Estadia
em Feltre - Hotel Doriguzzi - Viale del Piave, 2 - tel. +39-0439-2003 - Custo
de 100 euros com café da manhã.
Como
expliquei no dia anterior, chegamos a esse hotel na correria, para fugir da
tempestade. Tinha vaga e concordamos com o preço, mesmo porque não ia ser
possível continuar procurando outro embaixo do dilúvio que se afigurava. É um
bom hotel, apesar de ser um prédio antigo. Pessoal muito simpático e o café da
manhã de boa qualidade. Serviu
bem para passarmos a noite confortavelmente.
Hoje
é o 13º dia na Via Claudia Augusta.
A
chuva parou à noite e a manhã surgiu plena de luminosidade com o céu aberto e o
sol brilhando.
Um
senhor que abordamos na rua nos orientou com precisão sobre o caminho a seguir.
Começou com uma subida não muito íngreme, ainda dentro da cidade e logo
passamos à zona rural, atravessando, durante todo o dia, muitos e muitos
trechos com árvores dos dois lados da pista, tudo muito bonito, tornando a
pedalada intensamente agradável.
A paisagem permanece linda, sempre em meio às montanhas:
Uma
árvore que eu nunca vi aqui no Brasil, contrastando seu vermelho carmim com o
verde do fundo:
Uma
casa antiga mas que mantém sua discreta elegância, resquício do esplendor de eras mais afortunadas:
As
passagens pelas pequenas cidades e vilarejos continuavam revelando lindos
lugares, com doses generosas de romantismo:
Como
já falei em dias anteriores, na maioria das pequenas cidades não há
restaurantes, por isso hoje compramos frutas e vamos fazendo lanchinhos:
Uma
das localidades que passamos chama-se Corte, vizinha de Tallandino. Lá, como em toda pequena vila ou cidade italiana, tem uma igreja com um formato padrão: um salão de dimensões proporcionais à população local, uma porta dianteira grande, telhado inclinado por causa da neve, poucos ou nenhum detalhe entalhado nas paredes e uma pequena torre, com uma janelinha de cada lado, onde ficam os sinos, chamada campanário. Algumas têm relógio, outras não. Esta tem duas aberturas na torre:
Enfrentamos
hoje uma das mais duras subidas do caminho, o Passo de Praderadego. Foram pelo
menos três horas, boa parte das quais tive que empurrar a bicicleta. Até
brinquei e dei um nome para ela: subida Gillete, "a
interminááááááável". Num certo momento, parecia que íamos tocar o céu...
Bem
no alto, de surpresa, um bar-café. Fizemos mais um lanche, que o dia estava muito
duro e precisávamos de energia. A senhora simpática que nos atendeu, nos deu
dois cartões postais do lugar:
Passagem
pela cidade de Lentiai, com paradinha para descanso e reidratação:
Quando
começa a descida do outro lado, deparamo-nos com esta maravilhosa visão:
Não
éramos os únicos a ter o queixo caído de admiração. Um cidadão sentou-se sobre
a pedra, munido de binóculo, para apreciar o panorama:
A
estrada, no local, era recortada na montanha:
A
sinalização, muito falha, provocava dificuldades em momentos cruciais quando,
por exemplo, tínhamos que virar ou chegávamos a uma bifurcação. Apesar disso,
tivemos poucos erros porque sempre procurávamos perguntar a alguém. Haviam
pessoas prestativas que se esforçavam para ajudar e outras que nem abriam a
boca, faziam um gesto com a mão parecendo dizer "#-se" e seguiam
adiante, sem nem parar. Pedimos, num certo momento, informação a uma senhora que
passava em um carro. Ela parou o veículo meio atravessado na estrada (o que me
deixou meio preocupado, mas felizmente o trânsito naquele local era ínfimo) e
ao tomar conhecimento da nossa dificuldade, fez um desenho do caminho que
deveríamos seguir, contendo as próximas cidades, as saídas que teríamos que atentar,
rotatórias, pontes, referências, tudo! Graças a ela conseguimos chegar ao nosso
destino.
E
por quê caímos nessa esparrela? Vou
contar.
Estávamos
seguindo as placas e chegamos a uma rua que não tinha continuação para a
frente. Para a esquerda, ela acabava uns 50 metros depois. Então seguimos pela
direita. Uns 100 metros adiante, ela virava pasto, o mato estava crescendo nela,
sinalizando que ninguém passava por lá. Pensei: não é possível, está errado.
Voltamos, conferimos a última placa e estava correto! Tinha que ter uma saída.
Havia um caminho que seguia em meio a uma plantação de milho. Fomos verificar e
ele chegava numa estrada, mas não havia sinais de continuidade. No asfalto da
rodovia, parecia haver marcas de faixa de pedestres, mas estavam muito apagadas
ou tinham sido apagadas, não dava para saber. Do outro lado da estrada, o
caminho parecia continuar. Atravessamos a pista com muito cuidado e
dificuldade, havia um pequeno barranco para subir e muito trânsito. Seguimos
uns 50 metros e chegamos a outra estrada, menor, praticamente sem movimento. Uma
vez mais voltou aquela pergunta que tantas vezes nos atazanou: esquerda ou
direita?
Foi
aí que encontramos aquela senhora que falamos acima.
Chegamos
a Spresiano (município de Treviso), onde tínhamos reserva no Hotel Liberty, às
08:15 horas da noite europeia, quando o sol já esticava nossa sombra na estrada
e nossa imagem dançava alucinadamente na vegetação do outro lado. Hotel
simples, mas com gente muito simpática e agradável, que nos recebeu com suco e
água gelados. Com o cansaço dos 86 km percorridos, serviu perfeitamente...
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