há dores... É só alegria, prazer, curtição. E o suor, o cansaço físico, a poeira ou o barro, o sol quente ou o frio do inverno são apenas componentes, pequeno preço a pagar por ter ao seu dispor a plenitude da natureza, a cordialidade e receptividade das pessoas e o vento no rosto.
Este é o trecho do Caminho onde encontramos muitas plantações de morango e não demora muito para avistarmos as primeiras. Chegamos rapidamente a uma ponte de madeira (foto 02), típica da região, para atingirmos em seguida o bairro Boa Vista.
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Foto 02 |
A primeira vez que passamos alí, viemos com uma missão: localizar uma parenta da família que mora aqui. A Zezé, da pousada do Poca, havia nos orientado como chegar à casa dela e não foi difícil encontrá-la. O mais curioso é que as duas senhoras que moram na casa se chamam Margarida. Registramos o momento (foto 03) para nos lembrarmos sempre.
Algum tempo depois começa a subida das montanhas. Embora as estradas sejam boas e lisas, há trechos tão íngremes que foi necessário calçá-los, pois até os automóveis tinham dificuldade na subida em época de chuvas. O calçamento foi feito com placas sextavadas de concreto (foto 04), para torná-los firmes, possibilitando o trânsito de veículos sem risco de atolamentos ou deslizamentos indesejados.
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Foto 03 |
Atravessando pastagens em meio às montanhas da Serra da Mantiqueira, com paisagens deslumbrantes, que nos fazem ter vontade de sempre voltar para cá, após 20 km chegamos a Consolação. Normalmente, mesmo chegando cedo, sempre paramos para almoçar na Pousada e Restaurante da Dona Elza. Ocorre que, como sabemos que o trecho é relativamente curto, sempre acabamos saindo um pouco mais tarde de Estiva... Nunca dormimos nesta cidade, não conhecemos os aposentos tanto da pousada da Dona Elza, quanto da Capivari. O povo da cidade - quiçá da região – é muito festeiro e, numa das passagens, fomos convidados por uma senhora, transeunte, para ficar e participar da festa que ia haver à noite. Infelizmente, temos sempre o tempo contado e não pudemos ficar. Mas vai chegar a hora em que não teremos pressa e vamos curtir todas estas festas que sempre vemos pelo Caminho...
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Foto 04 |
Hoje, a saída de Consolação em direção a Paraisópolis, está asfaltada e o Caminho, antes de terra, agora segue pela estrada por alguns quilômetros. A saída do asfalto é à direita e devemos ficar atentos para não deixar passar a placa indicativa, que desvia novamente para a terra. Na verdade, se seguir pelo asfalto vai chegar também em Paraisópolis, mas este não é o objetivo, correto?
Da última vez que percorremos este trecho, havia uma ponte de madeira, sobre o Córrego dos Azevedos que, sob a ação das águas de uma enchente, perdeu parte do apoio lateral, inclinando-se para um lado e impossibilitando o tráfego de veículos (fotos 05 e 06). Fomos com cuidado, caminhando mais do lado em que os suportes ainda estão de pé e atravessamos com tranquilidade. Vimos que a pé ou de bicicleta, ainda era possível passar com segurança.
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Foto 05 |
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Foto 06 |
O percurso de hoje é um dos trechos mais duros do Caminho, só perde para o seguinte, quando vamos subir a incrível serra do “Quebra Pernas”, depois de Luminosa. O pessoal até se diverte, pois em pleno aclive dos mais acentuados, em que tivemos que empurrar a magrela (foto 07) ainda teve gente com muito bom humor para brincar (foto 08).
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Foto 07 |
22 quilômetros depois, chegamos a Paraisópolis (foto 09). Na minha opinião, o que a cidade tem de melhor é o pastel do Mercadão. Fica ao lado do Hotel Central, pertinho da praça principal, onde está a igreja matriz. Adentrando o Mercadão pela rua lateral da igreja, logo na entrada, à direita, tome um delicioso caldo de cana, cremoooso, como eu nunca havia tomado em lugar nenhum. Siga, ainda à direita e coma um pastel de carne e queijo excelente, gigante, capaz de servir de almoço... E depois, de sobremesa, mande fazer um de banana com açúcar, queijo e canela, que este é para saborear e não esquecer jamais...
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Foto 08 |
A Pousada da Praça, ao lado da igreja matriz, merece destaque. É um local muito aconchegante e Jandira, a gerente, acolhe o peregrino com extrema atenção e cordialidade. Uma casa antiga, reformada, mas que mantém o estilo rústico e muitos dos portais e umbrais que já existiam e um piso renovado, com características próprias, muito bonito. O café da manhã categoria A, é completo, com frutas, pães, bolos, confeitos, cereais, iogurte, sucos, café e leite.
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Foto 09 |
Nesta viagem, porém, ficamos na Pousada Casa da Fazenda (foto 10), seis quilômetros à frente de Paraisópolis. Também é uma casa antiga, sede de fazenda, mas que conserva em sua totalidade, com muito esmero e cuidado, os móveis e a decoração existentes. Dirigida por um cavalheiro paulistano (foto 11), que faz questão de receber com classe e elegância, tem no silêncio e na tranqüilidade seus pontos fortes de atração, propiciando o merecido descanso aos peregrinos. A propósito, é bom lembrar uma máxima, que vale tanto aqui como em qualquer outro lugar: procure saber sempre antecipadamente preços e condições de serviços e alimentação, para evitar surpresas.
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Foto 10 |
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Foto 11 |
P.S.: Contagem regressiva: estamos a rigorosos 30 dias da viagem a Compostela. Vamos fazer neste feriado prolongado nosso último treinamento de trilhas. Depois as bicicletas vão passar por um cuidadoso check-up, quando serão preparadas, engraxadas, enfim, tudo o necessário para ficarem tinindo prá viagem. Voltarei brevemente ao assunto...
Gosto de suas dicas... estou anotando uma a uma.
ResponderExcluirTodas sinceras e vividas com muita alegria... Desfrute-as!
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