quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Rota do Vulcão - São Roque da Fartura a Águas da Prata - 1ª etapa - 26/05/2022

São Roque da Fartura/Ponto da Cascata/Bairro da Cascata/Águas da Prata

Resolvemos iniciar o caminho por São Roque da Fartura, por ser o ponto mais próximo da cidade onde moramos. Como é um circuito, há a possibilidade de deixar o carro estacionado até voltarmos ao ponto de partida. Dormimos na Pousada Paina, já conhecida nossa do Caminho da Fé. Dona Clair, a proprietária, que ficou viúva (lamentavelmente o sr. Felão, grande figura, que esbanjava simpatia, havia falecido algum tempo atrás), continua recebendo os peregrinos oferecendo muito conforto e uma refeição saborosíssima. Gentilmente ela cedeu seu espaço para que deixássemos lá nosso carro, enquanto percorríamos o circuito. Ali você se sente em casa, desfruta de um ambiente muito limpo e organizado e se diverte em animados bate papos durante e após o jantar, com outros hóspedes e visitantes. 

Saímos de manhã da pousada, que fica encostadinha de São Roque, em direção ao centro da cidade. Descemos pelo asfalto, passando defronte à igreja, cruzando a estrada asfaltada (BR-267 ou SP-215) e iniciando a subida do outro lado, por estradinha de terra, tudo igual o Caminho da Fé, neste trecho. 
É uma subida forte, porém curta. No alto, viramos à direita, aí já tomando a Rota do Vulcão, via que provém de Divinolândia. 
Passamos em frente à casa da Dª Cida e do Sr. José Carlos, onde funcionou por bastante tempo a "Pousada da Dona Cida", que muita gente que fez o Caminho da Fé desde o início até recentemente deve se lembrar bem. Hoje não funciona mais. Logo chegamos ao asfalto da SP-215, subimos uns 100 m aproximadamente no 
contra fluxo, porque do outro lado da pista não tem acostamento. Saímos à direita, da mesma forma que no Caminho da Fé. A partir do ponto que havíamos tomado a Rota do Vulcão, seguimos o mesmo traçado do Caminho da Fé, por 4 km. 
Então, chegamos a uma bifurcação: o Caminho da Fé segue à direita e a Rota do Vulcão, à esquerda.

É uma estrada rural através da qual vamos avançando e subindo a maior parte do tempo, entremeando com pequenos trechos planos ou de descidas. Passamos por uma grande plantação de abacates. Os pés mais novos estavam protegidos da geada por grandes papelões estrategicamente colocados.

Subimos, em seguida, ao lado de uma plantação de morangos, depois passamos por uma casa abandonada que, no entanto, embora esteja em franca degradação, ainda apresenta detalhes da elegância de outrora, como forno externo coberto, colunas no alpendre, entre outras coisas.
Este encontro toda vez me traz uma certa tristeza, pois quando vejo isso sempre imagino uma história que acaba. O que me vem à cabeça é que ali morava uma família, cujos proprietários envelheceram e faleceram e os filhos não deram continuidade à obra dos pais, preferiram seguir outros caminhos. Fantasia da minha imaginação ou realidade, quem vai saber? O fato é que casas abandonadas para mim são sempre tristes. O quê será que a levou ao abandono? 

Há muitas represas neste caminho e, logo depois da casa abandonada, 2 delas chamavam a atenção.


Na última, pudemos apreciar o voo barulhento de 5 biguás: 


Continuando a subir, chegamos ao final da estrada. Final mesmo, a estrada simplesmente acaba. A continuação dela está interditada, não sei a razão.

Sofreu ação da erosão provocada pelas águas pluviais, que provocaram grandes buracos e, para interromper o fluxo de veículos, puseram em três lugares diferentes, pedras enormes e um grande monte de terra. O trecho é muito bonito e curtimos as surpreendentes passagens, novidade para nós, que nunca tínhamos enfrentado coisas assim. Não é difícil passar e tudo acabou virando diversão.









Logo depois do monte de terra, viramos à esquerda e seguimos por uma estrada rural que termina no asfalto.

Descemos uns 4 km pela via pavimentada, que tem um bom acostamento e chegamos ao Marco Divisório, instituído para marcar o limite entre os estados de São Paulo e Minas Gerais, local onde se desenvolveu um bairro, pertencente ao município de Poços de Caldas e que mantém esse nome. Ali viramos à esquerda e seguimos por uma via paralela à rodovia, também asfaltada, que logo enveredou para o interior. Passamos por uma série de construções que lembram armazéns. Viramos à direita, encontramos um obelisco em meio ao que foi uma plantação de repolhos ou couve-flor:
Daí, entramos novamente em meio à vegetação, passamos novamente por mais duas represas e seguimos.

Chegamos a um lugarejo chamado Cascata, que atravessamos. A estação ferroviária preservada é o destaque:


Chegando ao alto do bairro, deparamo-nos com uma área onde objetos vigorosamente pintados principalmente de vermelho, não poderiam passar despercebidos. Trata-se do ateliê do escultor Luiz, mais conhecido como Liti. Ele utiliza principalmente ossos para desenvolver esculturas muito curiosas e coloridas. Serve-se apenas de três cores no seu trabalho e explica: vermelho, que representa a vida, preto, a morte e branco, a paz.






Ali é o final do asfalto e caímos novamente numa estrada de terra, que encaminha o viajante a fazendas da região. Um trecho da estrada está ladeado de eucaliptos.



Depois de um bom tempo pedalando por aquele caminho, descemos a "Serra do Deus Me Livre", descrita no site do caminho como "linda, íngreme e bem perigosa". Transposta essa passagem, chegamos ao bairro Platina, onde a sinalização recomenda virar à esquerda.
Subimos por ali, atingimos a "Trilha do Avestruz", e chegamos a uma bela lanchonete, com aspecto de nova que, entretanto, estava fechada quando passamos.

Prosseguimos até chegar a uma enorme fazenda com aspecto de abandono, uma estrutura gigante e que tinha construções que pareciam ser destinadas a embarque de café, além da sede e outros edifícios, sem viva alma. Ficamos por ali alguns instantes, fotografando e não vislumbramos nenhum movimento: 



Chegamos depois a uma outra estrada, em frente a uma igreja que também está abandonada e o caminho direciona para a esquerda. Ali se encontra também a sinalização do Caminho da Fé, apontando em direção à Ponte de Pedra, Pico do Gavião e Andradas. Percebemos então que Águas da Prata está à direita. Então, o caminho não passa em Águas da Prata. Quem quiser ir para lá, sai do caminho por 4 km e, no dia seguinte, tem que voltar os 4 km para pegar a trilha sinalizada da Rota do Vulcão. Assim, como havíamos feito reserva em Águas da Prata, seguimos pelo Caminho da Fé, em sentido contrário, na direção de Águas da Prata. 
Soubemos depois que lá no bairro Platina, onde viramos à esquerda, deveríamos ter seguido em frente, para Águas da Prata, mas por não ter sido alterada a sinalização, acabamos seguindo as placas e dando aquela volta conforme descrevi acima. 
Quilometragem do dia: 41 km. 

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