terça-feira, 20 de maio de 2014

Projeto Lagamar - De Cananeia (SP) à Ilha do Mel (PR) - 4º dia

Ilha do Mel (PR)
Bicicletas ajeitadas no barco e tu-tu-tu-tu, lá vamos nós para a Ilha do Mel. Este barco era um pouco maior, com cobertura e motor instalado no centro. O Sandro ali, sentado confortavelmente, Eros se divertindo, Claudia tentando fotografar e filmar os golfinhos e Filipe só apreciando... Sentado na popa, colhi este instantâneo:
Chegamos e sem mais delongas, começamos o pedal, novamente sem testemunhas. Neste dia, embora o trajeto tenha começado assim, deserto, chegaríamos até uma pequena colônia, onde o turista é esperado e onde há lojinhas e restaurantes, além de posto telefônico, de saúde e da polícia ambiental do Paraná. 
A torre de observação da Marinha mostrada na foto está abandonada. Ao seu lado foi construída uma antena, que pode também ser vista na foto, através da qual são emitidos sinais aos navegantes. A modernidade chega, as coisas mais antigas vão sendo deixadas de lado...
Aqui, na Ilha do Mel, é onde mais se pode notar a ação avassaladora do mar, que está destruindo a vegetação à beira da praia e colocando em sério risco construções existentes, que já estão à beira da implosão, conforme vamos ver mais adiante:
Barricadas são inúteis ante a fúria das águas. Vejam aí: foi construída toda uma proteção em madeira, para tentar conter o mar, mas pode-se notar que a erosão já avançou alguns metros sobre a terra, atrás da barricada, colocando em risco a casa que está ali bem próxima. Ao longo da praia, visualizamos várias situações iguais a esta, com construções já mostrando sinais de abandono. Para mim não restou dúvidas que esta luta é vã e a vitória do mar, inevitável...
Mas, não devo fazer destas anotações motivos de tristeza ou preocupações. Viemos para curtir o isolamento das praias, o ar puro e o contato com a natureza. E isto estamos tendo bastante, mas nunca é demais...
Finalmente, chegamos à área povoada da ilha. Este local, com barracas e construções, é uma parte bem estreita da ilha, cujo lado oposto contém o ancoradouro utilizado para embarque e desembarque, o qual, salvo engano de minha parte, chamam aqui de trapiche. Embora o significado desta palavra, no dicionário, não seja exatamente isto... Na foto, esculturas curiosas encontradas no local:
Para todos os lados que olhamos, a natureza é exuberante. Do mesmo ponto, fotografamos para os quatro lados e o que se vê é isto:



Há na ilha um forte construído sobre as pedras, o qual ainda está bem conservado e preserva, além do formato original, vários canhões de origem inglesa espalhados sobre os muros, que podem ser acessados internamente através de uma rampa de pedra: é a Fortaleza da Ilha do Mel:
Da parte interna do forte, pode-se acessar um mirante, através de uma trilha parte calçada e parte em terra, através da mata que recobre o morro. É uma caminhada pesada para quem não faz nenhum exercício físico, eu calculo que deve ter cerca de um quilômetro de subida forte:

Mas, não é simplesmente um mirante. O local foi pensado para complementar a defesa e atacar do alto qualquer possível invasor. Há uma construção com grossas paredes de pedras, com rampas que dão acesso a vários canhões colocados estrategicamente no topo do morro:



No entanto, a visão do alto do mirante é encantadora:
Descemos e logo ali, perto daquele ancoradouro semi-destruído que se vê na foto acima, o barco que nos levaria até Cananeia já estava nos aguardando. 
Embarcamos junto com as bicicletas. Era o final da aventura. 
Mas, na viagem de volta, ainda daria tempo de observar duas curiosidades. 
A primeira, foi essa pedra, que contém o desenho que pode ser visto aí claramente na imagem. Segundo o piloto do barco, durante toda a vida dele este desenho já estava aí, nessa pedra. Quem teria sido o artista? Teriam os gregos (ou fenícios, ou egípcios, ou...) frequentado estas paragens? 
Depois, mais acima, (desculpem a qualidade da foto), pudemos ver um sambaqui. Para quem não sabe, é uma palavra tupi que significa literalmente "amontoado de conchas". Os povos pré-históricos que habitavam o litoral, desde São Paulo até o Rio da Prata, consumiam moluscos que retiravam do mar ou de rios e amontoavam as conchas em locais que também eram utilizados para "enterrar" urnas funerárias e sobre os quais também construíam suas malocas. 
Infelizmente, durante muitos anos esses sítios foram vandalizados, inclusive utilizando-se as conchas como matéria prima para a construção (moídas, viravam uma espécie de cal), ou foram destruídos pela abertura de estradas. Os índios eram nômades, mudavam-se quando rareava a alimentação. Mas voltavam ao mesmo local tempos depois e não jogavam os restos a esmo, utilizando sempre o mesmo lugar. Por isto, o acúmulo.
Bem, o Projeto Lagamar termina aqui. Nas próximas postagens vou contar sobre os cinco dias do Caminho das Missões, no Rio Grande do Sul.

2 comentários:

  1. Amei reviver nossos últimos momentos por lá!

    Ansiosa por saber como foi As Missões!!

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    1. Obrigado pela gentileza, Claudia. Grande abraço a vocês...

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