Como não tínhamos muito tempo disponível, tivemos que escolher uma delas e optamos por visitar o lago.
É um local muito bonito e agradável, circundado em toda sua extensão por uma via pública, com calçada para os pedestres e atrações variadas para os visitantes:
A cidade tem uma avenida principal, em cujo canteiro central foi construído um calçamento para pedestres e ciclistas, além da arborização, tendo sido reservado espaço também para monumentos como estes:
Aqui vemos, no detalhe, outro daqueles dispositivos que fornecem água bem quente (a 80°C) para o chimarrão:
Na hora de começar o pedal, um pneu furado atrasou a partida. Enquanto esperávamos o conserto, a rosa da casa vizinha à bicicletaria esbanjava formosura:
Pneu consertado, às 09:42 h iniciamos a jornada. Neste dia combinamos assim: eu iria pedalando, minha esposa iria com o carro para Gramado, levando sua bicicleta e, de lá, viria ao meu encontro, de onde terminaríamos o percurso juntos.
A saída é pelo asfalto, seguindo a estrada na direção de Porto Alegre. Logo, porém, saímos do asfalto por um desvio à direita e aí, a primeira surpresa do dia: trata-se de uma ruela, muito mal ajambrada, em aclive acentuado onde, além de muitas pedras, água escorrendo, havia até degraus. Até tentei pedalar, mas alguns trechos tive mesmo que empurrar:
Felizmente o trecho é relativamente curto e logo chegamos a uma estrada melhor:
Mas a coisa começou a se complicar. Uma série de fatores como piso dificílimo, cheio de pedras grandes e soltas, aliado à umidade com água escorrendo, muitos buracos provocados por enxurrada, chão escorregadio e em declive acentuado, fazia do pedal uma atitude temerária:
Prudentemente, desci da bicicleta e fui segurando-a ladeira abaixo, aos solavancos, neste trecho que se estendia por uns 4 km. Ia descendo e "xingando" o Cavalari e o Jessie por me induzirem, indiretamente, a entrar nessa fria. Pensava que, provavelmente, quando eles passaram por aqui, o caminho não devia estar tão ruim. Uma hortênsia solitária amenizou minha "ira":
Mas, como não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe, chequei numa estrada pedalável que, verificando depois, vi tratar-se da RS-020:
Prosseguimos passando por fazendas e pequenas comunidades rurais:
Cruzamos também com um grupo de trabalhadores que fazia extração de madeira, utilizando tratores e caminhões peso pesados:
Parei, num certo momento, para fotografar um arbusto florido e tive mais uma surpresa, desta vez, muito agradável: encontrei uma grande quantidade de fragaias, frutinha silvestre, espalhadas entre a vegetação à beira da estrada:
Foi uma festa! Fiquei por ali durante um bom tempo, colhendo e me maravilhando com as deliciosas frutinhas. Praticamente almocei fragaias, estavam bem maduras e docinhas!
O caminho prosseguia, com muitas pedras, que faziam a bicicleta saltitar no piso áspero:
Passagem por uma casa de madeira com aspecto sombrio:
Então cheguei a uma fazenda, completamente abandonada. Diversas construções às moscas, sugerindo que o local deve ter conhecido dias melhores:Havia uma plaquinha, que aparecia de vez em quando, à beira da estrada mas, de passagem, eu não conseguia ler a quê se referia. Então, ao novamente avistar uma delas, fui tirar a limpo:
Na estrada havia ainda algum barro e poças de água da chuva do dia anterior:
Um trecho bom do caminho e um lugar bonito:
Com 21,4 km percorridos, mais uma surpresa: uma pedra estourou a câmara do pneu traseiro da bicicleta. Levei um susto, parecia o som de um tiro! Beleza! Até tinha câmeras reservas na bolsinha, porém não havia pego o adaptador para o bico fino na hora de encher o pneu. No meio do nada, resolvi prosseguir a pé, empurrando a magrela. E assim foi. Pelo roteiro do caminho, faltavam 30 km. A esperança era encontrar minha esposa que deveria estar vindo ao meu encontro...
