sábado, 2 de novembro de 2019

Eurovelo 15 - Rhine Cycle Route - 23º e 24º dias - Xanten/Millingen aan de Rijn/Rhenen

13 de Junho de 2019 - Quinta-feira

Decidimos fazer hoje o caminho mais curto em direção ao destino. Já pintava um certo cansaço e todos concordaram em trilhar o mais reto possível até chegarmos à Holanda, pois seria o último dia de Alemanha. Assim, acionamos o GPS e partimos um tanto mais tarde, já que haviam apenas cerca de 40 km até Millingen aan de Rijn, nosso destino.
Mesmo no extremo norte da Alemanha, as ciclovias continuavam espetaculares, fossem asfaltadas ou não. Ao lado das bem cuidadas estradas rurais, compunham um conjunto de caminhos ao qual não há que se fazer reparo: 




Com cerca de 40 minutos de pedal chegamos a Kalkar, onde avistamos o 2º moinho do caminho: 
A cidade já parece ter ares de Holanda, embora ainda estejamos na Alemanha. A limpeza das ruas é excepcional:
O caminho prossegue sempre maravilhoso, à medida que vamos avançando para o norte. É o primeiro dia que, embora estejamos a pouca distância do Reno, não o avistamos nenhuma vez o dia todo: 




E então, tão inesperada quanto espetacularmente, depois desta trilha de terra sombreada por grandes árvores de troncos claros, surgiu o Prinz Moritz-Kanal, um local tão lindo, mas tão lindo, que a Eros declarou à sua clássica maneira: "Espinafrei!" 


Lá no alto, onde se vislumbra uma estátua sobre um pedestal, existia o Spa Klever, criado, assim como os maravilhosos parques ao redor, pelo Príncipe Johann Moritz von Nassau-Siegen. 
À frente do anfiteatro domina o cenário uma estátua da deusa Minerva. Fontes e duas pequenas ilhas quadradas enfeitam o extraordinário jardim.
O sistema de visão das redondezas criado à época permitia visualizar os castelos Schwanen (dos Cisnes) e Moyland na cidade de Kleve. 
Tudo começou aqui no ano de 1742, quando foi descoberta uma nascente de água mineral no local, chamado Springenberg. A afluência de pessoas, em busca de tratamento de saúde, aumentou drasticamente, tornando famosa a cidade. 
Apesar do nome do príncipe criador ser o mesmo de Maurício de Nassau-Siegen, que governou o Brasil holandês entre 1637 e 1644, não posso afirmar que se trata de um seu descendente, embora este tenha sido também governador de Kleve em 1647, pois morreu sem ter se casado, aos 75 anos de idade.
As vaquinhas holandeses já começavam a dar o ar da graça. Estávamos cada vez mais perto da Holanda: 
Quando a gente fala de famílias pedalando na Europa, não é força de expressão. Vejam pai e filho na foto: 
Finalmente, a Holanda! Depois de 22 dias de pedal, chegamos à fronteira. Já se pode notar a diferença de tratamento ao ciclista nas marcas no solo, embora a Alemanha também cuide muito bem dos seus bicicleteiros: 

Chegamos cedo em Millingen, nosso local de estadia só começava a receber os hóspedes a partir das 16 horas. Deu tempo para dar uma circulada pela pequena cidade. 
A holanda tem outra cara: ciclovias dos dois lados da rua, bem demarcadas, sendo que os ciclistas respeitam as mãos de direção, ou seja, a gente vai pela nossa direita, enquanto quem vem em sentido contrário, vem pela nossa esquerda.
Nossos companheiros não haviam conseguido lugar no mesmo hotel. Assim, combinamos o horário de saída no dia seguinte e eles partiram para o hotel que haviam reservado. Nós ficamos no Bed e Breakfast Millingen, da Tiene, muito simpática e receptiva. Na chegada, ofereceu-nos chá e café, provendo-nos de explicação minuciosa do funcionamento da casa: 
O curioso é que os símbolos holandeses estão presentes até nas pequenas coisas do dia a dia:

Pedalamos hoje apenas 42,53 km.
O acumulado chega a 1.499,37 km.

... ooo OOO ooo ...

