quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Castelhanos: emoção e aventura na Ilha de São Sebastião

Foto 1

Crepúsculo. Mais um dia terminava e a beleza do momento e do lugar era digna de eternidade.  Ao registrar aquele maravilhoso poente, capturamos, casualmente, uma oração de agradecimento: alguém, de braços erguidos, fazia chegar aos céus a gratidão por poder fazer parte, mesmo que por um breve momento, daquele capricho do Criador (foto 1).
Ilhabela é assim: um capricho da natureza. Aliás, toda a Ilha de São Sebastião. Muita gente ainda confunde o nome da cidade com o nome da ilha. Mas, isto nem tem muita importância. Foi pensando nas belezas da ilha e no desafio de atravessá-la morro acima, que decidimos percorrer a trilha de Castelhanos de bicicleta.

Foto 2

Novembro de 2008. Tempo bom, o sol iluminava toda a ilha e mesmo a chuva que havia caído um dia antes, não nos assustava. Saímos meio tarde, mas com toda a disposição. A trilha, que começa na cidade, logo vira uma estradinha de terra e só sobe. Logo no começo, passamos pela entrada da Toca (foto 2), lugar que ficou famoso pelo escorregador de pedra, dentro da água, onde as crianças (e os adultos, por que não) se divertem tremendamente, descendo pela água e caindo numa deliciosa piscina natural formada pelo riacho. Água fria, energizante, onde, com calma e olhando atentamente, você pode encontrar até pitus, tentando se esconder nas pedras.
Seguindo, não demora muito para chegar ao Parque Estadual de Ilhabela (foto 3). Dalí para frente, a mata e tudo que existe em seu interior estão protegidos.
Maravilha, porque assim sempre teremos este revigorante lugar para curtir e apreciar, seja a pé, seja de bicicleta, seja nos 4x4 que atravessam a montanha, levando-o até o povoado de Castelhanos, do outro lado da ilha.

Foto 3

E é pura curtição. Você vai pedalando, pedalando, subindo, subindo, sempre (fotos 4 e 5). A prodigiosa natureza o cerca por todos os lados e você pode ver avencas, samambaias, orquídeas e uma grande variedade de árvores nativas, resquícios da mata Atlântica. E até outras espécies mais ordinárias, como as marias-sem-vergonha, decantadas pelo poeta Chico. Pode ouvir pássaros de variadas espécies, alguns que você talvez nem reconheça. Nascentes de água fresquinha, correndo entre pedras e gramíneas. Enfim, é um relax total...


Foto 5


Foto 4
Chegamos, enfim ao ponto mais alto da trilha (foto 6).
Daí para frente, é só descida. Despencamos ladeira abaixo, tomando cuidado com o barro que se acumulara em alguns pontos e que dificultava a passagem, dependendo da extensão que ocupava na estradinha. Esses locais, poucos, o sol não penetrava em razão da densidade da floresta e o barro permanecia ali, resistindo sem secar, para trazer um ingrediente mais aventureiro ao ciclista. Todo o cuidado, porém, não evitou quedas, felizmente, sem maiores conseqüências (foto 7).

Foto 6

E, de repente, surpresa! Um pequeno rio para atravessar (foto 8). E milhões de pernilongos para azucrinar. Mas, quem se mete numa aventura dessas, não pode reclamar de insetos. O negócio é curtir e até se refrescar nas águas límpidas e frias.


Foto 7
 
Atravessado o rio, mais algumas dezenas de metros de pedal e finalmente, chegamos! O lugar é pitoresco e nem tem energia elétrica (foto 9). Mesmo assim, você pode saborear um delicioso suco de abacaxi, servido no vidro de maionese, que se toma degustando pedacinhos da fruta, uma maravilha! Ou mergulhar no mar para se refrescar, embora as ondas não fossem, na ocasião, muito amigáveis, fazendo com que os freqüentadores não se afastassem muito da praia.


Foto 8
 
Foto 9
 Muito bem. Chegamos, curtimos, mergulhamos. E agora? Tínhamos que voltar. Já eram quatro horas da tarde e em meio a todo aquele barro, a subida da montanha ia ser complicada, porque logo escureceria e ninguém conhecia o caminho suficientemente. Confabulamos e o jeito encontrado foi contratar um dos jipes que transportam turistas para nos levar até o alto do morro. Felizmente, encontramos um motorista que se dispôs a nos levar. E lá fomos nós, chacoalhando tal qual frutas no liquidificador, sobre a carroceria, tentando evitar que as bicicletas se batessem ou ao metal da caçamba, levando ferradas nas costelas, quando o jipe solavancava nos buracos, ou ainda, se abaixando e desviando para os lados, para evitar galhos na cabeça. Até que alguém se esqueceu de abaixar e - rasg! – o arranha-gato enroscou-se na roupa e foi um Deus-nos-acuda para fugir dos espinhos e desenroscar a camisa. Ao final, cabia perfeitamente aquela velha máxima: entre mortos e feridos, salvaram-se todos! (foto 10)

Foto 10


Descemos do veículo, descarregamos as bicicletas (que chegaram inteiras, felizmente) e retornamos, fazendo agora a descida pelo lado oeste, que havíamos subido na ida. E tudo acabou na mais pura alegria. É uma aventura para nunca mais esquecermos...

Um comentário:

  1. Paps,

    Você esqueceu do suco de abacaxi batido no "liquidificador manual" (delícia) e de falar da água transparente e quentinha de Castelhanos.

    Precisamos fazer de novo!!!

    Saudades

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