sábado, 15 de outubro de 2011

A que ponto chegamos: pagar pela nossa própria bicicleta!

Ciclistas pagam até R$ 2.000 por bicicleta "sequestrada" no interior
Casos de roubos estão ocorrendo em ao menos cinco cidades, entre elas Ribeirão e Campinas


Para evitar furtos das bikes, que valem até R$ 14 mil, esportistas chegam a pagar escolta armada em treinos


Edson Silva/Folhapress

O empresário Lucas Cardoso Carluccio, que teve sua loja de bicicletas roubada em julho; assaltos cresceram no interior

GABRIELA YAMADA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE RIBEIRÃO PRETO - Publicado em 10 de agosto de 2011

Quadrilhas especializadas em roubo de bicicletas de alto padrão estão sendo investigadas em pelo menos cinco cidades do Estado.
Em alguns casos, os bandidos cobram até R$ 2.000 para devolver as bicicletas. Em Ribeirão, por conta da onda de assaltos, ciclistas chegam a pagar por escolta em treinos.
A SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública) não possui dados específicos sobre esses casos, mas ciclistas apontam que a onda de assaltos se agravou neste ano. A polícia investiga, porém, os casos em Sertãozinho, São Carlos, Campinas e na capital - além de Ribeirão.
Na maioria das vezes, os ladrões andam em bandos, armados e levam só as bicicletas, que podem chegar a valer R$ 14 mil. Em um dos assaltos, no sábado passado, um empresário ficou ferido (já falamos sobre isso em texto anterior).
Segundo o delegado Fernando Gonçalves de Oliveira, de Ribeirão, quando os bandidos não recebem o resgate, as peças das bicicletas são comercializadas ilegalmente para outros ciclistas. A Folha apurou que uma hipótese da polícia é a existência de venda pela internet.

MUDANÇA DE HÁBITO
O representante de vendas Ricardo Ortiz, 40, foi assaltado em Sertãozinho, enquanto acompanhava uma corrida. Os bandidos levaram sua bicicleta de R$ 14 mil, mas um seguro o ressarciu do prejuízo. O susto, no entanto, fez com que ele desistisse de outras corridas.
Para Denis Rodrigues, 32, que faz parte de um grupo de ciclistas de Campinas, pelo menos três deles são vítimas da ação dos bandidos na cidade por mês. Ele mesmo conseguiu escapar de duas tentativas de roubo.
Uma comerciante de 29 anos, que não quis se identificar, porém, não teve a mesma sorte. Ela acabou descobrindo que a sua bicicleta estava no distrito de Barão Geraldo. Lá, pagou R$ 2.000 pelo resgate.
Em Ribeirão, um vendedor de 39 anos, que também não quer sua identidade revelada, contou que o resgate para sua bicicleta, avaliada em R$ 4.000, lhe custou R$ 900.
Como Ortiz, ele também mudou o hábito. "Agora levo a bicicleta no carro quando vou pedalar com o grupo."
Por isso, grupos da cidade contratam policiais militares de folga para escolta.
Em São Carlos, ciclistas reclamam de furtos de bicicletas dentro do campus da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos).
A estudante Andreia Pires de Carvalho, 23, que trabalha na Associação São-Carlense de Ciclismo, guarda sua bicicleta dentro da sala de aula.
"Depois que vi estranhos rondando as bicicletas, decidi não deixar mais no estacionamento", disse.
A UFSCar informou que possui uma comissão de segurança no campus.

Em Ribeirão, 5 pontos são os mais visados
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE RIBEIRÃO PRETO - Publicado em 10 de agosto de 2011.

Um mapeamento feito pelos ciclistas de Ribeirão, prefeitura e Polícia Militar apontou cinco pontos de maior incidência de roubos de bicicletas na cidade.
Com os dados, a PM passou a intensificar a ronda nesses locais.
O mapa foi feito a partir de informações dos ciclistas e de dados criminais internos da PM.
Os endereços mais citados pelos esportistas são o cruzamento entre as avenidas Maurilio Biagi e Leão 13; o anel viário e a avenida Bandeirantes, ambos rumo a Sertãozinho; a rodovia Bonfim Paulista; e a área rural que fica atrás da Agrishow.
"Os pontos mais vulneráveis são as vicinais, onde fica difícil manter o policiamento. Por isso, aconselhamos o uso da malha interna da cidade", disse o capitão Maurício Rafael Jerônimo de Melo, da PM.
A maioria dos assaltos ocorre nos finais de semana, entre as 10h e as 22h, segundo o mapeamento.
Investigações da polícia apontam que os assaltantes são dos bairros Pq. Ribeirão e Jd. Progresso, que fica perto do anel viário.
Segundo o delegado Fernando Gonçalves de Oliveira, da Delegacia de Investigações Gerais, há "olheiros" que vigiam a pista. Os ladrões, diz, agem armados.

Observação: Aconselham usar a malha interna da cidade. No meio do trânsito? Cadê as ciclovias? Se já não as temos por ora, devíamos ao menos pensar no futuro: em todo novo bairro que surgir, que seja obrigatória a construção de ciclovias.  

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