segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Eurovelo 15 - Rhine Cycle Route - 28º/29º/30º/31º dias - De Hoek van Holland a Amsterdam

18/06/2019 - Terça-feira

Antes de "pegar a estrada" fomos visitar o deck que avança mar adentro no ponto final do Eurovelo 15 (para quem chega, porque para quem parte, é ponto inicial...) 




Á esquerda, o Reno e os cisnes e à direita, o Mar do Norte e as gaivotas: 



Nosso pedal de hoje e amanhã será pelo litoral da Holanda, nas espetaculares ciclovias em quase todo o percurso: 




O capricho nas residências, regra geral em toda a Europa, é de dar gosto de ver: 
Em certos momentos a ciclovia fica bem à beira do mar e podemos curtir o frescor da brisa e a vista maravilhosa. Pequenas lagoas se formam com a maré baixa: 


Nas cidades, os parques extremamente bem cuidados são aproveitados pelos moradores, pelos turistas e pelos pássaros: 




O que se apreende aqui é que a Holanda oferece toda a infra estrutura ao ciclista e ao pedestre. Você pode ir à praia de bicicleta, que está tudo preparado para o seu conforto. Os automóveis são afastados da beira do mar e você nem os vê. Observe a trilha para o caminhante ao lado da ciclovia. E onde está a estrada? 



"A força do direito deve superar o direito da força". A lembrança da frase famosa de Rui Barbosa aqui não é fora de propósito: é porque nós passamos pela cidade de Haia (ou Den Haag, em holandês), onde nosso bom baiano se notabilizou internacionalmente pela firmeza dos discursos que pronunciou na Segunda Conferência Internacional da Paz, em 1907. Ante representantes de 44 países, seu brilho resultou na rejeição do estabelecimento de hierarquia entre as nações independentes. 

Dormimos no Zorn Hotel Duinlust, em Noordwijk. Um quarto discreto, de tamanho adequado, sem luxos ou espaços sobrando. Sem refeições. Saímos para jantar na orla com a indicação de dois restaurantes pelo pessoal do hotel. Não encontramos nenhum dos dois e acabamos comendo em um local que tinha bastante movimento, o que sempre é um indicativo de boa comida. Ou de preço baixo. Embora não tenha sido uma maravilha, também não foi ruim. O mais curioso é que ao voltarmos para o hotel, encontramos o restaurante principal que haviam nos indicado... 
As bicicletas ficaram numa área interna nos fundos do hotel.
Quilometragem do dia: 49,64 km.
Acumulados: 1.744,31 km.

. . . o o o O O O o o o . . .

19/06/2019 - Quarta-feira

Curiosamente não fizemos nenhuma foto neste último dia de pedal. Acho que o cansaço havia batido prá valer e por não termos encontrado nenhum atrativo especial pelo caminho, nem paramos para fotografar.
Saímos de Noordwijk um pouco mais tarde do que de costume, porque a distância até Amsterdam era pequena e iríamos chegar cedo. 
Todo o trecho desenvolveu-se através das ótimas ciclovias holandesas e saímos do litoral em direção ao interior. Em muitos trechos a ciclovia estava sinalizada sobre a calçada, com aquela faixa vermelha nos cruzamentos com as ruas, que já mostramos aqui, em dias anteriores. E aconteceu o primeiro acidente em todos os quase 2000 km de pedal, não conosco: um ciclista foi atingido por um carro em um desses cruzamentos. Geralmente muitos ciclistas pedalam forte, em treinamento, desenvolvendo uma velocidade acima da média. Vimos isto muitas vezes em todo o caminho. Não estou querendo dizer que este foi o motivo do acidente, mesmo porque ocorreu há uns 50 metros atrás de nós. Felizmente o rapaz se levantou e nós seguimos adiante.
Havíamos planejado ir direto ao aeroporto Schiphol, onde embalaríamos as bicicletas para a viagem e depois seguiríamos para o hotel, para curtir 2 dias de Amsterdam. E assim foi feito. 
Conseguimos chegar ao aeroporto com alguma dificuldade, porque o caminho estava interrompido por uma obra e a gente não conseguia visualizá-lo para saber a direção a seguir. Na região do aeroporto há muitos prédios e grandes empreendimentos, com muitos escritórios e movimentação de pessoas. Depois de algum tempo, o Fernando descobriu uma placa de sinalização e acabamos chegando. 
Resumo final: 
Quilometragem do dia: 34,48 km
Acumulado geral: 1.778,79 km. Uau!
Paramos as bicicletas em um estacionamento aberto e três de nós fomos tentar encontrar o local onde vendiam a caixa especial para a preparação da bicicleta para a viagem e também onde seria o terminal de partida, porque há 3 no aeroporto de Amsterdam, enquanto um ficou para vigiar as bicicletas.
Nossas passagens estavam reservadas na Iberia, mas não conseguimos localizar a empresa em todo o aeroporto. A comunicação com as pessoas a quem pedimos ajuda era muito difícil e ninguém parecia sequer conhecer a Iberia. Enfim, desistimos temporariamente da busca e fomos ver a questão da caixa para a bicicleta. Achamos o ponto no andar de baixo. Cada caixa iria custar 23 euros e havia um espaço onde poderíamos efetuar a "operação embalagem". Voltamos ao estacionamento, pegamos as bicicletas e retornamos ao local. A Eros e a Rose conseguiram rolos de fitas adesivas, desmontamos e embalamos com carinho nossas bicicletas, colocando as roupas e apetrechos que não iríamos mais usar dentro das caixas. Aliás, elas são um pouco maiores do que as que estamos acostumados a ver. Guardamo-las no guarda volumes, a 12 euros por dia, se me lembro bem e saímos para ir para o hotel. 
Pegamos um táxi que nos deixou a 50 metros do Hotel Hermitage, onde havíamos feito a reserva. Não era possível chegar até a porta com o  carro, por causa de obras em andamento. Nosso apartamento era no terceiro andar e não havia elevador. As casas verticais na Holanda são assim. Escadas intermináveis e só.
Nosso apartamento era apertadinho, com apenas uma pequena mesa e um pequeno armário, mas o suficiente para dispormos nossas coisas, que a esta altura, se resumiam a apenas um alforge para cada um, com os respectivos conteúdos. O banheiro era apertadíssimo e quando eu sentava no vaso sanitário, não tinha espaço nem para fechar as pernas. Fica de frente para um canal, mas o que não está de frente para um canal em Amsterdam?