Passagem por um local que parece ser um pequeno clube, completamente sem ninguém:
E fomos seguindo a estrada e fotografando o que nos parecia interessante, como esta florzinha silvestre:
Estava indo tranquilamente pelo caminho, quando o Wikiloc apitou: caminho errado. Fui conferir e vi que deveria ter virado à esquerda. Estranhei, porque não havia visto nenhuma saída para aquele lado,nem para o outro. Voltei e comecei a olhar mais atentamente, descobrindo que parecia existir uma estradinha, ao lado de uma casa, na qual o mato havia crescido e apagado os sinais de quaisquer passagens por lá. Mas não restava dúvidas, era por lá mesmo, assim que comecei a caminhar por ali o Wikiloc sinalizou caminho certo. Era mais uma descida, cheia de pedras e obstáculos, tal qual aquela primeira das hortênsias:
Mais uns 4 km assim, até chegar novamente em uma estrada melhor. Este caminho, entre São Francisco de Paula e Gramado é cheio de bifurcações, entroncamentos, cruzamentos, estradas que acabam em outras, com duas direções a optar. Se não tiver um indicativo bem claro da direção a seguir, a possibilidade de erro é muito grande. Ainda bem que seguíamos o Wikiloc, o qual revelou-se mais uma vez uma ferramenta poderosa de orientação ao ciclo turista:
Um pequeno e curioso cemitério à beira da estrada:
Rios em meio à floresta:
Cruzamos o rio Paranhana, por uma grande ponte de concreto. Neste rio, logo abaixo, está localizado o Parque das Laranjeiras, onde se pratica em larga escala o rafting, pois as corredeiras existentes no local favorecem e trazem muita emoção à prática. Há ali também uma pousada, assim como tirolesa, rapel e outras atividades de lazer.
Logo depois de passar a ponte, avistamos uma placa onde estava escrito: "Canela 10 km". Pensei: Oba! E comecei a subir imediatamente naquela direção, mas o Wikiloc chiou de novo. Então vi que a minha direção era para o outro lado e por ali seriam mais 21 km! Mas, eu tinha que seguir na direção certa, senão desencontraria com minha esposa, que estava vindo em sentido contrário, ao meu encontro. E lá fomos nós, como diz a musiquinha infantil, "pela estrada afora"...
Bastante tempo depois, já bem cansado, comecei a visualizar sinais de proximidade da cidade. Casas, chácaras, etc. Um morador local teve o capricho de indicar o número de sua casa de forma bem original:
Seguíamos, contornando os morros:
Uma casa nova na montanha, provavelmente uma propriedade de lazer:
Finalmente, quando faltavam cerca de 6 km para chegar a Gramado e já caminhávamos pela "Linha 28", como é conhecida a estrada nesse local, em razão do ônibus que circula por ali, minha esposa apareceu: que alegria! Com água, comida e o carro, para levar a bicicleta! Exausto, ouvi-a dizer que tinha vindo de bicicleta ao meu encontro, mas que acabara errando o caminho e quando percebeu estava em Canela, vizinha de Gramado. Então, pegou o carro e veio me buscar.
Já próximo à cidade, uma cerca viva chamou-me a atenção:
E a última foto do caminho, já tendo chegado ao asfalto, da Igreja de São Valentim:
Resumo do dia: 21 km de pedal, 24 km a pé e 6 de carro de apoio. Uma verdadeira aventura!
Em Gramado, a mais européia das cidades brasileiras, dessa vez nem saímos à noite. As fotos abaixo são da passagem de junho/2016 por aqui:
Uma das ruas centrais principais |
Rua coberta |
Museu do Festival de Cinema |
Calçada da fama |
Igreja de São Pedro, construída com 72 mil pedras de basalto |
Lago Negro |
Lago Negro |
Lago Negro |
Estadia no Gramado Hostel, como em junho. Final da viagem. Agora vamos pensar na próxima...
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ResponderExcluirMeus heróis
ResponderExcluirRssssss. Obrigado, filho! Para chamar de herói, tinha que ser um filho, né?
ExcluirOla, li toda a jornada de vocês. Estou saindo de LAPA - PR e irei até Gramado.
ResponderExcluirAbraço.
Olá, Luiz Fernando! Está indo sozinho? Está fazendo muito frio? Vai gravar as impressões e fotos na Internet? Se ainda está no caminho, boa sorte! Abraço prá você também.
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