14 de Junho de 2019 - Sexta-feira

O café da manhã no Bed e Breakfast Millingen aan de Rijn reservou-nos uma surpresa extremamente saborosa: os melhores queijos que já experimentei em toda a minha vida. Segundo a proprietária, vêm de uma fazenda na região e são realmente uma carícia ao paladar. 
Tiene facultou-nos ainda preparar um lanche para levar na viagem. 
Nesta estadia, a única coisa que não nos agradou foi que o banheiro disponibilizado para nós, não ficava no próprio quarto e nem anexo a ele. Tínhamos que pegar um corredor, atravessar a cozinha, onde quase sempre havia gente, atravessar mais um espaço depois da cozinha para chegar ao banheiro. Embora constasse da reserva que o banheiro seria exclusivamente para nós, pela manhã tivemos que esperar outro hóspede que o ocupava para usá-lo. Então, há que considerar os prós e contras em uma futura possível reserva...
As cidades na Holanda não são muito diferentes das da Alemanha. Calçamento bem feito, sem muros, declividade acentuada no telhado por causa da neve, arborização, belos jardins: 
Na saída, teríamos que cruzar o rio Reno em direção a Kijfwaard e o que estava disponível para nós era uma balsa. Não há ponte no local: 
Atravessaram conosco sete simpaticíssimas senhoras holandesas, desacompanhadas de seus maridos, que saíam para passear de bicicletas. 
Segundo elas, hoje era dia dos maridos ficarem em casa e elas saírem para se divertir. Foi uma conversa super agradável enquanto atravessávamos o rio. Depois, seguiram seu caminho alegremente.
Do outro lado, a sinalização era farta e o nosso Eurovelo 15 estava representado lá. Teríamos que seguir agora a rota LF 3b, primeiramente em direção a Pannerden: 

Pedalamos por algum tempo à beira do rio, depois fomos direcionados para o interior, através de estradas bem sinalizadas:






Passando por uma fazenda, encontramos mais uma curiosidade europeia: cangurus brancos, muito longe da Austrália: 
A Eros se divertiu com a arte de mamute na entrada norte do túnel ferroviário Betuweroute Rhine River, que atravessa por baixo do rio:


Depois de passar pela cidade de Loo, atravessamos o rio mais uma vez de balsa, na direção de Huissen: 

Mas não chegamos a entrar em Huissen ou Zilverkamp, viramos para a direita e seguimos a via marginal, entre as cidades e o Reno. Neste trecho o rio é conhecido como Baixo Reno, porque se aproxima da foz. Chegamos, a seguir, em Arnhem: 

Ali cruzamos o Reno mais uma vez, desta feita através de uma ponte dotada de ciclofaixa bem larga, com bastante espaço para ciclistas em fluxo para ambos os lados. Um ruidoso séquito de estudantes protegidos na vanguarda e na retaguarda por seguranças (que provavelmente são professores) devidamente vestidos de coletes refletivos, passou por nós na maior tranquilidade, enquanto fotografávamos. Então bateu mais umas vez aquele sentimento de tristeza ao constatar os anos-luz de distância que separam o ensino na Europa e o do Brasil e a angústia de ter consciência de que nada, absolutamente nada, está sendo feito no sentido de melhorar isso.

Depois de Arnhem, a ciclovia percorre um trecho de floresta, com árvores majestosas em ambos os lados:  


A ciclovia emerge da floresta ao lado de uma plantação. Bancos são dispostos para o lazer do cidadão e monumentos enriquecem culturalmente o caminho: 


Em Renkum, uma igreja reformada não agradou muito seus fiéis, por causa da cor escura escolhida para a alvenaria. Há comentários na Internet onde a pessoa diz que não há prazer em olhar para ela: 
Fechamos o dia pedalando por imponentes alamedas e mostrando a alegria da Eros, "curtindo a vida adoidado"! 


Chegamos com facilidade ao Hotel't  Paviljoen, uma recepção apenas profissional, sem calor humano. As bicicletas foram levadas para um compartimento especialmente preparado para elas, atrás do hotel, que só abria mediante o cartão-chave do apartamento. Não havia, visualmente, nenhuma cidade perto. 
Jantamos no próprio hotel. Ao descermos para o salão do restaurante, perguntaram-nos se tínhamos reserva. Não tínhamos e então disseram que não havia lugar. Não houve a menor preocupação com o fato de sermos hóspedes, não havia lugar e fim de papo. Perguntamos a uma outra pessoa como faríamos para comer alguma coisa e ela nos disse que poderíamos fazê-lo em outros lugares do hotel. Fomos para o bar e um atendente nos disse que poderíamos sentar na varanda, onde seríamos servidos. Fomos para lá, onde o sol europeu ainda brilhava. Havia muitas outras pessoas e apenas um rapaz fazendo o atendimento. Demorou pacas, mas conseguimos jantar...
Quilometragem do dia: 50,78 km.
Acumulado geral: 1.550,64 km.

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