Senhora dos Remédios/Povoado de Carrancas/Povoado de Peão/Pedra Menina/Palmital dos Mateus/Canjamba/Ressaquinha
Em Senhora dos Remédios ficamos no Hotel Santa Luzia. Mas, foi um perrengue danado. Havíamos feito reserva com antecedência, porém quando chegamos lá o hotel estava fechado. Aguardamos um bom tempo, imaginando que alguém da recepção iria aparecer para nos receber, mesmo porque havíamos confirmado presença no mesmo dia e a proprietária nos dissera que estava tudo certo. Como demorava demais da conta, perguntamos a pessoas que passavam pela rua, se conheciam a proprietária, que não atendia nossas ligações. Disseram-nos que ela estava com a família em uma missa comemorativa que estava sendo realizada em um pavilhão visível aos nossos olhos, localizado a menos de um quilômetro dali. Que a missa estaria acabando e que logo chegariam. Enquanto esperávamos, fomos a uma lanchonete nas proximidades. Fizemos nosso pedido, aguardamos, fomos servidos, comemos, voltamos e ainda não havia ninguém no hotel. Resolvemos procurar outra hospedagem, porém nosso senso de responsabilidade, já que havíamos reservado no Santa Luzia, falou mais forte e acabamos optando por voltar e esperar. Finalmente, depois de mais de 2 horas de espera, Dª Graça, a proprietária, chegou. Tranquilamente, como se nada tivesse acontecido, nem se desculpou pelo descaso. A gente sempre opta por não criar problemas, por isso também nem tocamos no assunto. Fizemos o check-in e seu marido nos acompanhou até um depósito de materiais de construção que existe nos fundos do hotel, onde guardamos nossas bicicletas em local protegido e subimos para o quarto, dois lances de escadas acima. Quarto e banheiro são bons. Custo de R$170,00 o casal, com café da manhã.
A missa era o evento final de uma novena e era seguida de festa com barracas, onde se poderia degustar o prato típico local: macarrão assado. Experimentamos no jantar e gostamos. O custo era bastante acessível, R$10,00 por pessoa.
Partimos, na manhã do dia 29/08, após o café. Na saída, registramos a igreja de Nossa Senhora dos Remédios e a praça que fica em frente:
O caminho do dia se desenvolveria por estradas rurais, nas quais eventualmente eram efetuados trechos de calçamento para facilitar a vida dos viajantes motorizados em picos onde, certamente, haveria dificuldades em tempos chuvosos. O céu apresentava muitas nuvens, tornando o pedal mais agradável, boa parte do tempo sob sombra: Íamos passando por propriedades rurais simples e, embora não representassem grandes atrativos, ficava o registro. Um que parecia ser um bar ou um local de festas: Ou uma residência com uma grande área avarandada: E até uma grande e bela fazenda, mais afastada da estrada. Trata-se, segundo pudemos apurar, da Fazenda do Guiné ou da Serra Velha:
A estrada boa e a sombra continuavam:Felizmente quase não havia tráfego de veículos. Assim, a poeira intensa da estrada não se tornava um obstáculo a lamentar: À beira da estrada, um nicho abrigava uma imagem sacra, mais uma demonstração da intensa religiosidade do povo do interior mineiro: Havíamos combinado almoço na comunidade do Peão, na Cabana da Helena. O local apresenta uma vista deslumbrante da famosa Pedra Menina, ponto turístico local.
A casa que se avista ao pé da montanha pertence à família da Helena: O almoço servido por Helena e sua irmã dava para alimentar "um batalhão":
Além da refeição, a Cabana da Helena oferece pouso. Quartos amplos e muito limpos. A Helena disse que vai passar a chamar o local de Cabana Pedra Menina. Recomendamos, embora não tenhamos ficado lá para dormir, devido ao imenso carinho com que fomos recebidos para o almoço e em razão da extraordinária atenção a nós dedicados. Imperdível!
Acabamos passando muito tempo por ali, tendo ficado umas três horas curtindo o bom papo e a vista maravilhosos. Partimos, com pesar, voltando à estrada e já sentindo na pele o friozinho do entardecer:
Cerca de 40 minutos depois passamos ao largo da comunidade de Palmital dos Mateus: Ainda não eram 16 horas quando, embora o céu tivesse ficado mais visível, tinha-se a impressão que já ia escurecer: Mas, depois da pequena subida, o caminho descortinado parecia muito prazeroso: Fizemos poucos registros a partir desta hora. Acreditávamos que ainda faltava muito para chegar a Ressaquinha e resolvemos diminuir as paradas para fotografar:
Chegamos a Ressaquinha nos últimos estertores do sol, às 17:55 h.
