domingo, 1 de maio de 2011

9º Dia (Caminho da Fé) - De Paraisópolis a Campos do Jordão


Foto 01 - Cantagalo
 A primeira coisa a dizer sobre esta etapa é o seguinte: evitem proceder como nós fizemos, ou seja, não incluam, no mesmo dia, nenhum outro trecho além do “Quebra Pernas” (saída de Luminosa para Campista). O Clóvis, do Caminho da Fé, em Águas da Prata, já havia recomendado isso, mas nós, por contingências diversas, tivemos que ir de Paraisópolis a Campos do Jordão e acabou se tornando a etapa mais difícil e dura de todo o caminho. São 62 km de pura dureza, especialmente ao deixar Luminosa, mas isso é assunto para mais adiante.
Foto 02 - Luminosa-MG
 O primeiro e agradável povoado que a gente atravessa após Paraisópolis é Cantagalo (foto 01). Construído num patamar da montanha, é um lugarejo extremamente simpático. Fica numa região em que o Caminho corta uma ponta em curva da fronteira São Paulo/Minas e, embora praticamente tudo em volta seja Minas Gerais, ele está encravado no Estado de São Paulo. Às vezes, em auto-divagações, fico imaginado morar um dia em um lugar assim... Como ponto curioso neste trecho há uma grande ponte de madeira, cercada por frondosas árvores, cuja foto nem vou estampar aqui porque já tenho muitas para exibir e acabo tendo que fazer opção. Fica o registro.

Foto 03 - Dona Ditinha (Luminosa)

Foto 04 - A subida do "Quebra-Pernas"

Foto 05 - Plantação de bananas

Uma boa subida e a respectiva descida depois, e avistamos Luminosa (foto 02), uma pequenina cidade, distrito de Brazópolis-MG, situada num vale entre montanhas. Em Luminosa a gente encontra a simpatia da Dona Ditinha (foto 03), em cuja pousada já paramos diversas vezes, especialmente para almoçar. Aliás, numa dessas passagens, chegamos quando ela estava de saída. Tem almoço, Dona Ditinha? Perguntamos. Ela respondeu: Não tem, mas eu faço! Despachou as pessoas com quem ia sair, prometendo ir mais tarde e, em pouco tempo, estavam prontos salada, macarronada, abobrinha refogada, arroz, feijão e carne! Uma delícia! 

Foto 06 - A Pousada da Dona Inês

Da sacada da Pousada da Dona Ditinha dá prá ver o que nos espera (foto 04). Na subida, depois de deixar Luminosa para trás, vemos que a base da economia local gira em torno da produção de bananas. As plantações sobem as encostas montanha acima (foto 05) e o caminho segue em meio às bananeiras. Apenas quatro quilômetros depois de Luminosa chegamos à Pousada da Dona Inês (foto 06).
Aqui, além de uma recepção calorosa e alegre, encontramos produtos de banana para consumir, sempre a preços muito baixos. É um lugar simples, porém acolhedor. O marido de Dona Inês, certa feita, nos confidenciou: “Estávamos aqui, meio isolados do mundo e pensávamos até em nos mudar. Mas com o Caminho da Fé, conhecemos um monte de gente, muita gente nos conheceu e até estrangeiros, da França e da Holanda, por exemplo, já passaram por aqui. Estamos na Internet, vemos gente diferente quase todos os dias e já não pensamos mais em ir embora”. Quem deve ter gostado disso foram seus netos (foto 07). Todas as férias eles vêm para cá para curtir a vida na roça. E puseram até a cachorrinha para sair na foto...

Foto 07 - Dona Inês, esposo e netos
Aí começa o pior trecho do Caminho. Uma aclividade forte e partes cheias de pedras de todos os tamanhos, dificultando a vida de quem está subindo. A montanha de pedra da foto 08 vamos ver por cima! Aqui, vamos ver, também de cima, os urubus fazendo seus vôos circulares, ao sabor das correntes do vento. Embora de extrema dificuldade, o Caminho ecologicamente é agradável. Pequenas cachoeiras, estrada cercada por árvores propiciando sombra (foto 09), passagem em meio a plantações de pinheiros.

Foto 08

Saímos, depois, da estrada de terra, para chegar ao asfalto, alguns quilômetros até atingirmos o Albergue Barão Montês, do Márcio. Também uma simpatia no atendimento e que não tem nada a dever aos grandes “chefs” da cozinha: prepara uma truta, por exemplo, com pinhão, que é inigualável e que tivemos ocasião de apreciar em uma das passagens por lá (foto 10). Em uma construção toda de madeira, com belos jardins onde desfilam de patos a pavões, com suas belíssimas plumagens multicoloridas e onde você pode ouvir, à noite, saracuras cantando, o Márcio juntou a Pousada a um amplo restaurante, cujo prato mais apreciado é a truta. Para prepará-la, ele a apanha viva num tanque onde as mantém especialmente para isso, ou seja, é peixe fresco mesmo...
Foto 09 - Paisagens da serra
Numa das ocasiões que passamos por lá, encontramos um grupo grande de ciclistas de Jundiaí (foto 11), com os quais pedalamos até Aparecida no dia seguinte. Quando eles chegaram, a gente já estava de saída e mais tarde os encontramos novamente em Campos do Jordão.

Foto 10 - Márcio e a truta com pinhão
Depois do Barão Montês, seguimos pelo asfalto até Campista, um bairro afastado da cidade, numa descida vertiginosa e perigosa, pois há muito trânsito de automóveis pela rodovia, que não tem acostamento. Em Campista saímos do asfalto para pegar uma estradinha de terra novamente, em aclive, até Campos do Jordão. Seguindo as flechas amarelas, adentramos a cidade até chegar ao Refúgio dos Peregrinos, da Marilda e do Edison. Mas sobre isso vou falar no próximo, que vai ser o último dia do Caminho.
Foto 11 - A galera de Jundiaí


4 comentários:

  1. Tenho medo do que me espera nesta subida :|

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  2. Hoje (04/09/2016) já sei que você se saiu muito bem. Aliás, como seria de se esperar. Segui dia a dia sua viagem e "viajei" com vocês... Abração!

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  3. Estou me preparando para fazer o caminho da fé em maio/2017. Pelo que tenho visto, a tal serra de luminosa é o bicho papão. Pretendo sair de Águas da Prata e fazer o percurso de Bike em 6 dias.

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    1. Sim, Marco, provavelmente é o trecho mais duro do caminho, embora tenha outros também difíceis. Mas, todo mundo acaba passando numa boa... Bom Caminho prá você!

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