Saímos de Ribeirão Preto, na manhãzinha de 15/11/2018, rumo a Guaxupé-MG. A intenção era chegar, deixar os carros no estacionamento do hotel, reservado por antecipação e seguir pedalando no mesmo dia até Caconde, passando por Tapiratiba. Dormir em Caconde. No dia 16, ir até Divinolândia e voltar pedalando. Dormir novamente em Caconde, seguindo no dia 17 para Guaxupé. Dormiríamos em Guaxupé, onde temos um amigo, conhecido das primeiras pedaladas pelo Caminho da Fé, em Tocos do Moji-MG, o qual pretendíamos visitar na manhã do domingo, 18/11. Depois disso, voltar para casa.
Nesta viagem tínhamos a companhia de novos amigos: Rosa e Fernando, que conhecemos em Urubici-SC, na epopeia do "Navegantes a Gramado", moradores do Rio de Janeiro e Silvana, conhecida na praia de Barra do Saí, no litoral de São Paulo, que mora na capital (SP).
Já havia passado das 11 horas da manhã, quando iniciamos o pedal. Havia perspectiva de chuva, o céu estava carregado de nuvens escuras, antevendo banho extemporâneo no caminho. Mas, partimos.
Procurávamos as setas indicativas do Caminho e não encontrávamos nada. Imaginamos que, como é usual, o Caminho saísse da principal igreja da cidade. Graças à ajuda de moradores, localizamos a igreja, mas nenhuma seta. Voltamos até o hotel e perguntamos, então o recepcionista nos disse que as setas foram apagadas por uma empresa contratada pela prefeitura de Guaxupé para pintar barramentos brancos nos postes. Não havia mais nenhuma indicação, por isso não as encontrávamos. Orientados por ele, tentávamos encontrar o caminho, quando fomos alcançados por "Roda de Fogo", cidadão e pai de ciclista competidor que, tomando conhecimento de nossa dificuldade, dispôs-se prontamente a levar-nos até a saída da cidade, onde encontraríamos as famosas setas amarelas para prosseguir sem problemas. Acompanhou-nos até lá, em sua motocicleta e posou conosco para a memória da jornada:
A saída é pelo asfalto que, desde o hotel até pegarmos a estrada de terra, dista 7 km aproximadamente. Na periferia da cidade, um lago:
O tráfego para ciclistas, a partir do momento em que deixamos a cidade e pegamos a estrada asfaltada, torna-se muito perigoso, em razão do péssimo acostamento, praticamente intransitável para a bicicleta, com capim, buracos, restos de asfalto e pedras. Há tráfego de veículos sem muita intensidade, porém constante, inviabilizando ou deixando muito arriscada a utilização do leito carroçável da estrada.
Superado, com dificuldades, o trecho asfaltado, uma saída à esquerda, bem sinalizada, em frente a uma escola, muda tudo, apresentando-nos uma estrada de terra batida, bastante lisa e a perspectiva de um excelente pedal dali para frente.
Este trecho é muito agradável e sem grandes variações de altimetria:
O tempo nublado continuava ameaçador e a gente chegou a sentir alguns pingos gordos pelo corpo, logo no início da estrada de terra, mas ficou só na ameaça. Até víamos a chuva a pouca distância de nós, mas acabou prevalecendo o "nebulizador", qualificado pela Eros.
Muita vegetação à beira da estrada intensificava o prazer de pedalar:
Almoçamos em Tapiratiba, no Restaurante da Silvana, a uma quadra do Caminho. Comida e preços bons. Chegamos já um pouco tarde, mesmo assim o pessoal da casa foi muito simpático e nos permitiu almoçar quando já estavam se preparando para encerrar o expediente do dia.
Na saída, tomamos um delicioso sorvete na Kara Melada (fica bem no caminho, depois de passar a igreja e subir em direção à saída).
Após Tapiratiba, o caminho segue muito agradável, sem muitos registros na ida:
A parada em Caconde foi no Hotel Alvorada, bem em frente à praça principal e à igreja matriz.
Saímos para jantar e fomos à Taverna Pizza Bar, onde degustamos uma excelente pizza de calabresa (o pessoal comeu também portuguesa).
A saída, no dia seguinte, foi por volta de 9:15 h da manhã. Uma placa, estrategicamente colocada na praça da matriz, assinala o início:
De início, a estrada continuava muito boa:
As pontes me exercem sempre um grande fascínio:
O rio é muito bonito no local:
Até este momento ainda conservava meu óculos, que acabei perdendo no caminho:
Então, inopinadamente, o caminho nos obriga a virar à esquerda, montanha acima:
A subida, árdua, continua e as fotos não dão ideia dela:
Uma plantação de café emoldura nosso caminho na parte mais alta da montanha:
Bem no alto, uma indústria de café (estrangeira, por sinal):
Depois vem a descida alucinante do outro lado da montanha: tão íngreme e perigosa, que requeria cuidados especiais. A Eros acabou perdendo o odômetro, sem perceber. Só quando paramos no plano, ao final do down hill, é que nos demos conta:
Mais à frente, uma série de reservatórios de água dão a ideia de um criadouro de peixes ou pesqueiro:
Já chegando a Divinolândia, o Cristo, de braços abertos, protege a cidade:
Quando chegamos a Divinolândia, por volta de duas e meia da tarde, não havia mais almoço. Comemos uns salgados, os últimos existentes em um restaurante ao lado do posto de gasolina, logo na entrada.
A volta consideramos que seria muito perigosa, tem em vista a longa e vertiginosa descida que teríamos que percorrer e decidimos voltar de van, o que possibilitaria visitar o Mirante da Represa da Graminha, um lugar muito lindo, mas que fica fora do caminho de bike:
À noite, em Caconde, houve um temporal fortíssimo de ventos e alguma chuva. As janelas do quarto batiam com violência e as copas dos coqueiros na praça se vergavam e pareciam querer sair voando, qual gigantesca aranha de tentáculos verdes.
No dia seguinte, retornando de bicicleta para Guaxupé, pudemos ver o estrago que a ventania provocou:
Uma pausa para pose e hidratação:
Lugares como este nos fazem ver que vale muito a pena pedalar por aí. Como se costuma dizer (há dúvidas sobre o verdadeiro autor da frase), "não podemos acrescentar dias a nossa vida, mas podemos acrescentar vida aos nossos dias...":
Uma curiosa igreja abandonada: será que aquelas pedras gigantes sempre estiveram ali, bem à porta?
A praça de Tapiratiba ostenta um monumento em homenagem à multiplicidade de raças de diversas origens que constituem a população local. É a "Praça da Cidadania". O piso foi feito com fundos de garrafas de vidro:
Eros e água, nunca passam a seco:
A saída do parque:
Mais algumas passagens do caminho:
Bambuzal ao final do trecho de terra, quando se chega ao asfalto na volta para Guaxupé:
Resumo da ópera: o caminho, de fato, é muito bonito e a parte entre Guaxupé e Caconde pode até ser considerada fácil de pedalar. Mas, achamos que "moderado" para a parte entre Caconde e Divinolândia, é condescendência. Achamos difícil, tanto em termos de preparo físico quando de técnica.
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