Dormimos novamente no Hotel Pousada Real, em Ressaquinha. Nosso carro havia ficado lá, uma grande gentileza da direção. Quilometragem do dia: 30,4 km. Altimetria, 1.268 m. O que falar do circuito? Achei espetacular. Talvez até o adjetivo mais adequado não seja esse, porque embora tenhamos visualizado muitas paisagens e locais muito lindos, o que mais nos marcou foi a extraordinária recepção com que fomos agraciados em todos os lugares que fomos. E o acompanhamento par e passo do Reiginaldo, coordenador do CVRD. Sempre atento a todas as nossas eventuais dificuldades, estava a todos os momentos em contato conosco, orientando, procurando saber se tudo estava bem e buscando ofertar-nos toda a generosidade da tradicional hospitalidade mineira. Recomendamos a todos os cicloturistas brasileiros, sempre prontos a conhecer novas paragens, que incluam este roteiro na sua agenda. Vale imensamente a pena!E, para terminar, quero falar de uma possibilidade nesse caminho que o diferencia dos demais. Em 30 de agosto de 2022, completei 70 anos. E, por sugestão do Reiginaldo, combinamos de nos reunir no Bar Rural do Geraldão para comemorarmos em grande estilo a ocasião festiva. O Geraldão iria assar uma leitoa recheada e iríamos degustá-la ao lado de amigos que fizemos pelo caminho. Convidamos o Adilson e a esposa, da mercearia entre Desterro do Melo e Alto Rio Doce. Convidamos também o Roberto e a esposa, do Sítio Cantinho do Céu, em Ribeirão do Santo Antônio. E participaram conosco, além do Reiginaldo e seu amigo Rui (também gente finíssima!), toda a família do Geraldão: esposa, genro, filha e neta. O custo foi de R$ 300,00, que achei bem justo, tendo o Geraldão fornecido a leitoa, a qual preparou, recheou, assou e serviu. Enfim, uma forma diferente e muito agradável de chegar aos 7.0, ao lado de novos amigos, marcando a data de forma indelével. Vejam alguns registros da ocasião: |
Forno onde foi assada a leitoa |
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Aspecto interno do bar rural do Geraldão |
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Aspecto externo do bar do Geraldão |
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Belisco antes da leitoa |
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Da esquerda para a direita: Rui, Geraldão e Reiginaldo |
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Também já esteve aqui anteriormente o @Fotógrafo_viajante, que presenteou o Geraldão com uma foto dele com a neta: linda! |
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A própria |
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Fim de festa |
Em 04/09/2022, o CVRD, na pessoa do Reiginaldo, colocou a placa que marca o local do Bar do Geraldão da Leitoa que, antes disso, não era visível para quem passava pela estrada: Após o almoço, saímos dali em direção a Cipotânea, onde passaríamos a noite, levando conosco uma metade da leitoa que havia sobrado. Íamos em 2 carros, o Rui e o Reiginaldo à frente, mostrando o caminho. Então, no povoado de Paciência, paramosno armazém do Luiz Silva, onde o cliente encontra de tudo, desde agulhas até presentes de casamento. A esposa do Luiz, Dona Marli, gentilmente ofereceu-nos um quitute, o qual, segundo ela, "não havia ficado muito bom". Era brevidade. Há quanto tempo eu não via isso, quanto mais experimentar! E estava uma verdadeira delícia.
O local é um ponto de apoio para os viajantes do Circuito Vale do Rio Doce. Dali partimos novamente em direção a Cipotânea, quando já estava quase escurecendo. Mas, o Reiginaldo e o Rui tinham outros planos. A uma certa altura, quando já estava escuro, eles pararam em um portão de madeira, na entrada de uma propriedade rural e nos disseram para acompanhá-los. Atravessamos o portão, que já estava aberto quando chegamos e estacionamos uns 50 m depois em um gramado, defronte uma casa. Eles entraram, revelando intimidade com os proprietários, mesmo sem bater e nós os acompanhamos. Olharam pela casa inteira e parecia não haver ninguém lá. Havia uma grande varanda, onde ficava o fogão de lenha, com grandes bancos e uma mesa. Já foram pegando cerveja na geladeira, abrindo e se servindo. Para nós era tudo meio inusitado. Algum tempo depois apareceu o dono, a quem fomos apresentados: o Luizinho Dias, também conhecido como Luizinho do Mário. Ele estava tomando banho e não estranhou a invasão. Disse que iria cozinhar um frango e convidou a todos para ficarem por lá, para apreciar o regalo. Alguém se lembrou da leitoa, para ir matando a fome enquanto o frango não ficava pronto. Trouxemos imediatamente o petisco e todos, inclusive mais duas outras pessoas que chegaram, continuamos a festa, já que também se lembraram do motivo da leitoa. Papo agradabilíssimo, muita alegria e uma constatação: ninguém trazia as esposas. Muitas histórias, brincadeiras, risadas, indignação com a política, comes e bebes. Rui assumiu o comando do fogão de lenha e depois de algum tempo, quando já havíamos arrancado aos ossos até os últimos fiapos da leitoa, o frango ficou pronto. E tome jantar! Com arroz e frango, que ficou muito gostoso. Nem sei que horas saímos de lá. O fato é que o Reiginaldo e o Rui haviam decidido que iríamos dormir na casa deste último, cuja esposa trabalha em Barbacena e não estaria lá. O Rui, extremamente gentil, ofereceu-nos um quarto, o qual ele preparou com todo esmero. Estava frio e a cama ostentava um belo edredom. Banhamo-nos e fomos dormir, pois o dia havia sido muito intenso. Uma festa diferente e que, com certeza, durante muito tempo permanecerá viva em nossa memória.
Na manhã seguinte, Rui preparou um ótimo café da manhã, embora, logicamente, o fazia como grande anfitrião que era, uma vez que poderíamos tomar o desjejum em alguma padaria, tranquilamente. Logo, antes de sairmos, apareceu o Reiginaldo, com sua filhinha, criança muito linda e educada, para a despedida. Antes de ir embora, fomos ver a ponte de ferro: Partimos levando dali a melhor impressão possível de toda aquela gente gentil e hospitaleira. Eles nos convidaram e nós prometemos: vamos voltar qualquer dia!
Olá, passando para pabenizar a descrição detalhada que tem me ajudado muito a programar minha viagem!!! Parabéns! Fico na torcida para que continue chegando lá de pedal!
ResponderExcluirObrigado! Ajudar outros peregrinos ou ciclistas é nosso único objetivo. Que bom que pudemos contribuir! Grande abraço!
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