. . . o o o O O O o o o . . .

20, 21 e 22/06/2019 - Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado.

Reservamos dois dias para passear por Amsterdam. A cidade é realmente muito linda e fica sempre superlotada de turistas. Por todos os lugares em que andamos, havia sempre muita gente. Havíamos feito, ainda no Brasil, reservas para visitas à Casa de Anne Frank, ao Museu de Van Gogh e ao Museu de Rembrandt. 
No primeiro dia, pela manhã, fomos à casa de Anne Frank: 
É uma visita que impressiona muito, com uma energia que afeta a sensibilidade das pessoas. Imperdível.
Fomos a pé até lá porque não era distante. No caminho fomos registrando aspectos da maravilhosa cidade: 



À tarde, neste primeiro dia, fomos ao museu Van Gogh. Em um prédio especialmente construído para este fim, a mostra permanente deste extraordinário pintor detalha sua vida e suas obras. Não é admitido fotografar no interior do museu. Há apenas um local onde se permite registrar a visita e a gente tem que enfrentar uma fila para isso: 
Nas andanças pela cidade passamos em frente até de um Museu da Maconha: 















O museu de Rembrandt foi montado na casa onde ele passou grande parte de sua vida. Adquirida por ele por um valor acima de suas posses, é mais uma daquelas casas verticais de Amsterdam. Escadarias e mais escadarias para ir subindo cômodo por cômodo. Vimos, além de sua obra artística, a história detalhada de sua vida. A cozinha, o quarto de dormir, com sua cama curta, pois acreditava-se, naquela época, que não se deveria dormir deitado, por medo da morte e as pessoas dormiam meio sentadas. Será que foi aí que se originou aquela famosa piada, onde se atribui a Shakespeare a frase "o sono é o prelúdio da morte"?

No sábado, após o café da manhã fomos diretamente para o aeroporto. O motorista do táxi, extremamente atencioso e simpático, orientou-nos sobre o terminal de partida que teríamos que ir, deu-nos todas as informações pertinentes e deixou-nos bem em frente ao ponto em que localizaríamos, afinal, o terminal de embarque da Iberia. Ficamos muito gratos a ele. Na verdade, a Iberia não tem um ponto de embarque seu. Ela está junto com algumas outras companhias e em apenas uma pequena placa, em um balcão, constava seu nome. Sem ajuda e conhecimento, realmente, seria muito difícil achar.
As bicicletas pagam uma tarifa de bagagem extra no aeroporto Schiphol (45 euros cada uma). Depois de pagar a taxa, recebemos nossos bilhetes de embarque. O retorno seria via Madrid, em cujo aeroporto Barajas aguardamos o voo final para o Brasil. 
Em Guarulhos, carregando as bicicletas, que não se ajeitam naqueles carrinhos de aeroporto, não havia orientação aos que desembarcavam e foram vários vôos que chegaram praticamente ao mesmo tempo, por volta de 5 horas da manhã do domingo. Ficavam aquelas filas imensas, todo mundo perguntando a todo mundo como proceder para a saída, pois tem que passar pela Polícia Federal. Depois que ficamos muito tempo em uma imensa fila, quando já estávamos perto das cabines da PF, apareceu um funcionário do aeroporto com orientação. Nossa fila era outra. Mudamos, passamos pela polícia sem que nos obrigassem aos raios x e fomos para o estacionamento coberto, onde havíamos deixado nosso carro. As caixas das bicicletas, como falei antes, são maiores dos que as que temos no Brasil, assim não couberam na caçamba da Montana. Tivemos que rasgar pedaços delas, para diminuir o tamanho, até conseguir fechar a tampa da caçamba.  
E esta foi a nossa história...

2 comentários:

  1. Bela viagem, ótimo trajeto, excelentes fotos.
    Pena que acabou.

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    1. É isso, Ecedir. Tudo. E vai ser difícil ter outra, com o preço do euro e do dólar do jeito que está...

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