De repente, o país fica estupefato. Atônito, assiste ao vídeo em que um carro arremete em velocidade contra ciclistas. E corpos e bicicletas voam pelo ar, num inusitado e macabro strike, enquanto o automóvel desaparece.
Aparentemente, no episódio, além da atitude machista (no sentido de machão, tipo: se não saem da frente, passo por cima) do motorista, houve intolerância dos ciclistas, conforme vi em entrevista à Tv: “não misturamos carros com bicicletas”, ou seja, não admitiam a passagem de carros. Mas não tinham permissão pública para o evento e, portanto, autoridade para bloquear o trânsito de veículos.
Aqui, agora, é suposição: deve ter havido bate boca entre os ciclistas que faziam a segurança do grupo e o motorista atropelador. Não houve entendimento, exatamente o ponto onde eu queria chegar. Preferiu-se o confronto.
A gente vê isso por todos os lados: ninguém quer abrir mão de nada, em busca do bem comum. Consideram isso humilhação, sei lá. Se a pessoa não encara, é fraca, covarde. É a famosa “lei de Gérson” imperando: Não cedo um milímetro, mesmo que isso pudesse beneficiar uma comunidade...
E as cidades não estão preparadas para os ciclistas. Elas são desenvolvidas do ponto de vista do automóvel. E as bicicletas não são simplesmente um meio de transporte, elas revelam a opção por qualidade de vida. Muita gente está preferindo, cada vez mais, ir ao trabalho, por exemplo, de bicicleta. Não é só lazer. É opção de exercício. É curtir o caminho, é levantar um pouco mais cedo, o que também é saudável, para aproveitar melhor o percurso, é tornar o seu dia-a-dia mais prazeroso, menos correria.
Como diz o Engenheiro José Luiz Portela, na Folha de São Paulo, “o caminho para uma metrópole mais amigável é criar uma infraestrutura ampla, geral e irrestrita para a bicicleta. Um sistema cicloviário que permita trafegar de bike pela cidade”.
Ainda bem que vão aumentando sempre as pessoas que pensam assim. Como a Renata Falzoni, também citada por Portela, que batalha constantemente pela criação de meios e regulamentação para o uso da bicicleta. A continuar assim, vai chegar o momento em que os poderes constituídos não terão como continuar ignorando a necessidade de propiciar condições de tráfego aos “bicicleteiros”.
Volto a falar de Ribeirão Preto, que é a cidade onde moro, assunto a que já me referi anteriormente: uma topologia plana ou com aclividade mínima, perfeitamente transitável por bicicletas. Por que não há ciclovias? Quando será que nossas autoridades vão perceber que a bicicleta pode representar a opção para desafogo do trânsito, redução da poluição, melhoria do condicionamento físico do cidadão, maior qualidade de vida? Sem falar que obras para acomodar bicicletas certamente custarão muitas vezes menos do que as que se destinam aos automóveis.
Será que algum dia, mesmo sem considerarmos que o espaço territorial do Brasil é imensamente maior, chegaremos a ter uma estrutura cicloviária como a da Holanda, por exemplo, que chega a ter quase 20 mil km de extensão? Onde o número de bicicletas chega a ser o dobro do número de carros? Onde cerca de 40% da população faz suas viagens diárias de bicicleta?
Sonhar também não ofende...
Parabéns, estaremos seguindo voces em sua viagem para Santiago. Caso tenham tempo entrem em contato conosco antes de partir. Nosso e-mail ibadyg@hotmail.com Fone 3024-0436.
ResponderExcluirAbs
Itamar e Cristina