Ontem passamos toda a tarde e noite em Pamplona. Conhecemos todo o centro da cidade, inclusive a área onde fazem anualmente aquela festa tradicional, quando soltam os touros pelas ruas e o povo vai correndo na frente e no meio dos touros. Uma loucura! O prédio da Prefeitura ou “Ayntamiento” é uma obra clássica de arquitetura maravilhosa. Quando pudermos mostrar as fotos, vocês verão.
Saímos às 10 h da manhã, porque o comércio só abre às 09:30 h e precisávamos comprar um adaptador elétrico para conseguir conectar o computador, carregar sua bateria e da máquina fotográfica. Estamos na Província de Navarra, na região basca da Espanha. Aliás, desde Saint Jean Pied Port que estamos no país basco. Tudo aqui é escrito em duas línguas, castelhano e basco: nomes das cidades, povoados, ruas. Eles podem ter desistido da luta armada, mas mantém as tradições e o desejo de criação de um país autônomo.
No trecho de hoje, houve uma alteração radical nas paisagens. Há muito menos árvores no Caminho e apareceram as plantações de uva, oliveiras, trigo e outros cereais. As trilhas, no entanto, continuam as mesmas. Muitos trechos cheios de pedras, descidas vertiginosas em que até tínhamos que desmontar para poder continuar. Numa dessas, quase levei um tombo feio. Havia uma rampa, muito íngreme, em declive. Subi na bicicleta e deixei-a descer. Mas quando fui tentar sentar no selim, a calça enroscou. Com as pedras, a mão direita soltou-se do guidão. Acionei o freio com a mão esquerda, instintivamente, e brecou a roda da frente. A bicicleta empinou, erguendo a roda traseira. No que percebi que ia capotar espetacularmente, soltei o freio, a bicicleta voltou a descer rápido, os pés tinham ido para o chão para tentar controlar a magrela. No arranque morro abaixo, o cano da bicicleta atingiu-me entre as pernas, com força. Ao tentar mudar o passo, acionei de novo o freio. Nova empinada, a bicicleta virou em direção ao mato e eu fui freando e soltando e tentando andar, até conseguir Pará-la. Felizmente, sem maiores danos, fora o susto.
Algo que gostei muito aqui é da limpeza e da beleza, principalmente dos povoados que cruzamos no Caminho. Todos com ruas estreitas e calçamento de pedras, prédios assobradados e muitas flores nas janelas, muros de grades e jardins. Há rosas maravilhosas, enormes, de muitas cores, muito maiores do que as que conhecemos no Brasil. A maioria do povo é muito simpática, acolhedora e prestativa. Tivemos ajuda, quando necessitamos, de todas as pessoas a quem nos dirigimos, sempre solícitos. Um deles, de nome Miguel, nos colocou de novo no Caminho quando havíamos errado a direção, guiando-nos, em sua bicicleta, até o ponto correto. Dispôs-se, espontaneamente, a utilizar seu telefone celular para fazer uma ligação de nosso interesse, que acabou infrutífera porque o telefone de destino estava ocupado. Mais tarde, quando o destinatário retornou a ligação, por ter visto o número to telefone que o chamou, ele nos procurou pela cidade e nos encontrou para dar o recado. Excepcional, não acham? Nosso muito obrigado ao Miguel.
Outra situação que demonstra isto: enquanto estávamos sentados em uma praça, olhando folhetos, um senhor se aproximou e nos perguntou o que estávamos tentando encontrar. Como ele não conhecia o local, ficou parando pessoas que passavam até encontrar alguém que nos desse a localização certa de onde queríamos ir. Gente muito boa...
Vamos passar a noite em Estella e amanhã prosseguiremos. Não vou conseguir postar isto aqui hoje, 26/5, porque o hostal em que estamos não tem Internet, muito menos Wi-Fi. Postarei amanhã, se for possível, mas não vou alterar nada do que está aqui. Prepararei outro texto do que ocorrer amanhã...
Ao Itamar: dá prá fazer tranquilamente 50 km por dia. Vocês, que são feras, poderão fazer até mais do que isso. Mas cuidado com o avião: a Ibéria detonou nossas bicicletas.
Até o próximo!
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