terça-feira, 16 de julho de 2019

Eurovelo 15 - Rhine Cycle Route - 2º Dia - Flüelen a Andermatt

23/05/2019 - Quinta-feira

Nossas bicicletas ficaram guardadas, nessa noite, na parte de trás do hotel. Uma área descoberta, porém de utilização circunscrita aos moradores do local. De manhã estava tudo bem com elas, aliás, isso foi uma constante durante todo o caminho. Nenhum apuro, nenhuma suspeita, nada mesmo, que nos fizesse temer por qualquer tipo de ação criminosa. A paisagem vista do local era deslumbrante!
O hotel não serve o café da manhã. Ele tem um acordo com uma padaria, a menos de 50 m de distância. A gente recebe um vale-café e vai se servir lá. Não foi um café excepcional, mas tinha o básico. Se você desejar algo além, vai ter que pagar. É meio restrito aos produtos que estão disponíveis usualmente em uma padaria.
Uma foto na saída do hotel, para recordação:
O trecho de hoje seria de subidas, ao contrário de ontem. Relatos vistos na Internet nos alertavam para aclives de tirar o fôlego, a ponto de necessitar paradas, de vez em quando, para respirar, porque faltava o ar. Por isso, planejamos uma distância bem menor: 39 km. A paisagem, porém, era compensadora: 












Aqui estão amostras da sinalização suíça para o trânsito, com as placas vermelhas indicando direções exclusivamente aos ciclistas: 
Notem que as placas brancas e amarelas trazem informações aos pedestres sobre transportes coletivos:

O embelezamento das áreas, sejam públicas ou privadas, é uma constante por todos os lugares em que passamos: 
Uma selfie do grupo, na chegada a Wassen: 
Depois que passamos por Wassen, ao chegarmos a uma rotatória, na entrada para Göschenen, surgiu um impasse. Haviam placas de sinalização indicando Andermatt à esquerda e Göschenen à direita. Porém, estava sinalizada também, a proibição de bicicletas na direção de Andermatt. Havíamos ouvido um podcast onde o relatante dizia que, em determinado momento do pedal, neste trecho, ele teve que desobedecer as placas e seguir junto dos carros, por falta de alternativa para a bicicleta. Depois de discutirmos a situação, acabamos achando que era naquele trecho que a única opção seria seguir pela estrada e foi o que fizemos. 
Era um trecho pequeno, uns três quilômetros, talvez e em geral, os motoristas nos respeitaram, mas houve quem buzinasse, tipo assim: vocês estão trafegando em local proibido!
Logo, porém, vimos que, de fato, fizemos a opção errada. O certo teria sido seguir para Göschenen e dali havia ciclovia, retornando para o lado da estrada, pois chegamos ao ponto em que isto acontecia. A partir dali voltava a ter na pista marcação de faixa reservada ao ciclista. Corremos um risco desnecessário, mas agora tudo já estava feito. 
Veremos, mais adiante, que a faixa reservada a ciclistas/ciclovia ainda não está concluída até Andermatt, está em construção.
Vejam agora os túneis que falei na postagem de ontem. São, na verdade, uma proteção aos transeuntes contra rolamentos nas montanhas: 


A parte mais íngreme do percurso começa 19 km depois de Flüelen, a partir da cidade de Teufelsstein. Mas, não chegamos a ter falta de ar, como relatou um ciclista em blog. Subimos de boa, devagar. 


A história tem um registro curioso a respeito desse nome. Seu significado em alemão é pedra do diabo. Existe, nas proximidades, o Passo de São Gotardo, onde foi construída, no século 13, a Teufelsbrücke, ou Ponte do Diabo. É um lugar espetacular. Conta-se que a dificuldade para a construção era tamanha, devido as condições do local, que um pastor chegou a desejar que o diabo a construísse. Pois ele apareceu e se propôs a fazê-la, desde que lhe fosse dada a alma do primeiro que atravessasse a ponte. As pessoas, entretanto, puseram uma cabra para atravessar a ponte e o diabo, irritado com a esperteza, pegou uma pedra de 22 toneladas para destruí-la. Porém encontrou uma velha no caminho, com um crucifixo, o que o fez desistir do intento. A pedra ficou no local durante muito tempo e foi removida posteriormente, para uns 100 m de distância do lugar originou, quando, em 1958, foi construída uma nova ponte para abrigar todo o tráfego que a antiga já não suportava. 

Há também na Alemanha, uma pedra com esse nome, a qual, conforme indicam marcas nela existentes, foi objeto de adoração na antiguidade. Quem desejar, pode procurar na Internet que poderá ver fotos de ambas.

A neve estava cada vez mais perto de nós. Eu, particularmente, estava ansioso por pegá-la com as mãos. Afinal, nunca havia feito isso em toda a minha vida! Por enquanto, embora próxima, ainda não era possível tocá-la: 


Quando nos aproximávamos de Andermatt, optamos por utilizar, para a subida, uma espécie de andaime estreito, existente ao lado do túnel. Acho que é utilizado para o deslocamento do pessoal de manutenção, evitando o trânsito em conjunto com os veículos, o mesmo motivo que nos incentivou a isso. Porém, já bem no alto, quanto faltavam uns 20 metros para o fim do túnel, havia uma rocha imensa no caminho e o andaime acabava. Putz! E agora? O que fazer? O tráfego de autos era relativamente intenso e teríamos que elevar a bicicleta pesada, com os alforges, para passar por cima do parapeito, percorrer os 20 metros empurrando-a, na contra-mão, pois estávamos do lado da pista de descida e sair rapidamente, antes que viesse algum veículo. Não havia nem um centímetro de calçada dentro do túnel. Naquele final os carros passavam rente à rocha. O túnel devia ter, no mínimo, uns 300 metros de extensão e não estávamos a fim de descer tudo para subir novamente na companhia dos carros. Acabamos optando pela primeira alternativa. Pusemos a primeira bicicleta em cima da mureta, onde já estava o Fernando, que ficou segurando-a, pois não havia como apoiá-la. Saltei a mureta e fiquei vigiando o trânsito. Quando, no alcance da nossa visão, nenhum veículo vinha vindo, descemos rapidamente a bike e empurrei-a correndo tanto quanto eu podia, morro acima, até chegar fora do túnel, onde havia uma calçada de aproximadamente 1,5 m de largura. Encostei a bicicleta e quando o tráfego propiciou, voltei correndo. E repetimos a operação para as outras três bicicletas. Emocionante!
O pior havia passado. Depois que saímos daquela enrascada, a subida amenizava e já dava para ver o que seria o último túnel do trecho: 
O destino do dia se aproximava e era difícil conter a ansiedade. Pedalamos com vontade a etapa final e a esperada visão de Andermatt se deparou diante de nossos olhos: 

Olhando para trás, restou o agradecimento por termos chegado bem, tendo às costas o último túnel percorrido:
Ficamos, em Andermatt, Eros e eu, em um "Privatzimmer/Bed e  Breakfast". Fernando e Rose ficaram no Hotel Aurora, porque o Privatzimmer só recebe um casal. Quando chegamos ao local, a senhora responsável nos indicou onde guardar as bicicletas (uma garagem fechada), mostrou-nos o quarto, o local onde seria o café da manhã, entregou-nos as chaves e retirou-se.
O odômetro acumulava 125,62 km. Percorremos, portanto, 40,92 km no dia, em 4 horas e 12 minutos de pedal. Chegamos pouco depois das 17:30 h. Amanhã vou ver a neve de perto! Uh, uuuuuuuuuuuuuh!

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